terça-feira, 30 de novembro de 2010

Linguagens em Valdemyês

Nem tudo o que sinto se traduz em palavras. Nem todas as palavras que digo traduzem o que sinto. Não falo mais Vocês, falo Valdemyês.
O left e o right de meu fone de ouvido já não tocam mais a mesma canção. Mudou o tom, a melodia, o compasso.
Tem mudado algo me mim nos últimos dias e confesso abertamente desconhecer saber o que é ou temo encarar. Normal de humano pra humano, mas covardia de humano pra Valdemy.
Falo de mim em linguagem caseira, comum, natural. Falo em mim como sempre falei, mas som algum produzi. Falo desafinado, destonado, em falsete. Canto em solo em meio ao coral. Canto. Pranto. Planto. No canto.

Inspirações tais

Fiz para ti lindas poesias
Compus em mim belas melodias
Dancei por ti lindas companhias
Escrevi em mim palavras vazias

Rimei, Metrei, versei, sorri
Ensaiei, treinei, valsei, flui
Destonei, engasguei, errei, esqueci

Fiz pra ti lindas fantasias
Compus em mim belas manias
Dancei por ti lindos dias
EScrevi em mim sinfonias tardias

domingo, 28 de novembro de 2010

Arte

Leva-me a um lugar qualquer e conte-me histórias que não vivi nas leituras que sobrevivi, na inocência que estranharei.
Me entregue a tua casa, teus vestidos, teu cheiro, tua vida. Me entregue teus fetiches ou esquisitices, me renegue à você e me confirme a herança de sua imaginação em me revelar você nos vocêses reais, anormais, intangíveis. Desvende-me pronomes em conjugações averbais. Transmutação nominal.
Deixa eu querer saber e Harry-Potterizar intelectualidades. Deixa eu querer, saber e Boallizar romances. Deixa o eu ser e te encontrar como minha própria essência irredutível.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Língua do "P"

Até parece
que você parece
com o aparecido páreo
parido no parto
parte partido
parte à apartar
parte polido
pra a parede pronta parar
pra o próprio porto portar
promessas providas
palavras compridas
propósitos poucos
nos pios privilegiados por prazer
porra
até parece que você partiu
pronto, privado, aprovado
comprado por picas pratas
providas por prévias pragas
provado, picado, apossado empoçado
em praça pública aplaudido sem poder
à porta partida
à porta à apartar
à porta polida
por preciosa pedra
portada por Pedro
da puta que te pariu aprazível
pintado em pintura pictórica e plana
pinchando puro pinto-piru
prensado em presença pouca
em perene purificação
até parece que você partiu pleno
ponto ponto e ponto

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Lição de mentira

Eu sei que daqui a um ou dois meses não mais pronunciarei este nome com o mesmo entusiasmo e calor que permeia agora, mas neste momento de agora até os meus cabelos dançam ao conectar com minha mente o pensar em... No que não quero pensar, mas me sai do controle.
Sensaçãode extrema euforia se revela em estupidez e silêncio. Falo o que não sei, penso no que nãoa credito, respiro o que me sufoca, vazio, sozinho, atordoado... Em paixão.
Cansado reencontro em meus post's as mesmas inpirações num tempo de meses contínuos, sem novidades, sem outro enredo, sem outra cor, apenas um colorido tímido numa parede de concreto cinza chapiscada, sem emboço.
Sinto como se fosse implodir em meus silêncios alvoroços, meu coração palpita, minha mente maquina, minhas intenções planejam e minha boca se cala, língua trava, se faz em nó, em laço, mas se dá como presente.
Acho o ápice da injustiça a condição de se apaixonar. Acho condenável a minha atitude de ser franco e transparente, precisaria aprender mentir, camuflar, negar, fugir, à começar de mim mesmo.


[CONTINUA...]

