sexta-feira, 29 de junho de 2012

FIM DE FESTA: Aquela do efeito dominó

MIGUEL - Oi, eu sou Miguel.
BIA - E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas insistem em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia... 
MIGUEL - Bia era Bia e quando bebe, persegue Paula, que procura Antônia, que nem sabe quem é... 
BIA - E tua mãe, aquele velha gorda, vai bem?
MIGUEL - Oooo, amigos, amigos e família à parte... 
BIA - Afff, Jomi! Vai ver se estou lá na esquina, vai.
MIGUEL - Pra quê? Pra brincar de pique-esconde igual ontem?
BIA - Cara, larga mão de ser insensível. Eu só estava preocupada com os meus amigos. Feliz a nação que me tem Bia como amiga...
MIGUEL - Gostei disto. Amizade leal! Tipo, se um cair, cai todos. Unidos pelo efeito ébrio da vida! 

(...)

Eu tenho um problema. Confesso. Não tenho problema com problema, mas o problema é que não gosto de problema. Então, problema resolvido. De boa, sem problema! Bem, a última noite poderia ter se resumido nesta falta de problema, mas a minha digníssima amiga, Bia, parece ser um chamariz de tumultos e a loucura mais uma vez aconteceu. Claro que depois do terceiro copo de cachaça... Por baixo!
O problema de festas abertas é que todo mundo se sente no direito de achar que a festa é sua. Particular e privada! Não estou dizendo que não gosto de gente, de povo, de calor humano, mas nesta vida vim pra ser vip - a very important person! Qual parte disto que a Bia não compreendeu? Ela se achava íntima de todos. Bebia de todos os copos, de todas as bebidas, numa amizade de cinco anos! Como lidar?... Mas o álcool tem esta capacidade sobrenatural de relacionar as pessoas. Todo mundo fica um pouco... Como posso dizer?... Ahmm? Dadas... E nossa noite estava dada ao fracasso! Eis o problema!
Éramos um grupo de mais ou menos oito pessoas. Tirando as centenas de tietes que paravam-nos para pedir um autógrafo ou uma foto. Inoportuno! Mas este problema não vem ao ponto. Acho que, na verdade, era eu o problema maior. Mau-humor, cansaço e fome. Homens também sofrem de TPM, mulheres. E no meu caso, ela se traduz em, "tensão pré-matar" Bia! Eu que sempre reclamo por ela sair pegando geral, daria uma vida para ela se atracar com alguma boca... Pega, mas não se apega. Mantenha o foco... Mas a louca estava apegada às pegadas de sua última pegação. Bêbada, apaixonada e sozinha, resolveu fazer a mãe cuidadora de todos. E então iniciou-se o caos! 
Bia encontrou com o seu paquera, uma criança de bem menos que duas décadas de primaveras e o que ouviu foi exatamente: Pode ficar tranquila, gatinha. Até antes da noite acabar eu te dou uns beijinhos... Ela surtou! A pior coisa que uma mulher pode fazer para um homem que se acha ou sabe que é, digamos, interessante, é mostrá-lo que você acha isto. Homens que se estruturam na auto-beleza, se escondem do medo e fragilidade que o impera. Então para afirmar sua virilidade, ele cospe no prato que comeu e ainda diz entre os amigos que a comida não era boa, estava fria, ou azeda. Minha mãe os chama  de homens gavolas... Eu sentencio: Síndrome do pau pequeno. Dez centímetros, aproximados, para um ego de imensidão... Louca e desdenhada ela começou a saga de procurar por suas amigas que estavam vivendo. Espalhando o amor, como diz um conhecido nosso. Mas a Bia sentia que tinha que protegê-las das garras destruidoras dos homens. E então começou: Bia procura Cíntia que se pegava com um homem bem mais velho, que era amigo do cara que a Pâmela pegava. Pâmela que também estava pegando o Bernardo que agora pegava a Jéssica, que eu queria pegar e que já pegou a Bia. É, a Bia tem destas coisas quando bebe. Espalhar o amor! Mas agora ela queria juntar as agulhas no celeiro. Seria comédia se não fosse trágico! Logo o desespero se espalhou entre todos, como um incêndio num campo seco. A amargura afetiva de Bia se difundiu entre os casais que ensaiavam romance e todos se espalhavam e confundiam como peças de um dominó. E mais uma vez ela dominou a festa!
Em menos de trinta minutos estava todo mundo correndo atrás de todo mundo, menos a Cíntia que estava vivendo e hidratando a pele. Até que a Bia pára e grita: Meu Deus, eu estou sentindo, a Cíntia está correndo perigo. Temos que salvá-la!... Nunca mande uma pessoa histérica se acalmar, mas entre na loucura dela, Livro das Sabedorias capítulo 7, versículo 9... Ao amanhecer encontramos a Cíntia, linda, loira e feliz!... Eis o segredo dos homens mais velhos, eles sabem te conduzir numa dança e não martelam o teu pé no afoito e atropelar os passos. Step by step. Panela velha não somente faz comida boa, como mantém a temperatura por mais tempo, sem se fundir, mas fudend... Ops, inapropriado... 
E a Bia? Chorava, chorava e gritava! O velho? Ah, coitado, depois de tudo que a Bia o disse, acho que só num asilo ele paquerará novamente... Ou não!

(...)

