sábado, 11 de junho de 2016

No jogo do amor
Me jogo sem temer
No jogo do amor
Não há ganhar ou perder
Tampouco zero à zero

sexta-feira, 10 de junho de 2016

no beijo dela escondia-se 
a ardência das pimentas
e era esse ardor que temperava
a nossa carne inflamada de tesão
a gente é manancial
que não se acalma no fogo

                  Sir Val

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Os poros de minha pele transpiram as palavras doces de nossas juras. Cobre-me feito tecido fino o seu sal, formando ilhotas e por seguinte deserto. E ali, fora de mim, em mim habita a sede do rio que tu ministravas fluir, a fome de teus enganos propositais, a necessidade de orquestrar-me num reino que nunca fora real. E eu, tímida e enrugada, rio de mim sem qualquer som esboçar.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Estado solidificar

Meu amor,
Se fosse pelas palavras duras
Eu te teria ódio
Mas para um coração duro
Só me inspira a indiferença

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Flâmula

O meu corpo chama pelo teu
E eu me queimo
As marcas se latifundiam na alma
E na pele se funde o silêncio ao pavor
Sem medo me povoo
Distribuo os meus calafrios aos risos fúnebres 
Eu salivo tua fúria e defraudação 
Na língua esculpo minha intenção 
Para que se lembre as chamas de meu tecer
Teço minha trama fina
Maculo minha organza 
E me deito em camas frias
Acariciado das mãos de teus bacanais
Sou flâmula de voce 
Beijos de teus desaforos 
Sou desejo atraído por paixão  
Sou paixão sem carbono
Sou brisa fria

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Dois tragam um

Me tranque no teu quarto de guardar trecos
Ou me transporte pro teu quarto escuro
Separe os filamentos da lâmpada 
E destrua o abajur
Se concentre ali
E eu me centro em você 
Em teu centro destruo tuas ramificações 
Misturando prazer e dor
Reencontro e despedidas de quem iniciou
Pra pausar
Ou terminar
Ir e vir
Paradoxalmente gozar
Sem temer o retorno da razão 
Sem se queixar 
Das coreografias que os ponteiros dançaram 
Sem culpar o tenpo que perdemos
A gente é de encontros
De soma e multiplicação 
Assim como é o transpirar
E depois de todo esse doar 
Nós que fomos dois
Tragaremos um
É gargalharemos do prazer
Em te conhecer

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Puro desconhecimento

O amor não é puro
Assim como é santo o ciúme 
O amor é desconhecimento sabido
Terra virgem que se prostitui
O amor é equação de terceiro grau
Efetuada por terceiros
Quem irá nos proteger de nós?
Quem irá desatar os nós de nossa garganta?
Quem beijará o sapo que não transamos engolir?
Quem gozará por nós?
Se o amor fosse luz 
Onde se esconderiam minhas traições?
Se o amor fosse incondicional
Onde treparia a dor com querer?
O amor é trama ilegal
Subsequenciais medos arraigados com o risco
Tesão que não sambam as pernas
Porra que sempre é louca e quente
Amor é o querer você me dominar a não desejar
Ai, amor

terça-feira, 19 de abril de 2016

No dia em que Maria se morreu

Nem sei
Disseram que os dias passam
Mas os dias se enrugam
Gastam minhas utopias 
E nem pia minha gota d'água 
Eu se chama derrota
Que se acende sem escolta
Sem proteção do que nem se teve
E se atreve arriscar sinais
Nem sei se os sinos tocaram
Talvez pela sina sinalizaram os ais
Mas todos os dias eram talvez
E Maria era dor em vida
Risos coreografado sem sintonia
Com o que sinto
E sem cinto se situou no chão 
E nunca se levantou
Em si caiu
E ecoou no chão o seu silêncio 
Os sons que todos ouviam
E calavam
E traduziam
E adestravam
No dia em que Maria se morreu
Foi o único dia em que por mim
Se passou vida
Que descanse eu em paz
Ou morra de rir