Gostos não se discute

Para meio de conversa à caminho do fim, deixe-me ponderar o que não gosto no gosto que fazes de mim.
É, serei direto mesmo, curto e grosso. Melhor, comprido e magro, vara assim surte mais o efeito da coça. Doe, sangra, marca e no futura memora.
Odeio no grau abomino esta tua cara de criança indefesa que fazes cada vez que algo lhe sai do controle. Não sou animal arisco pra tentar suas manobras de domínio.
Não gosto dos sorrisos premeditados que me cobram respostas, as pausas nas conversas à espera de meu posicionamento, não gosto desta expectativa barata e mesquinha.
Rejeito a educação que implica em não verdade. Odeio o ser como "Cláudia", ser paisagem e me convidar à uma atmosfera morta, cinza e fria. Despenso.
Abro mão de sentir mão tocar em mim em declarações frígidas de carinho e afetualidades. Dê-me um tapa na cara, não não me beije por conformidades.
Eu não gosto de um monte de coisas, na verdade não gosto de muitas coisas do que gosto e me satisfaço-me do saber que gosto não se discute. Então, não gosto também do Natal. Pasmem!
Acho uma data besta onde as pessoas se reúnem hipocritamente como família e amigos no propósito de co-memorar o nascimento de Cristo. Mas um minuto, quem é Cristo?
Se não tenho o dom de memorar as lembranças de um simples e honesto abraço de um amigo... Okay, Cláudia festejemos o espírito!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Tenho à mim para quem nunca você

Tenho saudades do que nunca tive
Tenho sonhos pro que nunca dormi
Tenho respostas do que nunca vive
Tenho dúvidas sobre o que esqueci

Tenho palavras pro que não chamo
Tenho letras pro que desenhei
Tenho amores por quem não amo
Tenho à mim pra quem nunca terei

Tenho medo do que nunca tine
Tenho ódio do que não me frustei
Tenho anseio que me ensine
Tenho tendo o que nunca terei

Uma vez

Queria apenas te ler
Com simplicidade decifrar teu olhar
No mais gostaria de ter
Ter-me preso no infinito olhar

Queria falar contigo
Contar casos antigo de amor
Queria ser menino,
Sorrir, cantar se permitir outra vez

Queria beijar você
Conhecer teu céu e as estrelas contar
No doce do sabor me perder
Perder-me liberto no mesmo olhar

Queria falar contigo
Cantar passos de antigo amor
Queria ser bem-vindo
Sorrir, cantar, escrever

Conta minha história uma vez
Por uma vez me encontra
Conte memórias talvez,
Por talvez, me canta
Me encanta
Me conta
Me espanta o amor

domingo, 21 de novembro de 2010

Nu segundo intervalo da novela das 8

Foi no exato segundo intervalo da novela das oito que o meu telefone tocou. Ao abrir o flip me surpreendi ao ver o seu nome no visor, aquela combinação de letras provocara uma desorganização em minha mente já em insanidades.
Ao atender, sua voz suave e juvenil me ensaiava perguntas que prontamente respondi: Estou sozinho sim, pode subir... já conhece o caminho.
Logo planejei um riso leve, mas os meus músculos faciais estavam cerrados, adormecidos.
A campainha soou e assim também minha nuca, naquela noite fazia frio, porém um vulcão se despertou irritado e nada registrara na Escala Richter. Era imensurável e silencioso. Ao encontro do olhar foi destruidora a sensação de que hoje a minha natureza seria transmutada.
Sem graça, graciosamente ousamos algumas brincadeiras, tentativa de quebrar o gelo que teimoso não se derretia diante de tanto feixes de calor e eu ofereci educadamente, água, suco à base de soja, brigadeiro, bolo, frutas, pão e por fim uma salada de alface, acelga, rúcula, tomates cereja e mussarela de búfala, todavia era outro o apetite e aos fins de semana não havia dietas. Livres!
Brincamos de olhar nos olhos. Brincamos de olhar nos lábios, a boca. Brincamos de tocar as mãos nas mãos.
Os sorrisos se intimidavam e as intenções se estabeleciam. Não excitamos, nos sucumbimo-nos.
Desenhamos o corcovado ao ponto de Cristo se render e buscar abrigo em outro lugar, abrimos nossos braços ao encontro do oceano azul-esverdeado, adoçamos suas águas, agitamos o seu mar, ventilando suas areias, construímos o nosso castelo e as ondas furiosas na maestria do vento musicalizou poesia, silenciando os gritos das pedras.
A lua se constrangeu com o nosso momento e convidou as estrelas para entrar nos esconderijos entre as nuvens, como que se o sol que nos atravessava as pupilas as encobrisse o brilho. Humildemente roubamos a noite pra nós e a natureza respondeu em rios de chuvas torrenciais e serôdias. Lavamos nossa alma, o corpo, encharcamos nossas palavras, refrescamo-nos o pensamento e irrigamos o viver, o ter, o experimentar.
Cansados como refugiados de guerra desfalecemos à beira-mar. Satisfeito como criança pequena gargalhamos sem excitar. Depois de muitos sons e ruídos as palavras vieram, mas a simplicidade e honestidade do olhar as calaram, estabeleceu silêncio e a noite correu em paz.


