sexta-feira, 31 de agosto de 2012

FIM DE FESTA: Aquela dos cigarros

MIGUEL - Oi, eu sou Miguel.

BIA - E eu sou Bia. Mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas insistem em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Laisa...
MIGUEL - Mas agora o teu nome é Maria 44!
BIA - Caro, Miguel, eu sempre fico pensando no real motivo que te leva implicar tanto com uma pessoa tão doce e generosa como eu...
MIGUEL - Nossa! Fico feliz, você pensa.
BIA - Penso. Claro, que não frequentemente, pois não vim a esta vida pra gastar tempo com pensamentos reflexivos, mas para investir vida em meus pensamentos.
MIGUEL - Você está...
BIA - Eis a diferença entre nós dois, guy: eu vivo e respiro meus pensamentos, você pensa e se sufoca neles mesmos. Fica a dica. Beijo no ombro!... Partiu?

(...)

É um fato que se estende a todos: todo mundo tem algo a esconder. E todos fingem que nada esconde. E eu não poderia estar excluído desta estúpida generalização...
Bia tinha o dom de nos ler as mais corriqueiras “meia-verdades”. Não era um julgamento de meu comportamento. Era a sabedoria dela que se manifestava na arte de reconhecer a árvore pelo fruto... Fim de festa para o velório que me sepultava vivo no peito, era hora de dar vida aos meus monstros e sentir o doce ou mesmo o amargo sabor da vida, pois a mesma só é continuamente mel para aqueles que fazem de seus sonhos ou ilusões a sua verdade absoluta e cristalizada.
Eu sentia em meu paladar que o meu real desejo era de construir agridoces sabores em minhas realidades e então desconstruir as verdades que as ilusões e sonhos que muitos construíram pra mim. Se a vida é fugaz como uma fumaça que se esvai, será nos cigarros que definharei a minha ilusão... E quem disse que existe verdade? Já falamos sobre isto...
Parti pra festa. Parti pra balada! Parti pra vida numa sede de viver como se não houvesse amanhã... Like there's no tomorrow! That's the point! Se joga? Não. Se voa, Miguel...
Eu sentia um incêndio acelerar carbono em minhas veias. Precisava correr atrás dos anos passados. Tinha, de fato, uma vida pra viver. Tinha sede por vida... Sede?

BIA - Você deveria começar bebendo devagar...

Devagar anda a Terra. 365 dias para percorrer o sol. Eu ando na velocidade da luz, preciso de muito álcool no meu motor. A palavra é acelerar... Queima na largada e morre e à beira-mar. Crianças

UMA MULHER AFIM DE MIGUEL - Eu não tenho outra opção. Você é quem eu quero esta noite!
MIGUEL - Desculpe-me a estupidez, mas com todo o respeito e educação: Eu não sou uma opção!...Grosso!

Que se foda! As mulheres pensam simplesmente por serem mulheres eu tenho que estar sempre à disposição delas. Reclamam que as tratamos como um produto no mercado, mas somos nós, homens, que somos tratados como um objeto. Desculpem-me, mulheres, eu gosto da condição de caçador. Por favor, não inverta a ordem dos produtos. Tenho a minha masculinidade muito bem definida ao ponto de dizer um não à mais gata da balada, simplesmente por não estar afim. Não achei o meu pau no lixo, tampouco minha boca no... Eu sempre digo: bebeu? Perdeu-se o filtro! Cadê o Wallita?
Nunca leve uma amiga que bebe mais que você nos dias em que quiser tomar um porrete faraônico. Ela sempre tentará te controlar ou ficará a dar toques de autocontroles o tempo todo. Se fosse beber para ter controle de meus atos eu procuraria uma igreja evangélica e iniciaria uma campanha destas qualquer. Foco? Focamente desfocalizado!

MIGUEL - Não quero foco. Quero perder o foco, o auto-controle, o centro... E o orifício rugoso? Os de bêbado não tem dono... Quero fogo! Quero fogo. Alguém tem um cigarro?
BIA - Você vai fumar?
MIGUEL - Não. Vou preencher o vazio de meu pulmão e esvaziar-me de minha paz.