BIA - Na próxima vez vou prender todo mundo numa corrente em fila indiana.
MIGUEL - Você estava muito histérica. Eu ri muito! O melhor, você dizendo que a Cíntia estava correndo risco... Só por que o cara era velho. Fala sério! Que preconceito! Logo você que é uma mulher tão moderna.
BIA - Você parece não ter coração. Não entende que não é preconceito. Eu estava preocupada com a minha amiga e ela estava bêbada.
MIGUEL - Ninguém ali estava mais bêbado que você, louca! E você gritando: Preciso ajudar a minha amiga, ela precisa de mim!
BIA - Eu gritava?
MIGUEL - Gritar é pouco. Sem contar que de repente começou a chorar. Muito divertido!
BIA - Divertido!? Mas agora me diga, sou ou não sou uma grande amiga?
MIGUEL - Na saúde e na doença. 
BIA - Na riqueza e pobreza.
MIGUEL - Na velhice e juventude.
BIA - Não, na juventude e meia-idade. Até que o álcool nos separe! Beijos no ombro!

... Não precisa se preocupar em levantar todas as peças do dominó. Afinal nesta vida não viemos pra sanidades, mas pra vida e Vip... se possível, com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...

* Próximo capítulo: "Aquela do tal beijo". Não percam!!!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Aquela pessoa que te deseja, mas mente que não

São tuas palavras que silenciam o meu complô
as frases que dito em verborragias se fundem aos ouvidos
que não me dão ouvidos, mas me reproduz
e quem me dirá de você?
quem me medirá em teu corpo?
seria os sons da alvorada
ou copo que entornam a sobriedade?
você ria de mim como criança num circo
o circo estava formado e inundava-me de fogo
as circunstâncias me afastavam de meu elmo
sem proteção
eu seguia fria e nua
sem guia, sem trilha, crua
se são tuas palavras que não falam de mim
por que o teu corpo me musicaliza?
os teus poros salientam ao me sentir
a tua boa saliva ao me desejar
o teu sangue satura ao me esquentar
eu sou o teu início
sem meios de iniciar
sem meio termo
sem meio caso
sem meio meio
com recomeçar

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Depois que a rosa secou

A rosa secou
E sua cor se diluiu no ar
Em suas pétalas ainda sinto o seu perfume
Ele suaviza as minhas lembranças
Sepultam as memórias
E acalentam as dores de um jardim seco
Depois que a rosa secou
Os pássaros não vieram me visitar
Tampouco as borboletas nasceram por aqui
Não se vê vento
Não se vê ruído
Se vê a rosa seca
Depois que a rosa secou
Eu sequei em meu lugar
Depois que a rosa secou ficaram as cinzas
Mas no cinza ainda se escondia o rubro da rosa
Depois que a rosa secou
Ela só foi uma rosa seca
Só não era uma rosa rosa

sexta-feira, 22 de junho de 2012

FIM DE FESTA: Aquele do telefonema

MIGUEL – Oi, eu sou Miguel.
BIA – E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas insistem em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia... tampouco Alice.
MIGUEL – O teu discursso não muda, hein?
BIA – Me desculpe, senhor. Eu não consigo te escutar muito bem. Será que poderia falar pausadamente e mais perto do telefone?
MIGUEL – Não achei nada engraçado. Muito solidário de tua parte ficar...
BIA – Sério!?
MIGUEL – Sim. Como amiga você deveria agora estar me ajudando a pensar numa maneira de contornar a situação... Como que vou encará-la agora depois de tudo que falei?
BIA – É meu querido, a boca fala do que está cheio ao coração. E depois do quarto shot de cachaça... Precisa aprender: se beber, não use o celular.

(...)

Bem, desta vez eu tinha que concordar com a Bia. E desta vez ela estava duplamente certa. Primeiro, realmente falamos o que temos no coração ou mente. Segundo, álcool entra e a verdade sai, e isto nem era novo. Ela só faltou ter me lembrado de uma única coisa: Se beber, não use o celular. Antes. Mas isto era esperar muito da Bia. Na festa de ontem, o beyblede foi por minha conta.
É de lei, tequila com Miguel não combina. Tequila, Miguel e cachaça é suicídio certo. Antes eu tivera me suicidado, pelo menos não teria que lidar com este peso da ressaca moral. Se arrependimento matasse... eu estaria enterrado e chacoalhando no túmulo agora de tanto que o meu nome estaria sendo injuriado pela Carla.
Quem é a Carla? Carla é a minha ex-namorada. A penúltima entre os muitos problemas que eu arrumo com as mulheres de minha vida. Assim como álcool e direção não combinam, Miguel e as mulheres são combinações mortíferas. Uma bomba ambulante. Definitivamente nesta vida só fui feito para Bia... Ela que não saiba disto, ou o ego implodirá todo o quarteirão... Mesmo querendo matá-la em cada mísero segundos que tenho ao seu lado, eu amo esta mulher... Já dizia o meu pai, quem desdenha quer comprar.
A festa de ontem tinha tudo para ter sido a balada mais pica das galáxias do universo. Até que resolvi que tomaria um porrete faraônico, apocalíptico... Porretes faraônicos são os do tipo, todas as mentiras e imaginações tomam forma e conteúdo em tua mente. E então vivemos como se não houvesse amanhã, Imagine aquele lugar onde os sonhos são reais e a realidade não existe: Porrete Apocalíptico.
Eu não tenho a mínima noção de quantas bocas beijei. Lembro-me vagamente de ter feito juras de amor à uma amiga da Bia que havia acabado de conhecer, mas não me lembro o seu nome. Era um amor de cinco anos. E o intervalo que perdurou entre esta paixão efêmera e as lembranças de meu estômago sendo sufocado em estrangulamentos de refluxo... Tradução simultânea: no momento em que começou a vomitar.
Só me lembro de quantas vezes deixei na caixa postal recados que denunciariam hoje o real desejo de meu coração em relação à Carla. Vomitei em palavras todas as emoções de sentimentalidades que tinha escondido, até mesmo de mim, nestes últimos sete meses de separação. Não valendo apenas das mensagens na caixa postal, ainda restavam os registros das sms’s que gritavam as minhas saudades e paixão. Eu precisava me desprender de mim para saber que ainda estava preso à ela?... Não me ame, pois ainda não aprendi a me machucar... No certo ou no errado, me amarrei nos laços das condenações que o meu juízo agora me imperava.
Nem pensem em esboçar no lado direito superior dos lábios este riso mesquinho e sarcástico de julgamento. Atire a primeira pedra quem nunca cometeu o pecado de ministrar o celular ao álcool. Estamos todos no mesmo barco e este afunda no oceano de constrangimentos que esta própria paixão me produz. Eu amei a Carla como a única mulher de minha vida. Este é o meu erro, eu sempre amo como se fosse o maior amor... Não pode haver amor sem ter compromisso... Eu não aprendi. Sempre soube que esquecê-la seria uma tarefa difícil e cruel para mim, mas depois de tudo o que aconteceu isto se tornou sacerdócio real para o meu coração e ele vacilou comigo. Nunca ouçam o teus corações.

