quarta-feira, 28 de julho de 2010

O texto das tais águas de sexta-feira

Sinto como se uma singela fonte de águas doce fluíssem de meu interior, irrigando contos, fábulas, crônicas; sinto como se todas as palavras que ansiara dizer noutros dias se encharcassem e molhassem a sequidão que outrora ouvia surda.
Fonte, água, rio, riacho, mar e oceano.
Fonte, água, rio, riacho, mar e desespero.
Sei que água é vida, alimento necessário ao homem, mas represo-as em meus contenderes invocando sua fúria que domino num banho de água fria.
E então, a mesma evapora e aquece uma vez os motores de meus tanques que se apressam em fazer guerra, bombardeio de informações e intenções dúbias e insinuantes.
Minhas guerras tornam minhas águas amargas, “sípidas”, com odores e colorida com o rubro, que se dilui revelando o meu calor. Água suja que não lavo em casa, pois não há erro. É calor latente ao homem, é ainda água e somos feitos dela, da irrigação de um prazer que produz erupções vulcânicas em encontro ao oceano de encanto, delicadeza e sedução.
Somos água, ainda antes de vida. Somos vida ainda dentro de águas.
E ao calar a boca que saliva em instinto, denunciam-me os chiados de muitas águas que se curvam e dançam ao encontro das pedras duras que elas destroçam com o tempo. São sutis ao “desculpirem” com sua arte majestosa os concretos que edificam meus conceitos e valores. São artesãs.
Fonte, água, rio, riacho, mar e oceano.
Fonte, água, rio, riacho, mar e encanto.
Politizadas, educadas e instigantes, sabem se querer, se desejar, se esconder. São mistérios que se revelam na medida da ousadia em desbravar suas profundezas inseguras.
São morte e despedida, ou despedidas sem partidas, são cemitérios dos que as amam.
As águas guardam segredos e relíquias, guardam tesouro e histórias, e mais uma vez vida.
E o mar de minha vida com suas ondas enfurecidas, mas que quebram com sutileza nos meus pés nas areias, me seduz; no entanto na intenção de me refrescar os calores ou afogar meus pudores?
Me seduz. Me conduz. Me abstrai.
E eu não sei algo além de saber que já sou homem e não aprendi permitir as águas naturalmente fluírem de mim ou nadar nos riachos que escondem e conduzem aos segredos de meu oceano.
Sou homem e por medo não aprendi a nadar.
Sou menino com olhos marejados á margem do rio, e meu anseio é apenas me refrescar!

3 comentários:

  1. Início de um novo tempo...
    Recomeço de uma vida...
    Findar de muitos medos!

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  2. esse texto é muito perfeito
    orgulho de ter vc como amigo!

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