[CONTINUA...]

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Como incógnita

Se não fôssemos nós, seríamos um estranho casal perfeito, com direito a poema, música e risos soltos. Nossos risos libertariam os cantos dos pássaros engaiolados. Todos os dias. Eles cantariam e viveriam, assim como nós que gritamos calados.
Em nossa companhia todo inverno se faz primavera, com clima de outono e calor de verão. Mudamos a estação do ano não sintonizando as mesmas estações de nossa rádio. Eu ouço www.kboing.com.br e você o egoísmo adolescente do IPad. Somos left sem right. E ainda sim sabemos qual é a nossa música favorita. A mesma música que assina trilha de discrepantes filmes. 
Se não fôssemos nós, subtrairíamos os fatores de nossas efetuações românticas. Somaríamos no um mais um, dois. Seríamos demasiado-exageros se subtraíssemos um do um, resultando um. Eu e você, num só corpo, encontro, sabor e temperatura.
Se não fosse o "se" seríamos o fomos e a história teria tom de experimento e saudosismo de mais ser, seria bom ter sido. Sem se arrepender.
Que bom que minha mente me permite emoções das quais desconheço. As quais você como uma incógnita me apresentou.

Pequeno amor

Como poderia eu dizer
Tudo que sinto por você,
Pequeno amor?

Como poderia eu escrever
Um lindo poema e te ter
Desfilando paixão?

Quero cantar teu nome em meus versos
Reproduzir o teu canto, eu confesso
Ser o meu desejo maior

Quero cantar o teu nome em meus versos
O teu sorriso sincero espero
És o meu desejo maior,
Pequeno amor.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Homem em sensível TPM

Rios de lágrimas rolam de meus olhos e garanto nem motivo triste ou depreciativo ter. Sou homem em caps lock, e estranhamente sou homem de TPM!
Choro, rio, agito e adormeço nos desfiles de pauta de minha bipolaridade. Desenho meus traços pessoais e imaginários em constâncias de inconstâncias. Reafirmo meus traços em equilíbrio de variações.
Confesso não me irritar com estas ondas de maré de ressaca, aprendi a conviver com esta mulher que povoa-me e mensalmente antes de um grande episódio fisiológico-afetivo avoluma-se em foras e dentros, tiradas e entradas, zoações e seriedades...
Tem dias que estou mais sensível que mulher grávida e nesses dias nem Deus em sua extrema flexibilidade suporta-me. Sou capaz de adoçar as fúrias de Satanás e manchar a mácula da pacividade divina. Como dizia o antigo ditado de minhas redondezas, mulher de bigode nem o Diabo pode. Pena que raspei minhas penugens hoje.
Imagino eu, minha barriga crescer, meu corpo se deformar e de repente uma voz infantil gritando, chorando por alimento. Não, definitivamente que bom nascer homem, que me perdoem as mulheres. Posso compartilhar da TPM, enjôos e os loucos desejos, estes como me acompanham, mas grávido, nem pensar.
Seria uma desconstrução de meus 50 quilinhos bem mal destribuídos pelos poucos 1,70 metros de altura, ou pequinez. Que raiva! Anão! Sou quase um anão!
Meu Céus, preciso urgente de um chocolate!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Eu, você e o nosso inimigo, O Tempo