(...)

BIA – Talvez tudo o que você tem que fazer é se libertar da obrigação de fazer algo, Jomi. Deixe o teu coração livre pra escolher o que pode viver hoje. Não é nenhum super homem.
MIGUEL – E ele já é maduro o suficiente pra saber escolher?
BIA – Isto você só saberá se permiti-lo errar... Se cobre menos. A situação já foi por demais dura pra você.
MIGUEL – Se cobre menos. Agora a gente fica nessa de errar, de se permitir errar.
BIA – Pelo menos Mertiolate não arde mais...
MIGUEL – O pior de tudo é ela que nem respondeu às minhas mensagens. E foram tantas...
BIA – Bêbado. Ela sabe que era só por isto. Sabe que nada mudou.. Você a ama demais para perdoar o que fez. E ela sabe disto.
MIGUEL – Eu não a perdoo pelo o que ela fez e nem me perdôo pelo o que deixei de fazer. E assim vamos errando... Sem saber se machucar.

... Não precisa se cobrar ser Super-Homem com a gente. Pode errar e aprender. E ainda voltar a errar. Afinal nesta vida não viemos pra sanidades, mas pra vida e se possível com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...

* Próximo capítulo: "Aquela do efeito dominó". Não percam!!!


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Este texto é de Valdemy

O que quero é minha campainha soando o incômodo de uma visita
Quero fazer sala e ser doce lar
O que quero é abrir a dispensa e colher bobagenzinhas
Desvirginar um bom vinho
Deslisar sobre a boca o meu pensamento
Eu quero uma voz que interrompa a minha fala
Quero congestionamentos de intenções
Complexas simplicidades
Quero barulho, tumulto no silêncio
Na boca quero olhos
Mas mãos quero dedos trançados
Na pele quero frio, vulcão, arrepio
Nos pés calçar-me de nuvens
Eu quero pouca coisa
Quero o que não tenho, nem sou
Eu quero coisa, quero som
Quero ruído e conversa nunca paga
Quero um corpo
Quero pessoa
Companhia
Ou quem sabe não querer

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Você escolheu o homem errado

O teu critério foi os nódulos que o desenhavam a barriga
Se entorpeceu na voz rouca e doce que ele tecia em tua pele
Ele te seduziu com as mais estúpidas conjunções de palavras
Só palavras ele produzia e elas se perdiam em tua cabeça pelo ar
Comprou uma barriga de tanque firme
Levou pra cama um fogão de seis bocas
E amanheceu com uma geladeira duplex que se despediu
Se arrastar os pés pelo chão. Partiu
E partiu em partes desiguais o teu coração
O teu amor se perdeu de ti
E não se lembrou do número de tua casa
Nem referência de um vizinho
Nem do som de teu telefone
Ele calou o teu fone que gritava o seu nome
Passarinho que desprezou o ninho
E cantou pra chuva não irrigar o teu telhado
Telhado de vidro
Olho de vidro
Amor de vidro que caiu
Vidro que caiu no amor
E rasgou a perfeição de tua visão
Desilusão
E teu pai avisou

domingo, 17 de junho de 2012

In in e vel

Inevitável
Inenarrável
Inimaginável
Inaceitável
Indescritível
Indiscriminável
Inacessível
Impossível
Intocável
Intangível
Indescritível
Meu in em torno teu véu

sábado, 16 de junho de 2012

Liberdade de mim

Pensamentos fogem
E os capturo pelo ar
Vida em deboche
Expondo os meus tinos
Sem pensar

Vivo tua ausência
Lembro o teu riso sem paixão
Saudade é dependência
E eu quero ser livre
De meu coração

sexta-feira, 15 de junho de 2012

FIM DE FESTA: Aquela das flores

MIGUEL - Oi, eu sou Miguel.
BIA - E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas sempre teimam em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia...
MIGUEL - Bia, você já disse isto na última vez.
BIA - Pois é válido repetir para que não haja desculpas de má compreensão. Sabe como é este povo... A gente tem que falar, falar e em alguns casos ainda desenhar. E você não fala muito não. Por que depois do vexame...
MIGUEL - Já estava demorando. 
BIA - Que vergonha! Come sardinha e arrota caviar. Se bem que no teu caso...
MIGUEL - Atire a primeira pedra quem nunca... nunca... nunca... É... Você está pronta, Beatriz?
BIA - Beatriz é nome da tua...
MIGUEL - Pare de tagarelar e vamos embora que a festa já começou.

(...)