Poetizando os cigarros, eles são como vazios que preenchem o vazio que carregamos afetivamente no peito. O cigarro mata a nossa solidão. Preenche a boca, o pulmão, nos vazios mais minúsculos e inabitados. Ignoro as estatísticas de morte e doença... Já que há tanto veneno num trago de cigarro, que eles mortifiquem os meus medos e dores. Que eles queimem minha solidão de mim a cada trago e então eu te trago o meu amor...
Álcool e cigarro não combinam. Ressaca de cigarro? Pior ainda. Viver a vida como se não houvesse amanhã é pros fracos, os fortes deliciam-se dos segundos que nos foge e então celebram a arte de viver. Mas não precisa ser sóbrio! Claro!

(...)

MIGUEL - Eu não estou aguentando tanta dor de cabeça...
BIA - Fuma mais um pouco, filho da puta.
MIGUEL - Acho que enchi tanto o meu vazio que estou cheio de solidão.
BIA - Também, quer viver como se fosse o último dia de vida.
MIGUEL - Bia se eu morrer você vai chorar?
BIA - Chorar? Chorar é pros fracos. Darei uma festa e tomarei um porrete apocalíptico, afinal nesta vida não vim para...
MIGUEL e BIA - Sanidades!
MIGUEL - Fim de festa!

... Não precisa se preocupar em apagar o cigarro. Afinal, nesta vida não viemos para sanidades, mas para inundá-la os vazios... E se possível com muito álcool, pois se tem álcool é sinal que a privacidade virou uma festa...

* Próximo capítulo: "Aquela do reencontro". Não percam!!!


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Carlinha

Carlinha de Paulo, missionária
Não, hoje não é o aniversário dela. Não é para presenteá-la com meus desvaneios poéticos que me proponho escrever. Na verdade, hoje é apenas mais um dia onde vi muito do que ela me ensinou e confrontou, sendo revivido em sinapses de verdades e simplicidades...
(Foi com ela que aprendi este vício de em tudo colocar reticências, rs).
Eu não estou dizendo que ela é a mulher das verdades ou pre-julgamentos ela é simplesmente uma mulher de verdade, de entrega e investimento naquilo que de mais belo e sublime possa existir em toda esta completude de universo: o ser humano.
Carlinha de Paulo é uma corajosa mulher que ama pessoas e vive nos mais insonoros ecos do pronunciar deste verbo "amor" a responsabilidade disto. Ela ama tanto ao ponto de trazer emoções aos meus olhos  ao apenas me esbarrar com esta sua fotografia na net. Não sei se vocês, INsanos e INsanas, conseguem captar, como eu, a beleza que transpassa este minuto capturado por esta fotografia, mas espero que sim, pois se sim, vocês se sentiram amados hoje também.


Carlinha

Poetiza a vida com paixão
E menina fala de seus sonhos
Com o mesmo cuidado de quem brinca de "bem me quer, mal me quer"
E sempre quer bem
Sempre quer mais
Sempre crê que pra amanhã ainda há vida
E amanhece buscando palavras do sol
E gira o sol só pra si
E Compartilha
E ilumina os que se obscurecem do simples medo de se levantar
E sonha mais
Sonha
E anima
Ela é artista
É de simplicidades, mas não simplória
É rica e peculiar
Amante
Discreta
Felina
Evangelista
Surrealista
Ultrapassa as interpretações humanas
Ela é de fé
Não se explica
Se ama
E vive em amor
E ensinando o amar
Idealista
Diamante
Sem pista
Sem rumo
Com o mundo
E com um mundo de emoções pra ser
Carlinha

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sim, eu peco por amar

Nem sempre são de palavras doces que se tempera minhas glândulas salivares. Eu choro e o gosto das lágrimas misturadas aos amargos de meu paladar me produz um sabor diferente do mel que geralmente exalam minhas palavras. O meu humor tem dias que é agridoce. Outros insuportavelmente insípidos.
Eu tenho um problema, confesso, sempre penso ser amado por aqueles que amo e me esqueço que o ser humano é volátil, pragmático, adaptativo e sempre labuta por sua egoísta existência. E o que fazemos do amor, se o amor é entrega?
Este efêmero e desprezível sentimento entregamos à sorte do descaso.  Defraudação? Constante!
Fico no embate solitário e pessoal de entender como pode um ser caminhar por esta mesma terra que caminho e me alimenta e não perceber no pulsar de meus passos que tocam o solo que o mesmo, não desbrava o desconhecido mundo sozinho? 
Como pode o homem em seu cerne animal se projetar sozinho nesta civilização de descobertas, medos e frios? O bom da da vida é ter colo, ter zelo, ter amigos. E eu tenho. Tenho cheiro, tenho pele, tenho calor que me ensoberbece e alegra, como um delicioso vinho oferecido à Dioníso. E interpreto as paixões da vida com coragem e uma sensação de ser nobre e gigante.
Acho que ando tão à flor da pele que qualquer abraço de novela me faz chorar. E eu choro. Choro rios. Choro litros. Choro tesouros e lavo a minha alma nobre, e assim tempero os risos que sei que darei amanhã, quando o amor chegar outra vez e outra vez mais. E de de vez enquando sozinho!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Te qui la

