quarta-feira, 30 de março de 2016

Por bem

Me traga teu sol
Fume o meu crepúsculo 
Desata meus nós 
Conjugue-me em si
Pra ti
Não quero saber das fugas do destino
Em mim vou tecer as tramas que colhi
Pra mim
Olha a flor do abacateiro dançando sem par
E eu me dando por inteiro
E você a se masturbar
Meu amor é fevereiro 
E você é Natal
Não é leve a mal
Me tenha por bem

segunda-feira, 28 de março de 2016

Fome

Eu sou tecido por fome de você 
E ela não se confunde com apetite
Ela transa com a necessidade 
Se esparrama com a gula
Se tempera por pecado
Eu tenho fome de você
E meus caninos ladram silenciosos meus desejos
Minha saliva elimina no ar o meu hormônio 
E ele se funde às tuas castrações 
E eu gosto delas
Gosto
E gosto outra vez
Eu tenho fome de você 
E sonho com minhas mãos em teus ossos
Eu perfuro tua pele e encontro teus umbrais 
Eu te depilo os nãos com os dentes
E alívio o teu pensar
Eu tenho fome de você
E de você quero comer

domingo, 27 de março de 2016

Onde morri

Foi a solidão que me acompanhou noite afora 
Enquanto choveu no meu rosto a tristeza do teu desamor
Fez-se posto de abastecimento de dor
Uma sensação de perda se depositou nas palavras que vi
A lua rejeitou o sol que se esfriou 
Calado eu canto meu pranto já sem ardor
Foi a tua mão que me coordenou à estrela que eu vi cair
Enquanto eu dançava no teu fulgaz amor 
Me encontro aonde morri
Porque me deixou
Logo já não vou chorar
Vou recompor a minha cor
Você vai se assustar
Ao ver o sol brilhar
Em meus olhos
Logo já eu vou vestir de colorido meu rancor
O dia vai surgir
Quem nunca chorou por amor?

sábado, 26 de março de 2016

Desenhos

Eu poderia estar agora desenhando o teu corpo nu
Mas ainda desenho minhas intenções
Para que você compreenda meus olhos
Imploro tuas mãos
Ainda frias
E exploro no teu beijo teus secretos labirintos
Eu segrego de você a razão da fúria
Mas no incêndio polar você polipolariza as chamas
E outra vez não se chama

sexta-feira, 11 de março de 2016

Rio

Todo mundo tem uma dor escondida
Uma ferida de estimação 
Um canto desafinado 
Todo mundo tem um não ter e desejar
Eu tenho um choro represado em torno as pupilas
Uma menstruação tingida nos olhos
Um Alasca nas íris 
Eu tenho um choro engasgado 
Que inundaria uma cidade 
Tendo um ombro amigo
Eu tenho um querer ter

quinta-feira, 10 de março de 2016

R.I.P.

As lágrimas que em mim rolam
São de meu corpo que se alivia
Do gozo que sufocamos 
As lágrimas que em mim rolam
Hidratam o agreste de meu peito
Onde em devoção sepultei o coração 

quarta-feira, 9 de março de 2016

Espaço

Mastigo o meu amor pra você se alimentar
Você não sabe o sabor de viver
Só sabe sonhar
Eu dei o meu melhor pra você
Você desdenhou
Pintei você em papel machê
Mas já desbotou
O pirão tá ralo 
E o peixe escaldado 
Bota farinha pra não engasgar
Você não sabe o valor da calma
Não me cozinha do ponto vou passar 
Na parede está tatuada a raiva
E no colchão estampado o amor
Está  caindo teto
Está ruindo a casa 
Eu já fui pro espaço 
Acabou 

terça-feira, 8 de março de 2016

E nem paga aluguel

Há um amor que mora em mim
Na espera de visitar o teu peito
E tomar um chá, um suco, cerveja
Quem sabe faxinar aquele quarto de guardados
Trocar a luz da varanda
Ou apenas pendurar umas samambaias 
Ou pintar o amarelo das paredes
Há um amor que vivi em mim
No desejo de fugir do fundo do peito
E fazer serenata em tua janela
E desafinado fazer teu rosto sorrir
Ainda intrépido saquear teu jardim
Roubar-lhe o melhor beijo
Mas ele já selecionou as melhores sementes
Pra em ti semear fartura de prazer
Há amor pra viver e doar
E numa casa só 
Com você conviver