Existem certos rituais que merecidamente devem ser respeitados quando num plano de sair para uma festa. Beber bastante água durante o dia e logo no início da noite tomar um comprimido de Omeprazol, seguido de um outro quando retornar pela manhã, garantem um bom estado para o seu organismo físico. O fígado e estômago agradecem! Mas também não comer muitas leguminosas, feijão, ervilhas, lentilhas, te deixarão em ótimo estado. Digamos que deixarão o ambiente ao teu redor em ótimo estado! O olfato de teus colegas agradecem! ... Se bem que o melhor de estar numa balada é poder soltar altos e performáticos "pum" musicalizados pelas ensurdecedoras músicas... Você alguma vez na vida já peidou ( me perdoe o verbo) cheirando flores? Não? Esqueçam os desodorizadores de ar e comam salada de flores de orquídeas. O efeito resultando é satisfatório. Ou garantimos a devolução de teu dinheiro!
Todo mundo espera uma coisa de um sábado à noite, mas tudo o que eu menos esperava era ser assediado por uma combustão feroz de gases intra- intestinais... Quem está com a mão amarela aí?... Eu não entendo como tenho sobre mim esta unção macabra do "dedo podre". Caramba, eu tenho o dom de me envolver nas situações mais embaraçosas!
Estava em casa sem ter o que fazer e de repente ela me liga. Ela. Patrícia Bernardes! Linda, loira, olhos caramelos e oblíquos, voz tão calma quanto o contraste de minhas intenções, a mulher que tenho diretamente flertado nesses últimos meses e sem sucesso algum. Também, quem que me mandou paquerar amiga de Bia? Com certeza aquele alambique ambulante deve ter metido o dedo no investimento e azedado a sopa. E o pior, querendo ajudar. Sei que no fundo não é só álcool!
A Patrícia tinha uma festa. Um jantar fino com o pessoal de seu estágio e  fui com ela. Numa noite regrada à bons vinhos e conversa sobre bolsa de valores, investimentos em capital internacional e fim-de-semana em Jurerê Internacional, me rendi à salada afrodisíaca de flores de orquídeas. Um sabor peculiar e delicado, mas com o propósito de celebrar a minha morte!...Por que as mulheres gostam tanto de flores se elas tem cheiro de morte?... João Miguel da Silva Trancoso, mulher bonita, vinho e flores, não combinam. Resultado uma combustão de indelicados liberar de gases aromatizados à flores. Juro que queria estar numa balada, mas não, a única música ambiente que tinha era o Jazz que meu intestino produzia. Deu ruim! E a Patrícia ainda me abraçando forte na despedida! Eu parecia aqueles brinquedinhos de criança que cantam quando apertamos a barriga.
Não bastando todo o desconforto, quem aparece de brinde de sobremesa quando eu já me despedia para sumir dali? Quem se chama pelo nome inconveniência? Ela mesma, a miss Etílico. Bia. 

BIA - Oi, gente. Não sabia que estavam aqui. O Jomi, não me disse que vocês estavam saindo. Podemos nos sentar na companhia de vocês? Obrigada!

Eu logo tratei de informá-la que era um jantar reservado para a equipe da Patrícia e que eu estava indo já, mas a Bia não se importava em ser indelicada e os seus casos também não eram diferentes. Começaram-se o consumo de caipirinhas e sex on the beach's, mas eu tratei logo de oferecê-los a bela salada de flores. O que ouvi?

O CASO DESTA NOITE DE BIA - Não, obrigado. Nunca coma flores. São lindas, coloridas e suaves, mas o efeito no intestino é devastador. São piores que bomba atômicas.

É, maldosamente ofereci. E inconvenientemente a Bia queria maiores esclarecimentos e ele prosseguiu. Gases! Eu juro que tinha gás o suficiente para mandar todos para a puta que os pariu. Na perfeita conjugação do verbo! E o meu pai ainda dizia que as flores são românticas. Tempos modernos! Eu via toda a minha reputação sendo sepultada em cada palavra que aqueles dois delinquentes pronunciavam. Fim de festa pra mim. Eu tinha que ir embora, mas como? Pior seria deixar a Bia por perto. E ainda mais com este novo rolo que não tirava os olhos dos seios da Patrícia... Aprenda uma coisa, caro amigo, amigas que têm o dom de resolver os seus problemas por você, sim, aquelas que sempre querem falar por vocês, sempre tem um jeitinho de te conseguir as coisas, estas são as menos confiáveis para interceder por ti. Abram os olhos. Pense naquela paquera que você tinha e que de repente a tua melhor amiga pegou. Aposto que ela te disse: Só estava me aproximando e tornando íntima por tua causa. Agora não queira detalhes de até onde foi a intimidade... Claro que a Bia e o seu rolo estúpido, não iriam propor um ménage à trois. Ou sim?... Mas algo é certo, quer conquistar uma mulher, chegue você mesmo nela. E afaste os infortúnios. Isto pode fazer toda a diferença... A coisa de fato não estava cheirando acabar bem. E  como dizia o meu pai: Merda o quanto mais mexe fede. Antes que a privada entupa, melhor cair fora. Com o alambique ambulante!

(...)

BIA - Você é muito parado. Ficou a noite toda com ela e não falou, não fez nada. E ela dando a maior condição. Um merda, Jomi! Você é uma merda com cheiro de flores!
MIGUEL - BIa, só pra você se sentir um pouquinho mais e explodir: pela primeira vez na vida você está certa.
BIA - Primeira vez que você consegue ter a capacidade de enxergar os meus ensinamentos, né? Eu não te coloco em furada. Sou uma mulher vivida, experiente. Eu sei das coisas.
MIGUEL - Mulher que sabe de algo é minha mãe, melhor, minha avó. Fugia de casa com desculpas de ir fazer tarefas do lar, aprender corte e costura, dava pros caras, deixava-os loucos e sem imaginar ter sido deflorada casava-se como uma Maria virgem. E sem engravidar. Você é fichinha? 
BIA - Primeiro, mulher não dá nada a homem algum. Emprestam, por que levam de volta pra casa. Segundo, se tua mãe é tão boa, então convide a Pati pra tomar um chá na casa dela. Duvido que ela vá. Demônio de sogra...
MIGUEL - Olha, Bia... Você...
BIA - Miguel, já se limpou hoje?
MIGUEL - É impossível falar sério com você.