sábado, 16 de abril de 2016

As ruas de tua boca

É bossa a harmonia do som de tuas palavras
É deleite
É manjar dos pecadores 
A textura de tua boca é o que deseja
A sequidão de meus lábios 
Tão vermelha quanto o fogo
Em contraste com o alvo de tua face
Onde se transcreve tua ingenuidade de menino
Onde se reflete as artimanhas de minhas mãos 
Ah, como me refresca o menta de tua saliva
Que não mente pra mim
Que me hidrata o coração 
Que me inunda de tesão
E imunda a tensão 
E a faz se sentir pertencente ao mundo
Tão natural quanto a luz dos olhos teus
Olhos que sangra pureza
E dilacera os lugares secretos em que se esconde a paixão 
E livra o meu peito 
Do livro que por saber ler
Me recuso inscrever
Ah, se eu pudesse capturar o cheiro que foge de tua boca
E penetrar os meus olhos com o gosto teu
Ah, se as ruas de tua boca falasse de mim
Ah, se tivesse eu pernas para em ti caminhar meus indicadores
Em todo amanhecer 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Meu mal bem

Meu bem
É o ciúme o meu mal
Ele se acostumou aos meus encostos
Costurou-se firme em minhas costelas
Em fio de nylon
Em nó cego
E me permitiu ver a circunferência do umbigo
Ali na doçura das confusões de minha interpretação
Me afoguei

Meu bem
Você pega o meu medo
E abraça até que ele se sinta
Como parte de nós
Assim como o prazer
Parte que à parte dos parte em dois
E sinaliza nosso mal querer
Querer latifundiar o que é por natureza inóspito 
O coração


terça-feira, 12 de abril de 2016

Eu que sorri

Eu que ontem morri 
De ri
Hoje mato a fome 
Da solidão 
Submergido no agridoce molho
Do choro que não hidratei 
Me seco
Seco
Tratei em mordomia cristã 
As unhas que ceifaram minhas gargalhadas 
Rateei a partitura de seu som
Eu licenciei o silêncio nu
Ontem eu sequestrei a leveza do mundo
E imundo dancei com o chão da escuridão
Ontem à luz sorriu pra mim
Tímida 
Mas cores sagradas não permanecem
Assim como o beijo que partilhamos
Com palavras que não chamam nosso nome
E nos arrumam em pedaços soltos e perdidos
Oxalá, encontrar a parte que tatua-te
Quem me dera, contar as estrelas
Que no céu de minha boca colocastes
Só para me ver dormir e salivar por ti
Eu te espero como o gozo anseia a face
Te espero em cheiro forte
E espessura densa e invasiva 
E te deixo ficar
E te permito fixar o teu trono em mim
Para que não seja real o que digo
Pois o amor é plebeu
E o sorrir criadagem

segunda-feira, 11 de abril de 2016

O tempo do lar

O tempo parei para ti
Por ele paguei em solidão
Tão sólido olhar sobre mim
Foi tudo em vão
Um vão se instaurou dentro em mim
Ruptura razão e coração 
Nem cora o teu rosto sentir
Minha desilusão 
Quem muito ama pouco se quer amar
Em outras camas construirei meu lar
Ou então 
Tire a teia de aranha
Me olhe, desmonte essa banca
Se entregue por inteira
Não se acanha
Sem manha 
Amanhã é tarde demais




domingo, 10 de abril de 2016

Gozo

Deixa a noite dançar de organza
Seduzindo a estrada que nos municipaliza
Deixa as deixas das insinuações nos levar
E dance ao som do vento que acaricia o ar
Deixa as provocações alcançarem suas rixas
Não se lixa pras crases mal colocadas
Se permita a novas contrações
E aglutine corpos físicos 
Se seja espasmos
Esteja entregue
Entregue tuas represas ao mar
Gratuitamente
Não temas naufrágio 
Pois o amor é fogo
E o amar sequências de oceanos
Por hora rio
Outrora riacho
Diacho, o verbo é água 
E o imperativo não represar 
Deixe as unhas desse gozo cavar seu leito
E não sucumba as represálias do deserto do mal olhado 
Permeie lentamente os poros da pedra 
Acaricie em preliminares atentas
E não se atente aos conselhos meus
Sempre quando vem chuva
O céu é novo