As pluralidades das cores de nossas semelhanças se fez distanciamento, tristeza, lágrima escorrida pelo rosto amornecido por palavras soltas e aparentemente inocentes, mas que revelavam verdades ocultas de corações adolescentes. Por que nos abandonou o amigo Tempo e nos obrigou criança deixar de ser e crescer em estatura e comportamento, diminuindo assim proporcionalmente a pureza de simplesmente brincar com a vida de pique de vida?
A madrugada atropelou nossa tarde, a escuridão invadiu como um ladrão malvado nosso brilho do olhar, dele só correu aquela gota fria de lágrima, incolor, salgada, inodora, mas lágrima de muita dor.
Uma madrugada chuvosa, de chuvas constantes e finas, daquelas que molham sem se perceber, que destrói os castelinhos de areia à beira-mar, esculpindo assim mansões íngremes e imponentes. A água da chuva fria e fina desconstruiu o nosso sonho, nosso reino, nosso mundinho pequeno e real pra nós. Verticalmente os feixes d'agua horizontou nossos transversais risos e estipulou paralelalidades, ao exatos primeiros minutos pós meia-noite. Houve desencontro do preto e do branco iluminados na união de um olhar amigo. Houve desunião.
Esperávamos pelo sol que adormeceu em nossas palavras. A tarde anoiteceu chuvosa. O sol não queimara as emoções em meu coração. As emoções nos sufocou, nos roubou a mais simples emoção. Nos roubou o olhar!
Divertíamos-nos no pique que inventamos, criado às nossas regras, punições, leis, nós que brincámos de pique com o tempo, fomos condenados por nossas próprias leis e ele foi embora. O tempo deu um tempo de nós. Nós demos um tempo para nós mesmos e nem tempo tínhamos. Nos lançamos nas construções humanos que pairavam no ar e se estabeleceu um vendaval.
A chuva caía feroz, veloz, como se São Pedro tivesse uma mangueira de bombeiro para o incêndio amortizar na terra de nossos olhares. Nas cinzas de nossas recordações choramos amarguras de nostalgia. Cheiro de terra seca, castigada, inóspida. Falta de cheiro de gente.
Duas crianças vestidas, cobertas do pudor, do horror, do temor do mundo sujo caminhavam em sobriedades de sentimentos, limpavam-se das inocências.
Alimentávamos de ironias interrompidos pelos sisos. Ríamos do silêncio que alimentava as interrupções de gargalhadas infantis. Ríamos do ridículo. Ridicularizávamos o infantil. Fitávamos os vermelhos, roxos, verdes, fitávamos os coloridos, fitávamos o arco-íris, como que condenássemos as juras de eternidade prometidas nos feixes de luz que ultrapassavam salientes nossos olhos e assim tonalizando o cinza do dia nos refletores das gotas de chuva que revelavam-nos o envelhecimento, cansaço e medo, nos sentimos maiores, superiores, intangíveis.
Brigamos e lançamos o pé um no outro o dia todo e quando a tarde-anoitecida se foi, chamamos o tempo pra de novo brincar com a gente e ele veio contar o nosso prazer de o tempo perder. Prazer em simplesmente deixar de viver!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Eu, você e nosso amigo, o Tempo

O dia amanhaceu nesta madrugada, ao exatos primeiros minutos pós meia-noite, amanheceu cinza no encontro do preto e do branco iluminados na união de um olhar amigo.
Esperávamos pelo sol que adormeceu em nosso olhar. O dia amanhaceu chuvoso, mas um sol queimava emoções em meu coração.
Divertimos-nos num novo pique que inventamos, criado às nossas regras, punições, leis, brincamos de pique com o tempo e ele brincou conosco e não foi embora. O tempo brincou ao nosso favor e lançou todas as construções humanas pro ar. Ele chamou o seu amigo, o vento, pra as levar. E nem era tempo de vendaval.
A chuva caía devagar, mansinha, como se São Pedro tivesse apenas um conta-gotas para pingar as chuvas sobre terra. O cheiro de terra molhada, suave e delicado nos perfumou. Nos convidou para na chuva brincar e fomos, como crianças fomos e nos colorimos de marrom.
Duas crianças nuas, despidas do pudor, do horror, do temor do mundo sujo dançavam embreagadas de sentimentos puros, se sujavam de inocências.
Alimentávamos de silêncio interrompido pelos risos. Ríamos do silêncio que alimentava as interrupções de gargalhadas infantis. Ficávamos vermelhos, roxos, verdes, ficávamos coloridos, ficávamos arco-íris, como que compactuássemos de eternidade prometidas nos feixes de luz que ultrapassavam salientes nossos olhos e assim iluminando o cinza do dia nos refletores das gotas de chuva que lavavam-nos do envelhecimento, cansaço e medo.
Brincamos e dançamos um no pé do outro o dia todo e quando o dia se foi, chamamos o tempo pra de novo brincar com a gente e ele veio recontar o nosso prazer. Prazer em simplesmente viver!