.. Não precisa falar sério com a gente. Pode brincar sério, afinal nesta vida não viemos pra sanidades e se possível com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...


* Próximo capítulo: "Aquela do telefonema". Não percam!!!

Talvez pedra, talvez Pedro

Ele é uma das pessoas mais fashion que eu conheço em vida. Inteligente. Atraente. Amigo. E magro! Um pouquinho mais de duas décadas, mas o suficiente para esculpir em seu intelecto, delicadeza, sensibilidade e astúcia... Sem sombras ou sobras de dúvidas é uma peça chave para a interpretação deste meu-nosso mundo INsano. Ele é parte de minha história. De uma peculiar parte que se finda nos próximos meses...Mas fica a amizade? Certo que sim! Provável que sempre! Pedro Ramôa, feliz teu dia!!!

Talvez pelo filme da primeira vez que o vi
Talvez por todas as falas que foram atropeladas
Talvez até pelo roteiro que insinuou
Ou pelo enredo alterado
Pode ser também por toda presença ausente
Pelos risos, raivas, ruídos
Conexões de textos e poesias
Pode ser mesmo por ser simples
Ser nada e construir tudo
Pode ser por ser café, chá ou shot's de vodca
Pode também por ser orgânico
Ser vida
Em vida
Em memórias
Poder ser por um pouco disto
E menos daquilo
Talvez pela beleza, idade, loucuras
Talvez por ser uma pedra no eu sapato
Talvez por ser um Pedro no meu caminho
Talvez por ser talvez
Etc e tal 
De vez em sempre

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Monossílabo atônico

Eu respiro manso, respiro travado, tímido. Eu respiro como se nunca houvesse entrado oxigênios em meu pulmão. 
Eu recebia a tua notícia como quem recebia a morte de um ente querido. E, de fato, o era. Você me comunicava a perda de todas as minhas expectativas. Não em ti, mas em minhas próprias afetividades. E eu celebrei com flores! E flores celebram a morte!
A Leila constrói paródias de um funk qualquer, falando da fome que a apetece o estômago e que em breve será saciado por um empadão congelado que agora ela esquenta e cheira bem. A única coisa que cheira mau nesta sala é o meu humor que tento disfarçar entre tentativas de risos finos e respostas à mil perguntas que faz. Estou monossílabo. Estou para "não's" e "tudo bem".
Eu respiro atravessado pelo choro que queria expor em meu silêncio posturado à delicadezas e polidez. Queria tecer em minhas cordas vocais todas as espécies de dizeres torpes pra você e assim sufocar as palavras doces que outrora disse, mas não eu me dispunha à ser ponderado e...
Eu me sufoco em minha respiração. Me engasgo com o ar que invade o peito. Me entristeço com a notícia que você me deu.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mãos

Entre em silêncio
E me atrapalhe os estudos
Não me importo
Divida o teu corpo comigo
Nu
E me cubra com o negro
Das pintas que distraem tua pele branca
Onde assino minha mordedura
Cubra-me como uma montanha
Em silêncio
Em calma
Em sucos ácidos
Sucos doce
Em glicose
Em extra dose
Em overdose de te teus decálogos em mim

terça-feira, 12 de junho de 2012

Marilac: 1 ano de INsanidades

Exatamente se passaram 365 dias que abandonado, esquecido e solitário fui tomado pela loucura de parafrasear um fenômeno do Youtube e nasceu... ela, a musa, a diva, a eterna Marilac!
O boatos que ouvíamos era que elazinha estava numa pior, mas se isto for estar numa pior... o que é estar bem, né?

ator Valdemy Braga em performance no YouTube

Brincando de criticar inocentemente o que acontecia em nosso INsano mundo, esta personagem durante 11 meses fez a alegria de muitos, caiu na graça de outros tão loucos quanto eu e me permitiu descobrir outros espaços de exploração artística como ator, produtor, diretor, câmera... Enfim, nesta noite eu resolvi fazer algo de diferente. Resolvi agradecer a cada um de vocês que curtiu, comentou e compartilhou mais esta INsana brincadeira minha... 

E neste dia dos namorados, se joguem!!!

Por que coladinho é melhor

Nãovoufalardeamoresnãovoufalardepaixão
Nãovoufalardeternurasnãovoufalaremtesão
Nãovoucolorirosespaçosnãovoufalardevocê
Nãovoumevestirdeespasmosnãovouficaràmercê
Nãovoumentirosmeusporosnãovougritarporninguém
Nãovouabrirosdestroçosnãovouchorarporvintém
Nãovoufacilitaropoemanãovoualfabetizarocalor
Nãovouvestiracuecanãovouportaropudor
Nãovounegaromeufogonãovoubanharoprazer
Nãovouvoaromeuvoovoumefincaremvocê

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Casa-se comigo e escrevo um livro pra nós dois

Abro os olhos e lembro a tua alma olhando os meus
Abro a boca e sinto o teu gosto em minhas palavras
Abro o peito e sinto tuas marcas me assinando
Abro o riso e vejo tua carícia me envolver
Abro a vida pra tua presença tímida

Fecho os olhos para minha mente que me olha
Fecho a boca para os discursos que pressinto
Fecho o peito para as cicatrizes que embrailam
Fecho o riso para tuas cócegas que nem vejo
Fecho a vida para tua ausência íntima

Casa-se comigo e escrevo um livro pra nós dois
E colocarei várias falas que transcrevem minha dicção.