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Toco uma pra ti

Tomo o teu corpo como um piano
Preto e branco
Componho minha música
Entre ais e encaixes
Entre desejos e movimentação
Entre entradas e permanências
Nos teus olhos tatua o gozo sua alucinação
E ela rege nossa manifestação
Com o receio que se perde no lençol
Descobrimos as bases que mascaram nossa imperfeição
E masco tua saliva temperada com Halls preta
E gosto do frescor
Sem frescura tonalizo o humor
Eu rio
E nos inundamos
Nesse oceano que em mim seca me afogo
E o fogo nos brinda em flamejantes lampejos
E silenciosamente a sinfonia dança outra vez


quarta-feira, 30 de março de 2016

Por bem

Me traga teu sol
Fume o meu crepúsculo 
Desata meus nós 
Conjugue-me em si
Pra ti
Não quero saber das fugas do destino
Em mim vou tecer as tramas que colhi
Pra mim
Olha a flor do abacateiro dançando sem par
E eu me dando por inteiro
E você a se masturbar
Meu amor é fevereiro 
E você é Natal
Não é leve a mal
Me tenha por bem

segunda-feira, 28 de março de 2016

Fome

Eu sou tecido por fome de você 
E ela não se confunde com apetite
Ela transa com a necessidade 
Se esparrama com a gula
Se tempera por pecado
Eu tenho fome de você
E meus caninos ladram silenciosos meus desejos
Minha saliva elimina no ar o meu hormônio 
E ele se funde às tuas castrações 
E eu gosto delas
Gosto
E gosto outra vez
Eu tenho fome de você 
E sonho com minhas mãos em teus ossos
Eu perfuro tua pele e encontro teus umbrais 
Eu te depilo os nãos com os dentes
E alívio o teu pensar
Eu tenho fome de você
E de você quero comer

domingo, 27 de março de 2016

Onde morri

Foi a solidão que me acompanhou noite afora 
Enquanto choveu no meu rosto a tristeza do teu desamor
Fez-se posto de abastecimento de dor
Uma sensação de perda se depositou nas palavras que vi
A lua rejeitou o sol que se esfriou 
Calado eu canto meu pranto já sem ardor
Foi a tua mão que me coordenou à estrela que eu vi cair
Enquanto eu dançava no teu fulgaz amor 
Me encontro aonde morri
Porque me deixou
Logo já não vou chorar
Vou recompor a minha cor
Você vai se assustar
Ao ver o sol brilhar
Em meus olhos
Logo já eu vou vestir de colorido meu rancor
O dia vai surgir
Quem nunca chorou por amor?

sábado, 26 de março de 2016

Desenhos

Eu poderia estar agora desenhando o teu corpo nu
Mas ainda desenho minhas intenções
Para que você compreenda meus olhos
Imploro tuas mãos
Ainda frias
E exploro no teu beijo teus secretos labirintos
Eu segrego de você a razão da fúria
Mas no incêndio polar você polipolariza as chamas
E outra vez não se chama

sexta-feira, 11 de março de 2016

Rio

Todo mundo tem uma dor escondida
Uma ferida de estimação 
Um canto desafinado 
Todo mundo tem um não ter e desejar
Eu tenho um choro represado em torno as pupilas
Uma menstruação tingida nos olhos
Um Alasca nas íris 
Eu tenho um choro engasgado 
Que inundaria uma cidade 
Tendo um ombro amigo
Eu tenho um querer ter

quinta-feira, 10 de março de 2016

R.I.P.

As lágrimas que em mim rolam
São de meu corpo que se alivia
Do gozo que sufocamos 
As lágrimas que em mim rolam
Hidratam o agreste de meu peito
Onde em devoção sepultei o coração 

quarta-feira, 9 de março de 2016

Espaço

Mastigo o meu amor pra você se alimentar
Você não sabe o sabor de viver
Só sabe sonhar
Eu dei o meu melhor pra você
Você desdenhou
Pintei você em papel machê
Mas já desbotou
O pirão tá ralo 
E o peixe escaldado 
Bota farinha pra não engasgar
Você não sabe o valor da calma
Não me cozinha do ponto vou passar 
Na parede está tatuada a raiva
E no colchão estampado o amor
Está  caindo teto
Está ruindo a casa 
Eu já fui pro espaço 
Acabou 

terça-feira, 8 de março de 2016

E nem paga aluguel

Há um amor que mora em mim
Na espera de visitar o teu peito
E tomar um chá, um suco, cerveja
Quem sabe faxinar aquele quarto de guardados
Trocar a luz da varanda
Ou apenas pendurar umas samambaias 
Ou pintar o amarelo das paredes
Há um amor que vivi em mim
No desejo de fugir do fundo do peito
E fazer serenata em tua janela
E desafinado fazer teu rosto sorrir
Ainda intrépido saquear teu jardim
Roubar-lhe o melhor beijo
Mas ele já selecionou as melhores sementes
Pra em ti semear fartura de prazer
Há amor pra viver e doar
E numa casa só 
Com você conviver