sábado, 13 de novembro de 2010

You got me

The black and white got colors
The difference got sense
The hard buildings are blowing up
The simple world's getting innocence

With you I feel so good
You got me
And I neither cannot understand
It's does not matter
You just got me


[CONTINUED]

Lies

Please, tell me nothing about you and him
Let me no pretend that okay is everythin'
Please, take your hand out above me
Let me no think that okay is everythin'

My mind is so creative
And it's already thinking in you
My heart is no active
It cannot stop thinking in you

Please, tell me nothing about you and me
Let me no pretend that is okay everythin'
Please, don't take your hand out above him
Let me think that okay is everythin'

Shit first love

I thought he was like a stone on my way
But it's not true
He's just a tone on your pray
Like in your favorite song

You're my peace
He's your war
My heaven, like this
But God's so far
My tears are falling down now
But it's no matter
I don't know how
But I'll be better

If I had eyes...
But I do not have
They're yours
It's too bad

Oh shit first love
You're always between,
In the middle and above
Oh shit first love
Fuck you

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Flame

At this Xmas I'll give you a gift
I'll give you the sun
Just to get you a fire
Just to make you so hot

Burning, burning, burning

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Do sétimo centímetro andar

O menino da sacada de seu apartamento falava sobre o engajo que durante oito meses viveu na tentativa de descobrir naturalmente como homem. Faliu!
Cada pausa que dava entre uma enxurrada e outra de palavras frias, uma multidão curiosa de aglomerava embaixo. Sete andares de concretos o separava da multidão, mas o mesmo gritava hemorragicamente os centímetros de afastamento que provocavam solidão.
Passaram-se alguns minutos e ele já estava no para-peito do edifício, mas não ouvia coração algum pulsar lá. Não encontrou conforto. Não encontrou consolo. Sem solo ousou caminhar no vento. E voou!
A multidão que o assistia comentava de seu riso. Ele gargalhava no ar, de verdade andava nas nuvens, mas se libertou no impacto feroz com o chão.
O menino, agora homem, engatinhou despedaçado no chão e não houve rios de alegria, embora jorrasse como cachoeira, o líquido era viçoso e rubro, sua intensidade empalidecia o menino e era dia de sol. Sol de primavera-verão.
De seus olhos agora marejados, um líquido transparente corria, pingava, deslizava por suas marcas de expressão de antigos risos. Isto lembrava de quem era. Nostalgia!
O menino sonhou alto e traçou degraus. Caminhou intensamente em cada centímetro da escada. Esforço físico. Fadiga!
Descobriu sete maravilhas no novo mundo e solipsista desconheceu a única maravilha que tinha, no mundo que era de fato seu. Ele começou a falar desta, e mais uma vez houve brilho em seus olhos, não eram reflexos do sol, era o seu próprio astro que aquecia seus suspiros, mas logo se pôs em seu ocidente. Em sua noite não teve luar, não teve estrelas, cometas ou coisa do tipo, mas choveu e a chuva levou sua última palavra, de consoantes à vogais. Restaram apenas o silêncio! E este silêncio foi sete vezes calado, mudo, sem tom nem voz. Mas a multidão se desesperou, agitou, e ensaiou dezenas de sonoridades em desesperadas palavras. O monólogo continuou.