Te qui la noite
Te qui la a todo momento
Entre os braços, passos e desespero
Te qui la enlouquecendo minha mente
Te qui la confundindo o meu ar
E consumandoos desejos de minha pele
Te qui la para não querer ninguém
Ardente, caliente, al dente
Te qui la sem limão e sal
Com gosto de babosa
Com notas de agave azul
Te qui la, mexicana
Aromática
A arribar os meus instintos
E aflorar os segredos meus
Te qui la me incendiando
Te qui la sem a razão

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

FIM DE FESTA: Aquela da primeira vez

MIGUEL - Oi, eu sou Miguel.
BIA - E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de... 
MIGUEL - ... Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas insistem em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia. É, nós já decoramos!
BIA - Eu queria ver se você ia gostar se as pessoas te chamassem de Gabriel, Samuel, ou qualquer outro "el" da vida. Pimenta no orifício rugoso dos outros não arde, né?
MIGUEL - Bia, não fode, vai...

(...)

Não fode! Que palavra bonita! Nada se compara a sonoridade de "vai se foder". Libertador! E quem nunca fudeu um dia? Ou pelo menos foi fruto de uma fodidinha? Ou você é daqueles que acham que seus pais estavam lendo história de contos de fadas quando te fabricaram? Sei, deveriam estar lendo a Bíblia, livro de Cantares de Salomão. Santa sensualidade, literalmente falando. Não entendo como podemos impor tamanho pudor e mito à cerca de algo tão natural e necessário para a garantia da perpetuação da espécie humana... Uma vida repleta de pequenas mortes! Este é o significado da palavra gozar, orgasmo!... Atire a primeira pedra quem numa morreu um dia, nem que tenha sido no banheiro ou com uma Gretchen estampando uma revista. Conga la Conga!...
Já parou para pensar em como é lindo e poético conjugar o verbo fuder? Vai se fuder, porra! Eu que havia conjugado este verbo no tempo futuro, agora o pronunciava em pretérito perfeito. Há, na vida, tempo para todos os propósitos. Impaciente como sou, tenho de confessar que nunca me agradei de tal pensamento. Deveria, ao meu ver, existir tempo situado por mim para as realizações de meus propósitos, ao meu jeito. Esperar é difícil e doloroso. Esperar e estar certo daquilo que não se vê ou toca. E eu precisava mais do que isto para ser grato. Mas de repente tudo estava para se tornar real e tangível. E entre toques e dor, a primeira vez aconteceu. Eu fudi! E me fudi!... Isto agora pegou mal!
Conselho de um recente ex-virgem. Transe bêbado. Melhor, embriagado. Pelo menos não terá na memória o registro do terror que se estende à uma primeira vez. Nunca vi algo cercado de tantos mitos e lendas como uma "primeia transa". Eu só queria transar, não estava afim de experenciar a mais linda história de amor de minha vida. Não era amor, era sexo! Corpo! Gozo! Calor!... Mas você pegou e se apegou! O sexo nunca cai das vezes num mesmo lugar. Ou seria raio? Ah, vá pro raio que o parte. Vai se fuder!... O problema foi que resolvi dar ouvidos a todos os estúpidos conselhos da Alambique ambulante. Mulher sexualmente madura e banheiro de boite... No way!  É muito mais simples seguir o ritual de uma punhetinha, mas no ao vivo e à cores a situação é bem diferente. O cheiro é outro, o tempo é outro. Existe de fato a presença de um alguém que não está apenas em  minha mente e que não dança somente conforme minha música, mas me convida ã dançar segundo uns passos que desconheço. E me atrapalho, me perco neste pas de deux espontâneo. Não há coreografia. Não há ensaio. Não há regra pré-estabelecida. Há descoberta! 
Horas para que a morte pudesse acontecer e me proporcionar pelo menos um momento de riso e satisfação. Aquela mulher me mordia como se eu fosse uma laranja em extração de suco. Tenho mais marcas no meu corpo do que a remanescente catapora da infância. Eu fui violentado. E ninguém fez nada por mim. E eu só tinha vinte e cinco anos. Uma criança indefesa à mercê de um apetite que me destroçavam os ossos. Ele queria me sugar para dentro dela e retrair de mim toda a minha energia, gente, aquela mulher era uma vampira! Tive que enfiar a estaca nela... e ela morreu! Ou será que fingiu estar morta? Ops, acho que isto não soou legal! O grande problema dos rapazes de poucos vinte anos, é que eles tem muita fome e não sabe utilizar os instrumentos, os talheres para comer o prato principal. Não saber se portar à mesa. Vão com sede ao pote e se assustam quando o pote tem muito mais água para o saciar. Crianças... Quanto mais eu conheço as mulheres, mas me apaixono pelo meu smartphone. Mas eis de confessar, tirando o álcool que me roubava a sensibilidade, foi a experiência mais gostosa de minha vida. Literalmente, gostosa! Todo mundo homem precisa viver. Todo homem precisa um dia proporcionar vida! 
Sei, pensou que já estava acabando a história de hoje. Mas quando foi que não apareceu a Bia em meus dias de paz? 