Você vai me destruir

Você vai me destruir 
Os teus costumes costuram em minhas costas
A liberdade que anseio contemplar
No pico master de meus seios
Contente
Dedilha o teu egoísmo 
Na esperança de que eu atente ao teu desprezo
E num gesto de coragem 
Tente me superar da espera de ti
Você quer me destruir 
E me instrui ao caminho de tua escuridão 
Nele sou iluminada pela obsessão de ti
E me atiro
De ti tiro o meu sustento que não nutre
Que não sacia o cio por teu tempo 
Como animal doméstico conjugo o meu suor ao teu
E o jugo me abate friamente 
O teu jogo em minha face bate com delicadas luvas
E cada toque violento o meu entregar
Lento me castra as emoções 
Sem trégua guerreio comigo
Sem arreio cavalgo em mim
Em mim me destruo
Na devoção de esperar tuas poucas palavras
Me alegrar com bafo do beck e café 
E me destruir 

segunda-feira, 7 de março de 2016

Novo dê novo

Um novo amor
Um novo ciclo
Pra trocar
Pra conviver
Com a pitada do outro
Com as singularidades 
Que denotam plurais mundos
Outrora vulgar
Outrora noite fria e chata
Por hora abraçado e afagado pela voz
Voz que em silêncio ensurdece o olhar
Olhar que ilumina os pesadelos 
Que em mim pesam o preço 
De um novo amor
Um novo ciclo 
Pra tocar
E viver você

sexta-feira, 4 de março de 2016

Sexo, transa ou amor. Sei lá...

Fale mais baixo
Nossas paredes têm ouvidos 
Geme alto
E distraiamos o cupido
Que cante o nosso corpo 
A musicalidade que o acalme
Que clame o nosso corpo
Pelo cansaço do tempo
E ele nos deixe em paz

Eu vou te matar, amor
Eu vou te matar, amor
Eu vou te assassinar de amor

Derrame em mim o teu gozo
Tatue no silêncio o nosso prazer
Execute o balé de fogo
Deixe o suor se envolver
Arranhe meu espírito 
Desfrute de meu invadir
Nas paredes ecoe teus gritos
O fogo nao irá se extinguir
E rejeitaremos a paz

Eu vou te matar, amor
Eu vou te matar, amor
Eu vou te assassinar de amor

Ah, se vou...


Vidrado

Para justificar teus erros
Eu construí um deus de bronze
Para alimentar teus eus
Eu me despi de mim às onze

Esperei a meia-noite chegar
Esperei os olhares dormirem
Cinderela fugiu do beijar
E você ainda vidrado em si

Para aquecer teu fogo
Eu distrai o medo do diabo
Para temperar teu molho
Eu refiz as citações do ditado

Esperei a meia volta rodar
Esperei as más línguas dormirem
Cinderela se cansou de esperar
E você ainda vidrado em si

quinta-feira, 3 de março de 2016

O sol sempre vem

Hoje o dia amanheceu cinza
Até parece que o sol ainda não acordou 
Logo eu que pensei que tudo termina 
Quando ele vem, quando ele vem

Os teus olhos já não tem vida
Neles não me vejo mais
Não me encontro mais

Meu bem, relaxa que o sol vem
Enquanto me abraça fica tudo bem

Não me deixes, por favor
Nos cemitérios do amor
Se está frio o amor
O sol já veio com o seu calor

Meu bem, me relaxa que o sol vem
Enquanto me abraça fica tudo bem

quarta-feira, 2 de março de 2016

Insônia

Em Sônia se revelou a noite
E trouxe junto a dor e caos
Nas tuas luas o som não permite
Fez silêncio o vendaval

Em Sônia desfez-se o infinito
E os sentidos não se salvam
No frio do sol são fritos
No frio do sol que me amava

Quando mais quero o sono não vem
Quando mais espero pra te ver
Os meus olhos não se fecham pro amor