domingo, 10 de junho de 2012

Minha dieta dos 56 kg

Gelo, chocolate, vinho, açúcar, canela, ovos, leite, queijo, azeitona, água, arroz, canjica, feijão, macarrão, presunto, goiabada, enroladinho, coxinha, frango, bombom, brócolis, rúcula, tomates secos, pimentão, alho cebola, vodca, tequila, limão, caipirinha, suco, maça, pera, laranja, graviola, cajá, caju, ameixa, manteiga, requeijão, salame, ricota, brie, sorvete, melado, geléia, morango, uva, banana, melancia, tapioca, couve, cenoura, alface, agrião, bananada, pavê, quibe, empadão, feijoada, ervilha, lentilha, grão-de-bico, canjicão, leite condensado, creme de leite, sal, pamonha, capuccino, panqueca, caldo verde, sopa, cebola, alho, alecrim, alfavaca, hortelã, gengibre, amora, amor, você.

sábado, 9 de junho de 2012

Ready to say o que sei

Sábado à noite
Luzes do apartamento apagadas
Em contraste com os meus neurônios
Que se iluminam à luz do abajur
Maria Bethânia canta somente pra mim
O celular destonaliza sua voz com as mensagens que chegam
E elas não te trazem
Te tragam no meu cigarro
Que se esvazia de teu nome que quase disse sem querer
Sem querer dizer
Eu queria dizer o querer
Mas a última estrofe se desfez em tom menor
E eu estava ready to say
Dizer tudo que sei e se afogou no copo cheio de mim etílico sentimental
Minha vontade é uma gotícula de chuva que se atrasa no ar
E eu estava ready do say
Dizer tudo que ansiei e inundou nas salivas vazias de ti etílico anti-sentimental

Paixão é isto

Deu erro
Deu ruim
Deu brabo
E nada me deu
Nadei rios
Nadei mares
Nadei ventos
E em terra nadou
Enterrou graça
Enterrou paz
Enterrou morte
E em meu peito enterrou
O erro
O ruim
O brabo
Em nada
De rios
De mares
De ventos
E me deu
Em graça
Em paz
Em morte

sexta-feira, 8 de junho de 2012

FIM DE FESTA: Aquela das verdades


MIGUEL – Oi, eu sou Miguel.
BIA – E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas teimam em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia...
MIGUEL – (Interrompendo-a) Bia, calma. Assim você acaba assustando as pessoas. Elas mal acabaram de nos conhecer e você já está enchendo-as com este papo de Bia... Oh, véi, pega leve, né?
BIA – João Miguel, eu gosto das coisas bem esclarecidas. Se for pra sermos amigos é bom que eles me conheçam como sou. Olhem, eu sou assim, deste tipo. Direta. Não fiquem me chamando de Beatriz. Por que o meu nome é Bia. Entendem? Ou querem que eu escreva? Bia!
MIGUEL – Gente, é mais ou menos assim sempre. Ela nunca para de falar, como vocês podem ver. Mas não foi pra ver a Bia fazendo o fantoche que vocês estão aqui, né? E então, partiu? Festa? Balada?

(...)

Dentre muitas coisas, o bom de se viver no Rio de Janeiro é a facilidade que se tem em fazer amizades. Caramba, o meu Face bomba depois de cada festa que vou. E se a Bia continuar bebendo assim como está hoje...
A Bia realmente é uma mulher incrível. Mas louca. Louca mesmo... Tipo ensandecida.... Somente ela é capaz de vir pra uma festa de aniversário de uma amiga e roubar a festa pra si... Estrela... Não tem uma hora que chegamos e ela já está bêbada e já tem a maioria dos caras mais interessantes do reduto se insinuando ao seu redor. A Lívia, a aniversáriante, não está gostando nada disto. Pelo visto hoje será beyblade!... Beyblade é um termo que usamos em nosso grupo de amigos para definir problemas originados pelo uso excessivo do álcool. Há aqueles que dizem que, álcool entra e verdade sai. Mas o que é a verdade? No caso da Bia é desastre e fim-de-noite aos prantos. Tipo, álcool entra e insanidade sai... 
Tenho uma inveja santa da Bia, confesso que gostaria de ter um pouco desta loucura que impera em seu mundo. A Bia se sente livre e voa... Só não se esqueça que maior a altura maior o tombo... E ela não tem medo de cair. Tem um amigo nosso que diz que  tudo isto é por conta do Mertiolate que hoje já não arde. Ninguém tem medo do tombo e vive segundo seus egoísmos e inconsequências. Sei lá, se sentir livre em você deve ser bom!
Acho que estou sóbrio demais, preciso de um pouco de álcool em minha mente e mentir um pouquinho pra mim. Ih, caralho, fudeu! A Bia está pegando o ficante da aniversariante. A casa caiu!
... A pior coisa que você pode fazer numa balada quando ver tua amiga mais querida aprontar é tentar justificar para as pessoas que é tudo efeito do álcool. Isto nunca funciona... Se a Bia soubesse os predicativos que foram usados para defini-la! Eu sempre digo para as minhas amigas que homem quando é bom não pode ser compartilhado nas conversas, mas elas teimam em contar vantagens e divulgar tamanhos, expessuras e pegadas. A propaganda é a alma do negócio e o álcool é a alma da concretização da compra. Divulgou bem e o produto é bom, resultado, consumo em larga escala... Mas as mulheres nunca aprendem... As pessoas precisam entender que vivemos numa sociedade regida pelo capitalismo e a Lei da Oferta e da Procura, e aqui no Rio homem é produto de luxo, está em escassez no mercado. Aí a moeda fica forte! Sobe!
Eu tenho amigas... Bia... que vivem pra consumir. São consumistas desacerbadas. Uma filosofia de "usou, joga fora". Mulheres do terceiro milênio? Vivem pra consumir o corpo e usam o coração como moeda de trocas. E então depois de muitos beijos irrigados à vodca e tequila, o corpo anestece e o coração começa a pulsar mais forte e ser escutado. Neste momento, nada substitui o calor de meu corpo. O meu ombro é pra amigas. Este não tem preço. É de graça. 