BIA - E aí, foi bom pra você? Me conta... vai!

Ela propôs um brinde para todo o bar. Em minha homenagem. Parecia aquelas mães que comemoram a primeira menstruação de suas filhas. Santo constrangimento! ... Rito de passagem nobre, meu jovem... Ela fez leilão de meu pau, me anunciava como um produto em promoção no mercado. O meu corpinho que mamãe passou talquinho e cuidou com amor! Os caras, todos, me davam aquele caloroso tapa no ombro. A minha comanda foi zerada. Não, não pagaram pra mim, eu paguei uma rodada e outras tais para todos. Coisas do tribufú da Bia. E virei o mais novo ex-virgem do pedaço. O último? Não sei... desça outro campari, sme laranja, por que a noite é uma criança, retida na camisinha, é claro!

(...)

BIA - E aí, comedor? Acordou bem?
MIGUEL - Pára com isto, né, Bia?
BIA - O cara mais invejado do pedaço...
MIGUEL - Poderia ser bem diferente, né? Mas tua boca...
BIA - Mas que sexo selvagem, hein! Quantas marcas! Você está mais mordido.Um Dálmata! 
MIGUEL - Eu sou selvagem!
BIA - Não foi o que ela me disse...
MIGUEL - Ela te disse... E o que ela te disse? Bia, você...?
BIA - Vem ni mim, Dalmatazinho, que to facim facim... 
MIGUEL - Bia, você a conhecia?
BIA - Sim, ela me devia uns favores.
MIGUEL - Beatrizzzzzzz!


 ... Não precisa esconder as marcas de tua fúria. Pra tudo há uma primeira vez e ninguém nasce sabendo. Afinal nesta vida não viemos como PHd, mas com vida e gás pra aprender e se possível com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...

* Próximo capítulo: "Aquela dos cigarros". Não percam!!!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Por INsanos: Nem tudo que reluz é chocolate

Ao perguntar em como poderia apresentá-lo em meu-nosso mundo INsano, ele foi categórico: gostoso e lindo! Vocês concordam INsanas? É, ele é assim mesmo, embora nascido em Nova Friburgo, se naturalizou como típico menino do Rio, calor que provoca arrepios! Ousado!
Hoje os INsanidades de Valdemy tem a  honra da participação de um grande amigo, ator e estudante de Teatro, Gabriel Borges! Divertido escorpiano com ascendente em escorpião, com apenas 19 anos, mas com uma respeitada carreira no teatro e televisão, digna de peça teatral dirigida pelo brilhante Miguel Falabella e majestosa atuação de Cláudia Jimenez, além de novelas como, "Malhação", "Aquele Beijo"... enfim, o menino é popular, engajado, inteligente e querido. Este sim, é querido pelos amigos! E feliz sou eu por partilhar de sua agradável companhia. Melhor, de sua boa energia, rs (piada interna)!
Vamos parar de conversa fiada e vamos logo às INsanidades que é o que nos interessa. Gabriel, seu feio... pronto, compartilhe conosco suas anormalidades! Se joga!