Quando mais quero o sono não vê
Quando mais espero você não vem
Pros meus olhos te abrirem o amor

Em Sônia nasceu a madrugada
E o teu rosto de desfez por lá
Sobre minha cama enrugada 
Sob o teto que vi desfigurar

Em Sônia se findou as coisas bonitas
E o meu grito silenciou o chão
Sonhos protegidos por palafitas 
Fitas não protegem coração

Temática incerta

Não disfarce o intento que te perturba
Entube as vozes dos olhares adversos
E adicione o teu fogo ao meu
Case a nossa fome voraz 
Com a sede de nossos lábios secos
Confundamos os sentidos dos trens 
Fundamos o peso do globo sobre nós
Tenhamos o tempo pra nós
E o desfrutamos com tempo pro café
Nada é em vão
Assim como não é vão entre nossos corpos
Sempre quem pouco ama
Muito medo tem do amar
É o verbo morre sem ação
E eu quero conjugar o tudo
Transo com o inteiro
Sem frações 
Sem divisões
Sem matemática certa
Sou da soma de um com um formar um
Com trações 
Com visões
Com temática incerta
Sou da soma de eu com você 

terça-feira, 1 de março de 2016

Amor do verbo desapessoar

Pessoas riem
Pessoas choram
Pessoas dizem "não vá embora"
Enquanto no peito grita
Por favor, me deixa em paz

Pessoas calam
Pessoas pecam 
Pessoas vivem enquanto morrem
Enquanto no peito grita
Por favor, me toque um pouco mais

Eu prefiro ficar sozinho 
À viver essa multidão abandonado
Eu prefiro ficar num cantinho
Construindo meu mundo estrelado

Eu prefiro te olhar nos olhos
À ter tua boca me dizendo amar
Eu prefiro executar meu solo 
Mas eu pré-firo o real amar

Pessoas desapessoadas
Pessoas desapossadas
Pessoas desprovida 
De um bocadinho de amor

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Ninho

Cheiro de terra molhada
É o suor do esforço de meu coração
Na tentativa de te esquecer
Me derramo pelo chão

Te acendo uma vela
Pra trazer luz e calor ao teu coração
Oriento teu guia a me entender
Derramo minha fé em vão

Te canto um mantra
Te recrio como sujeito de minha oração
Converto o teu santo ao meu
Eu vivo só de pão 

Fico a te amar no sentido da liberdade
Voa,  meu amor, voa
Quando cansar e quiser ninho
Volta


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Ventos, tempos e marés

Dentre todos as ventanias que violentaram minhas vias
Foi no teu perfume me reconheci o meu ensejo
E ele soprava em mim um aroma de liberdade
E me dei
E me lancei forasteiro sobre o mar traiçoeiro
As nuances dos azuis que tingiam a maré povoaram meus desejos
E cri que amanhã seria brisa e sol
E sol surgiu com manha e tamanha frigidez
Me recolhi ao esperar e silenciar dos ais
Tais que nunca cessaram sua sinfonia de engano
Em teus abraços desconheci o meu corpo
Nos teus braços não depositei meu suor em espasmos
Em tua ausência de beleza produzi meu pão rústico
E me satisfiz do alimento pobre
Na tua brandura encontrei-me com a sabedoria que procurara
E ela executava partituras de rispidez e virilidade
Tão fria como o tom da fumaça de teu cigarro artesanal
O único ser que conhecia a temperatura de teu toque
Ou mesmo a textura de teus lábios que mentiam pra si
Os meus olhos a traduziam como reflexo de luz
Mas luz não havia
Em quem descansa em paz
Na proteção de se perder no alívio que só o amor constrói
Você se destrói em mim arquitetamente
Não por receio de mim
Mas pelo medo se render à única luz
Que no teu peito tocou
Vá com os deuses
De teu culto devocional à si
E me deixes na paz do reencontro de mim