MIGUEL – Acho que já deu por hoje, né, Bia?

Ela não concorda e então articula em atropelamentos de lingua e dentes a frase que todo o bêbado conta.

BIA – Eu estou ótima! Linda! Por que vamos embora agora no melhor da festa? Ah, você está muito careta, Jomi. Que tal um shot de tequila pra esquentar este teu coraçãozinho frio, hein?

Antes que ela começa a procurar pretendentes para mim, sou obrigado a arrancá-la do domínio dela mesma... Ah, outro dia a gente conversa um pouco mais sobre mim e então conto pra você sobre os meus relacionamentos. É que eu nunca transo, quero dizer falo sobre mim tão intimamente num primeiro encontro. Proteção, entende? Mas a gente vai se conhecendo e ver o que dá...

MIGUEL – Ou você vomita de uma vez ou eu vou enfiar o punho na tua garganta. Dá pra ser?
BIA – Olha, Jomi, você está muito nervoso, muito tenso. Precisa se acalmar. Olha que dia lindo! Que noite linda, na verdade. Está vendo? Eu nem estou tão bêbada, eu sei o que é dia e noite. Você deveria voltar pra festa e beijar um pouquinho na boca, no pescoço, no peito, no umbigo...
MIGUEL – Já deu, Beatriz!
BIA – Beatriz é o caralho, porra. Vai tomar no cu, cacete. Meu nome é Bia. Bia de Bia mesmo. Olha só, João Miguel da Silva Trancoso, você vai ver se eu estou na esquina rodando bolsinha. Se eu estiver lá você chama a Beatriz, a senhora tua mãe, aquela velha gorda pra...

Eu realmente amo quando ela vomita em mim. Nada se compara a este cheiro azedo e adstringente que o vômito dela produz e a vaca ainda comeu a minha salada de feijão que era pro almoço de amanha. Eu não disse? O álcool entra a verdade sai.

(...)

BIA – Meu deus, que vergonha! Então eu fiquei com o Ricardo, o namorandinho da Lívia? Como você permitiu?
MIGUEL – E agora eu virei teu babá?
BIA – É o meu amigo, não?
MIGUEL – Depois de tudo o que você falou comigo ontem eu deveria deixar de ser.
BIA – O que eu te disse? Eu contei aquela tua parada pra alguém?
MIGUEL – Por pouco, não.
BIA – Menos mal. Mas eu acho que já esta na hora de você...
MIGUEL – Ouuu, deixe que de minha vida cuido eu.


... E deixe que da de vocês cuidamos todos nós, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...


* Próximo capítulo: "Aquela das flores". Não percam!!!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Sinto muito

As insanidades se normalizam em minha mente que como uma viciada em narcóticos se ritualiza ao tradicional costume de projetar o teu esboço no cheiro dos livros que leio, nos textos que escrevo e nos que decoro também, nos temperos dos alimentos que tento cozinhar pra mim. Açucarado, salgado, amargo, azedo, eu como, como, engulo e não sacio o meu vazio interior, apenas engordo minhas silhuetas não tão magras quanto o meu antigo corpo jovem. A minha barriga despenca em minha cintura como um pêndulo sinalizando meia hora. Sinto-me estranho em mim. Desconfortável. Inadequado. Não sinto. E sinto muito não sentir.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mau humor e seu odor

Preciso melhorar meu mau humor
E preencher o meu estômago de borboletas
Deixar as flores disfarçarem o odor
Quem sabe percorrer a Lagoa de bicicleta

Não quero ficar pensando em amor
E nas demais outras coisas que não tive
Que basta cada dia o sua mal dor
Vive, vive, vive, vive, vive, vive e vive


Preciso melhorar meu mau humor
E esvaziar as minhas palavras de letras
Deixar as flores disfarçarem o odor
Quem sabe enfeitar o céu com estrelas



terça-feira, 5 de junho de 2012

Em soníferas teclas

INsanos e INsanas, esta é mais uma daquelas noites que me perco em meus pensamentos e sonhos, mesmo acordado pela insônia e ao conversar, via chat, com um querido amigo sobre sono, ervas e produção textual e irrigado à poucos e iniciais tons de vinho no paladar, mas uma INsanidade se produz... Boa noite, meus lindos e se joguem!!!


Tome e minha erva
E deixe o chá acalmar a tua respiração
As tuas palavras de secreto precisam sair doces e delicadas
Tão suave quanto o fino vinho que tomamos antes de dormir
Devore a minha calma e sacia a tua fome de fugir
E fique aqui
Sem tempo pra voltar
Ou voltas pro tempo não perder
Se permita perder no emarado de suas castrações
E tecle no meu corpo as memórias que te fogem as orientações que te denuncio de mim
E assinam as semelhanças que temos um no todos
Seja todo nestas horas que a insônia me rouba
Enquanto não faz o fermentado as minhas pupilas adormecerem
Seja ópio e narcótico alucinador
Seja o sonho que definharei logo que o meu eu me tomar
E tua presença se descrever nos meus risos sozinhos e insanos
Seja sem ser real, verbal, virtual ou lógico
Esteja analógico, manual, livre
No sono, no sonho e não me deixe dormir
Me perturbe
Me tube o raciocínio canalizado à ti
E eu desemboco em rios de conexões sensoriais
E então analfabeto e sem saber texto produzir
Me relate nas palavras mais corriqueiras de teu dia-dia
Elas revelaram as tuas sensibilidades
E então como cantiga de adormecer me repousarei sem você

domingo, 3 de junho de 2012

Nicole Alvarez

Alguns momentos se tornam únicos em nossas vidas na medida que nos abrimos para contemplar as simplicidades dos instantes dos mesmos. Como sempre costumo dizer: a vida é uma caixinha de surpresa... E mais uma vez foi à mim que ela presenteou com a graça de ter os meus dias ministrados de tamanha graça, beleza, delicadeza, e tantos outros predicativos que transmitem suavemente doce belezas em complexo de contrariedade dos que pressupõe que a vida é simplesmente festa e efêmeras distrações. Ela, Nicole Alvarez sempre me fala do dom de ser maior do que as expectativas podem suspirar e ainda ser humana e menina... Ser certezas e descobertas... Ser donzela em contos de fadas de vida real... Feliz Aniversário!!!