Nem tudo que reluz é chocolate
texto de Gabriel Borges


Hoje presenciei uma cena escatologicamente épica. Enquanto saia da Laura Alvim, de longe avistei uma belíssima e de cor amarronzada bosta de cachorro. Apresentava uma textura bela e chamativa, provavelmente por ter sido pisoteada por inúmeros tipos de sapatos e sandálias diferentes, inclusive fácil lembrava o tão famoso chocolate nutella. Confesso que vontade nenhuma de comer eu tive! Na minha frente uma mãe conversava com uma babá e riam enquanto um pequenino corria a frente brincando com as flores que encontrava. Num ato de aloprada consciencia infantil (?) ele passou o dedo naquele chocolate meio amargo feito única e exclusivamente com extrato de merda e lambuzou a blusa branca que vestia. Seria uma cena perfeita pra um comercial da OMO senão fosse o que veio a se suceder.

Sua mãe se esgoelava e corria desesperada enquanto tentava colocar um ponto final naquela brincadeira nada higiênica. Quando a mãe pegou o pequeno no colo, ele logo foi dando um tapa em seu rosto -daquele típico de criança que não quer ser interrompida enquanto se diverte em seu universo pseudo-autista dá -e assim o fez com digníssimo sucesso. Acredito que van Gogh tenha se revirado no túmulo com inveja da beleza da marca de mão de bosta gravada no rosto daquela mãe!
Ela, no ato de repulsa primária, soltou a criança no chão pra evitar que a catástrofe fosse ainda maior. Instintivamente começou a brigar e reclamar com a babá ignorando e deixando a criança de lado. Quando volto os olhos pro pequeno monstro mãos-de-titica descubro que lá está ele de volta ao paraíso de fezes (A)chocolatadas, mas dessa vez, em mais um descuido de sua mãe, o pequeno ergue a mão com um pedaço do cagalhão e, num ato triunfal, leva a mão a boca, se lambuzando e se deliciando com aquele banquete. A mãe, que se limpava na fralda do moleque, só se deu conta do que realmente estava rolando quando as gargalhadas do pequeno se transformaram em choro. Ela o agarrou pelo braço e entrou desesperada em uma rua e logo sumiu.
De um lado o meu maior ídolo, o pôr-do-sol do arpoador e de outro um inferno causado por um pobre e inofensivo cocô. Por isso, quando sair pra passear com o seu cachorro lembre: Pode haver uma criança louca por chocolate por perto, portanto, leve uma sacolinha e recolha a bosta do seu cachorro!


"Os INsanidades de Valdemy também é prestação de serviço público. Obrigado, Gabriel. Obrigado monstro mãos-de-titica, rs!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Amar não lhe dá o direito de ser amado

Findo esta tarde que poderia ter sido linda e agradável refletindo em como se estabelece tão timidamente a efemeridade de nossos sentimentos... Como nos esbarramos nas ambições egoístas e preconceituosas que temos depositadas em nós mesmos! Como somos reféns de nosso próprio desamor! Como não acreditamos nas palavras belas que nós mesmos por livre e espontânea manipulação alheia proferimos. Me desculpe, mas não tenho mais tempo para amar!


1 - Eu amo!
2 - Bom dia também!
1- Você é muito especial!
2 - A gente se fala pelo chat.
1 - Caramba, vou te dizer uma coisa, pode contar sempre comigo, irmão.
2 - Esqueci a minha carteira em casa, desculpa!
1 - Relaxa, está de boa!
2 - Até quando?
1 - A vida toda.
2 - Morri.
1 - Eu te conheço, está puto.
2 - Onde comprou este livro? No sebo?
1 - Convivência...
2 - Não tem espelho?
1 - Desde quando te conheci.
2 - Ainda estou em descoberta pessoal.
1 - Vai o pessoal todo.
2 - Olha, se ligarem você atende e diga que dormi.
1 - Deixei um recado na caixa postal.
2 - Meu celular está doido.
1 - Que pena!
2 - Acontece.
1 - Mas eu te amo!
2 - Desculpa, é que a ligação caiu.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Coisas de filho pra pai