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Subjuntivo amor

Se quiseres dormir
Posso ser tua cama
Ou lençol que te cobre a pele clara
Posso sustentar teus sonhos
Aqueles que a vida te rouba a melhor parte
Eu posso ser tua parte e partido
Se tiveres fome serei o teu inteiro
Eu teu todo
A melhor parte do dia ou do bolo
Eu posso ser a tua fome 
E devorar a tua carne como num ritual profano
Se tiveres frio
Leva-me para ser teu sol
Ou teu suéter, casaco
Traga-me por tua mão
E deslize a rispidez de meus dedos sobre teus calos
Se quiseres me calo
Se preferires posso ser tua voz 
E te ministrar orgias entre as pernas
E te conduzi pra mim
Entre os caminhos secretos que tracei 
Pra quando quiseres acordar
E perceber que 
Se quiseres 
Podes me querer 
Se quiseres posso ser o tempo
Que não tens pra nós
Eu posso até ser a melhor desculpa ou mentira 
E posso ainda esculpi-las em longas pernas
Pra que nunca a alcance a tua razão
Se tiveres cansaço posso ser o teu livro
Cravejado com meu cheiro
Se quiseres posso encontrar paixão
Nas cinzas das horas em que solitário me amou 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Meu amor é bem

Tens o meu fogo e meu gás
Me dê teu corpo pr'eu queimar
Tens toda tristeza do meu olhar
Me dê as sinfonias de teus ais

Tens as minhas insônias e delírios
Me dê teu gozo pr'eu contar
Tens toda pureza de meu xingar 
Me dê tuas ânsias e pecados

Vem pra casa
Vem pro quarto
Pra cama
Mesa
Banho
Vem que meu amor é bem
Meu amor é bem
Meu amor é bem simples

Sempre sem

Eu estou
Sempre estou sentindo saudades
Eu não sou
Nego, mas eu sou viciado em ti

Eu estou
Sempre estou vivendo em ciúmes 
Do vento que te abraçou
Do sol que te tocou

Volta pra mim
Venha por mim
Nem que seja um segundo

Volta pra mim
Fica em mim
Venha mudar meu mundo

Nem que seja por uma vez só 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Põe orégano, amor

Sou um passarinho sambando
Em fio de alta tensão
Um equilibrista emocional

Em teus neurônios 
Fui tatuando minha real intenção
Você desprezou o meu amor

Você reclama do sal
Você reclama do ponto do arroz
Amante do colesterol
Come a sobremesa
É o amor pra depois

Azeite extra virgem derramo
No calor de teu coração
Modo saturado, substancial

Na Física fui reformulando
Padrão de ação e reação
Você desdenhou o meu labor

Você reclama do sal
Você reclama do ponto do arroz
Amante do colesterol
Come a sobremesa
É o amor pra depois

Põe orega no amor


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Pão doce

Eu não quero saber de teu ex amor
Não tenho tempo pra brigar 
Alimento os ciúmes com o que teu olhar falou
Está no teu rosto tatuado 
O caminho em que a lágrima dançou 
Deixa eu cuidar
Eu que afino o coração ao teu sono
Eu que mudo o rumo da poesia
Só pro teu nome caber e rimar
Eu que nem acho graça nas rimas
Acho graça é de você não gostar de passas
E gostar de mim
Faz cara feia
Tenta
Nem disfarça 
Tão belo assim
Acho graça você beijar o chocolate 
E se surpreender com o doce de meus lábios 
Acho que mentes pra mim
Coro a face
Sem disfarce
Tão simples assim
Feito pão doce com leite condensado 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Fulano, sicrano, beltrano

O meu sexo encaixa com teu
As mãos tem o mesmo falar
Os erros de meu Português
Num beijo você vai calar

Os meus combinam com os teus 
A boca o mesmo paladar 
Os meus amigos são os teus 
Menina, relaxa

É de você que estou falando
O meu amor não é 
Fulano, sicrano, beltrano 
É em você que eu estou pensando
O meu amor não é 
Fulano, sicrano, beltrano

Se você disser que vem
Eu te espero amanhã
Se é pecado esse amor
Por que Deus criou a maçã?