Você vai me destruir

Você vai me destruir 
Os teus costumes costuram em minhas costas
A liberdade que anseio contemplar
No pico master de meus seios
Contente
Dedilha o teu egoísmo 
Na esperança de que eu atente ao teu desprezo
E num gesto de coragem 
Tente me superar da espera de ti
Você quer me destruir 
E me instrui ao caminho de tua escuridão 
Nele sou iluminada pela obsessão de ti
E me atiro
De ti tiro o meu sustento que não nutre
Que não sacia o cio por teu tempo 
Como animal doméstico conjugo o meu suor ao teu
E o jugo me abate friamente 
O teu jogo em minha face bate com delicadas luvas
E cada toque violento o meu entregar
Lento me castra as emoções 
Sem trégua guerreio comigo
Sem arreio cavalgo em mim
Em mim me destruo
Na devoção de esperar tuas poucas palavras
Me alegrar com bafo do beck e café 
E me destruir 

segunda-feira, 7 de março de 2016

Novo dê novo

Um novo amor
Um novo ciclo
Pra trocar
Pra conviver
Com a pitada do outro
Com as singularidades 
Que denotam plurais mundos
Outrora vulgar
Outrora noite fria e chata
Por hora abraçado e afagado pela voz
Voz que em silêncio ensurdece o olhar
Olhar que ilumina os pesadelos 
Que em mim pesam o preço 
De um novo amor
Um novo ciclo 
Pra tocar
E viver você

sexta-feira, 4 de março de 2016

Sexo, transa ou amor. Sei lá...

Fale mais baixo
Nossas paredes têm ouvidos 
Geme alto
E distraiamos o cupido
Que cante o nosso corpo 
A musicalidade que o acalme
Que clame o nosso corpo
Pelo cansaço do tempo
E ele nos deixe em paz

Eu vou te matar, amor
Eu vou te matar, amor
Eu vou te assassinar de amor

Derrame em mim o teu gozo
Tatue no silêncio o nosso prazer
Execute o balé de fogo
Deixe o suor se envolver
Arranhe meu espírito 
Desfrute de meu invadir
Nas paredes ecoe teus gritos
O fogo nao irá se extinguir
E rejeitaremos a paz

Eu vou te matar, amor
Eu vou te matar, amor
Eu vou te assassinar de amor

Ah, se vou...


Vidrado

Para justificar teus erros
Eu construí um deus de bronze
Para alimentar teus eus
Eu me despi de mim às onze

Esperei a meia-noite chegar
Esperei os olhares dormirem
Cinderela fugiu do beijar
E você ainda vidrado em si

Para aquecer teu fogo
Eu distrai o medo do diabo
Para temperar teu molho
Eu refiz as citações do ditado

Esperei a meia volta rodar
Esperei as más línguas dormirem
Cinderela se cansou de esperar
E você ainda vidrado em si

quinta-feira, 3 de março de 2016

O sol sempre vem

Hoje o dia amanheceu cinza
Até parece que o sol ainda não acordou 
Logo eu que pensei que tudo termina 
Quando ele vem, quando ele vem

Os teus olhos já não tem vida
Neles não me vejo mais
Não me encontro mais

Meu bem, relaxa que o sol vem
Enquanto me abraça fica tudo bem

Não me deixes, por favor
Nos cemitérios do amor
Se está frio o amor
O sol já veio com o seu calor

Meu bem, me relaxa que o sol vem
Enquanto me abraça fica tudo bem

quarta-feira, 2 de março de 2016

Insônia

Em Sônia se revelou a noite
E trouxe junto a dor e caos
Nas tuas luas o som não permite
Fez silêncio o vendaval

Em Sônia desfez-se o infinito
E os sentidos não se salvam
No frio do sol são fritos
No frio do sol que me amava

Quando mais quero o sono não vem
Quando mais espero pra te ver
Os meus olhos não se fecham pro amor

Quando mais quero o sono não vê
Quando mais espero você não vem
Pros meus olhos te abrirem o amor

Em Sônia nasceu a madrugada
E o teu rosto de desfez por lá
Sobre minha cama enrugada 
Sob o teto que vi desfigurar

Em Sônia se findou as coisas bonitas
E o meu grito silenciou o chão
Sonhos protegidos por palafitas 
Fitas não protegem coração

Temática incerta

Não disfarce o intento que te perturba
Entube as vozes dos olhares adversos
E adicione o teu fogo ao meu
Case a nossa fome voraz 
Com a sede de nossos lábios secos
Confundamos os sentidos dos trens 
Fundamos o peso do globo sobre nós
Tenhamos o tempo pra nós
E o desfrutamos com tempo pro café
Nada é em vão
Assim como não é vão entre nossos corpos
Sempre quem pouco ama
Muito medo tem do amar
É o verbo morre sem ação
E eu quero conjugar o tudo
Transo com o inteiro
Sem frações 
Sem divisões
Sem matemática certa
Sou da soma de um com um formar um
Com trações 
Com visões
Com temática incerta
Sou da soma de eu com você 

terça-feira, 1 de março de 2016

Amor do verbo desapessoar

Pessoas riem
Pessoas choram
Pessoas dizem "não vá embora"
Enquanto no peito grita
Por favor, me deixa em paz

Pessoas calam
Pessoas pecam 
Pessoas vivem enquanto morrem
Enquanto no peito grita
Por favor, me toque um pouco mais

Eu prefiro ficar sozinho 
À viver essa multidão abandonado
Eu prefiro ficar num cantinho
Construindo meu mundo estrelado

Eu prefiro te olhar nos olhos
À ter tua boca me dizendo amar
Eu prefiro executar meu solo 
Mas eu pré-firo o real amar

Pessoas desapessoadas
Pessoas desapossadas
Pessoas desprovida 
De um bocadinho de amor