sábado, 6 de novembro de 2010

Pela primeira vez sem a cabeça

Sempre foi uma pessoa cabeça, porém nunca de carne.
Sempre tirou o corpo fora. Se esquivou delicadamente.
Sempre contemplou o pra sempre. Sempre.
Cresceu deficiente, disproporcional, aleijado, nos recalques das moletas.
Capenga! Infantil e maturo capenga.
Sempre foi uma pessoa de eternidades, porém nunca construiu o hoje.
Sempre tirou 10. Se milimetrou racionalmente.
Sempre contemplou o de sempre. Sempre.
Hoje quer novidades. Mesmo já velho quer o novo pela primeira vez!
Ele pode!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

No engajo de nem engatinhar

Me perdi encontrado pleno nas ameaças de teus abraços
Ri demais, não mais sozinho na tua companhia afável
Esbocei sorrisos discretos e quietos
Acalmei meus impetuosos batimentos no aroma de teu perfume
Agitei seus frígidos imaginários no silêncio de meu desdém
Projetei futuros e fugi do amanhã
Arrisquei palpites do passado e duvidei do presente que destes a mim
Balancei em meus medos
E balanguei em teu convite à criança ser
Me diverti
Me senti como criança nos desprezos das ansiedades de ancião
Me senti embalado, engajado pelo vento que vem dos murmurinhos ao pé do ouvido
Estes que me fizeram caminhar, foram eles,
Pois os meus pés não me obedeciam mais
Fui movido por um novo caminhar
No engajo de nem engatinhar, mas enfim dançar

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Desapaixonar-se à luz do novo sol

Lá está. Lá está o meu humano de desejo, de insaciabilidades, de paixões. Lá está alguém, outr’ém, lá está todo mundo e aqui estou eu, no encontro de minhas totalidades.
Meses se passaram e sonhos me percorreram. Prazeres me denunciaram. Saudades me acompanharam. Fiquei nos desejos de não desejar.
Se amar é dar o direito de não ser amado, o que me inspiraria te amar?
Incondicionalidades me roubam o fluxo de respostas que anseio de você.
Como eu menti! Como te enganei! Como te desenhei! Rabisquei-te aos contornos de minhas expectativas, você foi o exato do que eu queria ter tido e tive em minhas construções contemporâneas. Não busque entendimentos. É arte!
Tudo o que se repete. Tudo que se escapa e não retorna, os olhares acidentais, os atropelamentos, as atrocidades que violentaram. Tudo nostalgio.
Agora de meus olhos saem às águas que me lavam de você. E elas lavam, refrescam e cicatrizam os anseios, os sufocos, os socos, os roubos.
Desapaixonar-se é estar disposto à se mentir, enganar no professar não mais intenções haver.
E eu não respondo à tudo, pois me isolo em minha cruel surdez. Meus ouvidos só ouviam você, hoje descobrem as sonoridades de minha voz e as provocações de meu silêncio.
Agora o meu coração bateu junto comigo! Talvez amanhã olhe para outro alguém, em busca de uma primeira impressão! E a história se repita e vive.
O amor secou, a paixão cessou, o desejo morreu. Mas pra quem acredita em ressurreições, amanhã é apenas um novo dia. Deixemos os sol se pôr sobre nossos feixes de luz, deixemos a lua se alimentar destas mesmas iluminações, deixemos nos esvaziar e renovar à luz do novo sol.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

In natura

Passei estes últimos dias nas descobertas dos maiores prazeres de se viver na cidade do Rio de Janeiro. Conheci lindos lugares, boas comidas, agradáveis companhias, mas cada mundo novo que me apresento me auto-defraudo na intenção de reconhecer a única beleza de toda a maravilha que me permitiria singelo prazer.
Como me confundo em minha mente. Tantas convicções perdidas em meio a humanidade imatura, in natura.
Sinto à flor-da-pele meu Yin Yang se desiquilibrarem. Sofro o meu Tigre e Dragão se devorarem não famintos. Minha energia se dissipa e minha paz se esvai, ao ponto de compreendê-la.
Penso que maturidade não é ter uma vida privada a prazer, mas talvez ter humildade em ter prazer na privada da vida. Quem não faz merda?
Perdoe-me, mas eu faço e aos montes. Não sofro de prisão de ventre, sofro por prisão de mente.
E não falo de minha mente, miocárdio, ou eu-psicológico-subjetivo, falo de prisão de mente que mente e deprimidamente me interrompe a vida.


[CONTINUA...]