Com Matheus Barcelos
Eu sei que sempre falo muito. Sei que muitas vezes falo o que não deveria dizer, desculpem-me. Dentre outras coisas que sei sobre mim é que em 1,70 metros um mundo gigante de paixões e fé se escondem e se revelam em risos, gritos, lágrimas. Eu apenas não sabia que viveria para contemplar numa declaração tão simples e honesta de amor e respeito. Um roubo de todas as orações, palavras, sílabas e sons que expressam as minhas INsanidades.
Hoje eu preciso falar de mim. Eu que sempre compartilho com vocês um lúdico mundo atrelado a verdades e in-verdades, sinto-me obrigado a revelar do que se constrói a minha vida. Constumo dizer que sou feito de amor das cabeças aos pés. Sou um misto de muitas iniciativas que deram certo e continuaram vivendo em mim em conflitos e naturalidades. Sou complexo. Sou tímido. Sou vazio. Sou cheio.
Paradoxal sujeito, né? Vazio e cheio! Vazio do que? Cheio de que? Muitas coisas, mas a esencial delas são as pessoas que tecem o tecido de minha pele e merca em minhas nuances a minha história. Um dia me disseram que pessoas sempre valiam à pena. Eu cri. Eu não cri por que era uma revelação nova da verdade da vida, eu cri por que via esta verdade na escolha que o meu pai teve em vida. O meu pai amou. Amou à si. À Deus. Ao próximo. Amou até a morte e ela foi cruel. Esta perda sangrou o meu peito e desenhou diagnósticos de câncer maligno. Eu tenho todas as lembranças de um bom momento, mas dói não ouvir aquela gargalhada gostosa que musicalizou a minha infância. O engraçado é ver no meu discurso de pragmatismo o mesmo bem que mal meu pai. Pessoas!
Quando comecei a amar as pessoas, eu comecei com medo. Ser humano é um bicho estranho e por vezes nos trata como objeto descartável. Monstro sapiens! Mas eu sabia que não poderia ter a vida um sentido mais nobre senão o amor ao próximo. Eu amava Deus nas declarações de amor simples e humano. Amor sobrenatural revelado naturalmente de humano para humano. Eu amei. Semeei carinho e graça. Alguns dias foram lágrimas que irrigaram minhas sementes, paciência, tolerância, escuta, mas hoje as lágrimas que rolaram de meus olhos foram de terna felicidade. E ele me chamou de pai!
Obrigado, muito obrigado, filho Matheus Barcelos, por todo este carinho de filho pra pai que me constrange e me deixa sem saber o que dizer. Obrigado por ser simples e constante e me permitir ser pai!


De Filho pra pai

 Eu vi nos traços infantis de seus desenhos
Os desenlaces de um grande homem que você tornaria
Tornamo-nos amigos, confidentes, leais
E o tempo percorreu o seu natural curso
Nos roubando o dia-dia, o riso, o abraço forte
Mas a distância apenas atava o nó da fidelidade
E vi o destonar da linguagem de menino
Se maturar no grave de experiência, dúvidas
A sua história começou a viver em si
Por você
Você começou a voar longe, alto
Do teu jeito irreverente e sedutor
Aconteceu o primeiro amor
E eu participei
Me tornei sogro, figura estranha
Ei ri de tudo isto
Eu não cria
Na verdade temia quando deixaria de ser
E então vem você com as mesmas simplicidades de criança
Me surpreende com a tua lembrança que levarei no peito
E falará de nosso coração
Coração de filho pra pai


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Tecca Ferreira

Tecca Ferreira
"Hoje vai ter uma festa..."
Já comecei errado as minhas INsanidades, pois com ela, todos os dias são dias de festas, glamour e alegria...
Está para nascer em meu círculo nobre de relacionamento um ser tão abursadamente refinado e doce quanto esta pequena que enche os meus dias de delicada inteligência e generosidade em suas ponderações, comentários, risos e companhia. 
Cadê Tereza? Gente, ela é tão diva que inspira com o seu nome muitas canções que circulam por nosso dia-dia, mas o meu sonho mesmo é invadir o seu guarda-roupa e roubar pra mim todas estas combinações de fino bom gostoso e ousadia em se vestir... Elazinha, arraza!
É com prazer e lisonjeio que os INsanidades de Valdemy parabeniza você, minha linda Tecca Ferreira, por suas belas flores de primavera que celebramos hoje. Feliz INsano-niver!