Se você disser que vem
Eu te encontro por aí 
O pecado é não viver 
Esse amor que está em mim

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Namorar você

Eu te quis até o momento
Em que deixei de me querer 
É de cortar o peito
Não estar com você 
Morar no teu coração 
Que distração do destino 
Que me abraçou 
E não quis te acolher 
Prefiro não ter
A te ter sem te ter
Perdoa a minha canção 
Mas é de coração
Quero namorar você 
O destino comigo brincou
E foi por puro prazer
Prefiro sofrer
A viver sem saber
Perdoa meu coração 
Mas essa canção
É pra dizer 
Quero namorar você 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

* não sei que título dar

Me dê teu corpo pr'eu pintar
Minha loucura
E minha obsessão

Me dê tua pele pr'eu encarnar
Minha ternura
E minha oração 

Me deixa bicho solto
Deixa eu semear fogo
Ser vulcão 

Vou incendiar teus medos
Vou descabelar teus tetos
Tua casa bagunçar 
Sou o amor
Cheguei

Deixa eu citar teu nome em minha poesia
E depois canção 
Deixa eu gritar teu fogo
Deixa eu ser teu santo, purificação
Deixa eu tocar teu sexo
Deixa eu beijar teu coração 

No amor não há pudor

Hoje o céu está tingido de um tom carnal
Talvez refletindo o teu bem me quer
É, aliás te lembro não te quero mal
Me diga que mal há num beijo, mulher

Bem, pra fim de conversa, 
Sei que Deus não vai gostar
Dois corpos em controvérsia 
Se negando o querer
É, aliás te lembro não te quero mal
Me diga que mal há num beijo, mulher 

Então, me beija
Me encara boca a boca
E se entrega
Me tempera em teu sabor

Se seja
Foi Deus quem fez o amor
Se despeja
No amor não há pudor

Se não vai se arrepender 
De não dar o braço a torcer 
Isso Deus não vai perdoar 
Se negar amar
Se negar amar


Pleno

Então vista teus lábios
Com o sorriso mais pleno
Esqueça esses cacos
São  de um amor pequeno
Vai, vista teus lábios
Com o sorriso mais doce
Desnuda a alma
Com a gargalhada que te trouxe

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Nos olhos do olhar cego

O que fiz foi continuar a olhar
E o olhei na ausência de qualquer intenção 
Sem maior ação reconheci no reflexo de mim
Esboçado em seus olhos 
O queria ardentemente sem querer
Sem maior esforço um manancial se formou nos olhos meus 
Esse todavia não hidratou minha feição 
Tampouco floresceu minha afeição 
Tudo se constituía olhar
E o olhar me possuía seco
Pois eu olhava o olhar 
Que não havia olhar de mim

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Me despe a despedida

Não vou implorar teu regressar
Tampouco clamar o teu perdão
No meu corpo não será sepultado o teu
Nem cultuado o que mal que me fizeste
Não haverá vela no altar, nem flores
No meu coração decretarei paz
Nenhum santo ouvirá meu penar
Nem lamúrias ou xingamentos 
Na companhia do velho vício de entender
E te justificar
Irei falar-me à mim dos meus pensamentos
E os devorarei um a um 
Assim como num ritual solene, santo e profano
Não irei te pintar uma tela surrealista
Te traduzirei em real tonalidade
Na pele
No rosto
Nos braços em que te você deitou
Eu tatuei teu rosto em mim
Reproduzirei a tua graça e tino
Para me lembrar das dores que esquecerei
Amanhã 
Sempre o tal amanhã que não amanhece
Tua presença vai e vem 
No auxílio de tua ausência 
E gosto assim
E gozo
Choro como virgem não amada
Choro como amante mal amada
E armada por cicatrizes de uma paixão 
E eu vivi e me colori
Me entreguei as cores e as dores acolhi
Não será por mal amores
Que em tons de cinza me cobrirei
Não será por essas dores
Que o amor eu trairei
Descanses em paz, 
Você que o nome no poema não coube

I used to say lies

I used to say:
"You belong my mind
As my body belongs your sight"
I only laughed
You did the same
Always like an angel
But you didn't come from the Heaven
The love never comes
It's like a curse
It's like a song that's always on my mind
It's like a pain I never asked for
I used to say:
"I don't know how I can do without my rainbow 
You're my colors"
I broke my rules
Your grace turned down the lights 
I became black and blue
Come to my soul 
And see where all my demons hide from you
Come to my eyes 
And look at my soul 
It feels dark and low 
I used to say:
I will never lost the control 
And fall 
In love


Antes sol

Eu ando só 
Ando seco e frio
Na alma um nó
Nos olhos nenhum pio

Eu canto em dó
Danço sem arrepios
Das chamas pó
As cinzas atiro

Antes só à mal amado
Antes só a viver armado
Antes era sol
E sol sempre volta amanhã 

Só, frio
Só, frio
Só, frio
Sol