Conto-te um conto 
e encanto-me com a imagem que ele sinua em tuas delicadezas
Disfarço-,me em minha timidez 
E me distraio nas conotações que teu brilho me provoca
Povoo as emoções inóspitas 
Descubro rimas outrora não ressonadas
Desenho uma mulher
E encontro nas honestidades, menina que quis ser atriz
E foi sonho, 
E foi partituras,
E foi outra vez contos
Escancaro as portas de meu palácio,
Pois eram pra te receber que se projetaram suas flores
E quando você chegou
Elas se gargalharam pra vida
Colorindo o palco que só falava de guerra e paz
O palco voltou a falar de vida
E revelou a sua beleza
Nas encenações de clássicos e performances naturais
O palco parou pra sustentar o teu brilho
E convidou o sol para das serras frias iluminar o teu ato
Até mesmo a lua veio para te enamorar
E refletiu em teus olhos a imensidão de sua paixão,
O mar que ela toca com a sua sombra
E que hidrata o olhar de toda paixão
Ecoando nas pedras o teu nome
Nicole, Nicole, Nicole
A natureza sorri para sua arte
E tua arte se inspira em cantarolar
Eu te conto um conto
E os pontos finais se repetem três vezes mais

Dance a vida

Conta-me mentiras
quero ouvir de teu amor
Valha-me intrigas
deixa o sol o teu calor

Cate as pedras do caminho
Construa o castelo sozinho
Conte o conto de fadas lindo
Chame-me amor que já estou indo

Pega-me inteira
Esquece o tempo a sua dor
Leva-me à beira
da alegria sem a dor


Cate as pedras do caminho
Construa o castelo sozinho
Conte o conto de fadas lindo
Chame-me amor que já estou indo


Indo bailar,dançar a vida
Vindo viver e cantar partidas

sábado, 2 de junho de 2012

Eu não sou feliz

na maioria do tempo
três horas da madrugada
esta pessoa e quinze minutos
que se apresenta pra você sorrindo e falando
belezas três segundos sobre amor
se perde no interior de seu mundo
uma vida interia
vazio, frio e solitátio
pausa para esperar a lágrima rolar
drama
eu tenho amor
sou amado
mas duas horas, quinze minutos e seis segundos
nao tenho um amor
os meu amores se perdem na ilusão de tudo
o que crei
e não foi criado
eu choro
noite toda
e amanheço com os olhos inchados
quantos dias demora um pepino pra nascer
e normalizar a minha face
eu encontro meu alívio em minha taça de vinho
mas ele se vai
e me deixa a cabeça cheia da companhia da dor
doze horas depois de três analgésico
o meu sonho
toda adolescência
era de ter um alguém
mas até a mim me perdi
zera o cronômetro
sou uma pessoa cheia de tiques
tic tac tic tac
sou uma pessoa cheia de muitas coisas
e vazia
silêncio
dezenove minutos
e todos os amigos correm
nas fugas dos olhares
milésimos de segundo
enfim só
ontem
enfim eu
o dia de hoje
enfim ninguém
o amanhã e o amanhã depois

O teu jeito de ser irônica me machuca

Eu caminhava pela praia avulso de todos os amigos que riam, gargalhavam e num esforço inútil treinava depositar nas marcas que meus tênis dourado, tão brilhante como o sol que já ameaçara rasgar a noite com os seus primeiros raios, produzia nas areias o peso de descontentamentos que se aconchegava em meu peito. Me despi, corri e me lancei no mar de águas frias e me embriaguei de teu sal, na tentativa de temperar e conservar os sentimentos que supria por você. Reconheci teu gosto no frio das águas e a abracei.
Tão coerente ao teu carinho por mim o mar me cuspia de volta a areia em suas ondas furiosas. Rejeição. Ilusão. Fogo e um cigarro acesso. Traguei a minha dor para dentro de minhas cordas vocais sem vibrá-las e calei de todos a trilha sonora que musicalizava meu fim de festa. Dor incolor. Dor inodora. Dor insípida com gosto de vazio, o vazio que a fumaça do cigarro não preencheu. Meus pensamentos preenchidos de tua presença se contrastava com os meu pulmões que se enchiam de nicotinas e visões dele que compartilhava o respirar de teu ar inundado do gosto da cevada em tua saliva.
Irônico o jeito o qual ministramos cumplicidade um ao outro. O teu jeito delicado e dedicado de ser irônica me machuca. Os risos que nossas vidas produzem de nós me produz células cancerígenas em meu miocárdio e elas se revelam nas lágrimas que não choro. Sangro. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Elixir Paragórico

Beija-me com sabor de elixir paregórico
Derrama em mim tua tintura de ópio
E deixa o sabor de anis finalizar os teus estalos
Permita o meu gozo se banhar no caramelo transparente de tua saliva
Alivia em latim as minhas dores abdominais
E me mobiliza dos espasmos precoces
Deixa o tempo me levar e roubar a paz
Sacia a minha dor com teu analgésico
Dilua os meus desejos em tua posologia alcoólica
Não tema as reações adversas
Advenha-se dos inteligíveis tóxicos
Cura-me em mim em meio a ti
Adoce minhas diarréias
Xerostomia meu paladar
E encharque-me em tonturas, sonolências, fadiga
Apresente-me o teu sabor picante