Tecca Ferreira

Não são poesias comuns que rimam os seus olhos
Sua realeza fala de um sublime mais real
De um tangível que se perde em rotinas de leituras
Ela é inusitada e surpreendente
Constrói risos doces nas maças
Desfila leve
Passeia
Desenha com passos pautas de sinfonia
Caminha segundo uma trilha que produz pra si
Charme
Charme que chama a atenção
Sem gritar pelos nomes
Apenas olha
Apenas é olhada
E mais que isto seduz
Conduz 
Alegra
Menina
Mulher
Faceira
Tereza

domingo, 5 de agosto de 2012

Cheiro de Babel

Per amore
Me per fume inteiro
Me per turbe los cabellos
Me tor ture os peitos
Me dez integra
Por favore
Te com diz os cheiros
Sê fé lis os jeitos
Sê ma triz os termos
Me dez faleça
Por louvores
Me inter preta a língua
Metra duz a guinga
Me poli glota

sábado, 4 de agosto de 2012

Nunca peça desculpas depois do amor

Não me venha com conversa fiada
Já paguei a dívida que futuramente poderia ter com você
Não me venha como se o nada aconteceu
Embora o tudo não se compare com as expectativas que tinha
Não me venha sem vir
Nem venha por inteiro
Pois já compartilhei nossas laranjas
Não me venha com teus sucos
Estou seco, irrigado à socos
Não me venha dizer que foi efeito do álcool
O feito que calibrou tuas palavras que me atropelaram
Massacrou-me à caminho do nós
Não me venha sendo meio homem
Não me venha sendo meio sexo
Já deslizei o dedo pelo botão de sua estação de rádio predileta
Já abotoei a minha camisa verde
Eu não quero
Eu não quero o teu fumo sobre mim
Não me venha com o teu verão
Minha estação canta inverno
Não me venha com tuas palavras que não entendo
Nem tua liberdade espero
Parto antes de tua prisão
Não me venha com o eu que me completa
Não me venha com quebra-cabeças
Pois é o meu coração que se perde partido
E minha cabeça se encontra sem ir e vir
Não venha com tua boiada
Não me venha com este rodeio de palavras iniciais
Não espero o teu capital
Não capto tua espera inocente
Por favor, não me venha com arames à me envolver
Eles sangram e não rasgam apenas camisas, mas o peito
Não me venha com falsas paixões
E fingirei que também nunca fui

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Luisa Espindula

Luisa Espindula
Meus INsanos e INsanas, quanto tempo não nos vemos!!! As saudades imperam o meu peito de saudades e insanidades. Mas já que agora vivemos muitas histórias neste último mês de férias, eu, o INsano-mor, como fênix das cinzas, ressurjo cheio de graça e ousadia para dividir com vocês as mais inusitadas histórias neste meu-nosso mundo INsano. 
Como eu sempre digo: nem só de sanidades vive o homem! E hoje é um grande dia! O dia mais esperado neste semestre que acaba de se findar! O retorno do blog? Não apenas... Ela, elazinha, linda, falante e mineira, Luisa Espindula, minha esposa INsana, completa as suas 18 primaveras e se vivíamos antes, imaginem agora, alforriados... Rs! Felicidades, minha bela!



Uma mina de beleza

Sorriso ingênuo, olhar tímido, gargalhadas ao vento
Sem papas na língua, sem pudores
Apenas os momentos
Ela é assim, doce a la Minas
Uma mina de beleza
Uma riqueza de singularidades
Firme como carvalhos
que depositam águas que pássaros não bebem
Entornam
Em torno de si se encontra graça
Aquele riso que se esboça no lado direito
E rouba toda a face repentinamente
Não há como não se render à sua meninice
Seus gritos agudos
Impetuosos
Tem o dom de roubar do silêncio o trono
Ela faz da calmaria uma avalanche
Faz do rio um mar agitado
Cheio de ondas e as tira para passear
E passeia linda e bela
Atraindo os olhares malandros
E atirando marmanjos nas poças que produzem pra si
É menina e aprendeu ser mulher
Troca de identidades com a maturidade
E contrasta o mimo com a força de ser
Mais leve que à música que canta seu nome
Ela musicaliza os passeios
Eterniza os ventos que passam
É simples
É gerais
É Luiza
Quem te conhece não esquece jamais