sábado, 31 de julho de 2010

Out of my mind

There's no word to say about you
So I may try to talk about us
And do something interesting

There's no word to say about you
So I may play with your heart
And show my feeling

I've been thinking on you
all the time
I've been seeing you everywhere
You're always on my mind

How can I take you out?
Out of my mind
and take you near me

How can take you out?
Out of my mind
and stay with you, in...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O texto das tais águas de sexta-feira

Sinto como se uma singela fonte de águas doce fluíssem de meu interior, irrigando contos, fábulas, crônicas; sinto como se todas as palavras que ansiara dizer noutros dias se encharcassem e molhassem a sequidão que outrora ouvia surda.
Fonte, água, rio, riacho, mar e oceano.
Fonte, água, rio, riacho, mar e desespero.
Sei que água é vida, alimento necessário ao homem, mas represo-as em meus contenderes invocando sua fúria que domino num banho de água fria.
E então, a mesma evapora e aquece uma vez os motores de meus tanques que se apressam em fazer guerra, bombardeio de informações e intenções dúbias e insinuantes.
Minhas guerras tornam minhas águas amargas, “sípidas”, com odores e colorida com o rubro, que se dilui revelando o meu calor. Água suja que não lavo em casa, pois não há erro. É calor latente ao homem, é ainda água e somos feitos dela, da irrigação de um prazer que produz erupções vulcânicas em encontro ao oceano de encanto, delicadeza e sedução.
Somos água, ainda antes de vida. Somos vida ainda dentro de águas.
E ao calar a boca que saliva em instinto, denunciam-me os chiados de muitas águas que se curvam e dançam ao encontro das pedras duras que elas destroçam com o tempo. São sutis ao “desculpirem” com sua arte majestosa os concretos que edificam meus conceitos e valores. São artesãs.
Fonte, água, rio, riacho, mar e oceano.
Fonte, água, rio, riacho, mar e encanto.
Politizadas, educadas e instigantes, sabem se querer, se desejar, se esconder. São mistérios que se revelam na medida da ousadia em desbravar suas profundezas inseguras.
São morte e despedida, ou despedidas sem partidas, são cemitérios dos que as amam.
As águas guardam segredos e relíquias, guardam tesouro e histórias, e mais uma vez vida.
E o mar de minha vida com suas ondas enfurecidas, mas que quebram com sutileza nos meus pés nas areias, me seduz; no entanto na intenção de me refrescar os calores ou afogar meus pudores?
Me seduz. Me conduz. Me abstrai.
E eu não sei algo além de saber que já sou homem e não aprendi permitir as águas naturalmente fluírem de mim ou nadar nos riachos que escondem e conduzem aos segredos de meu oceano.
Sou homem e por medo não aprendi a nadar.
Sou menino com olhos marejados á margem do rio, e meu anseio é apenas me refrescar!

Planta desplantada

Que dor
Que dor
Que dor entrelaça meu corpo
Me prendendo num maço de galhos verdes
Amarelando rumo ao fogo
Que arde me queimando
E distribuindo meu cheiro como incenso
Tornando-se intenso
Minha a atmosfera de dor
De dor
De dor
De dor de meus braços que se quebram
De minhas flores que sepultam vida
De minhas raízes que sustentam erosão
Eu sem cor,
Sem sombra de dúvidas
Sem fome
O homem
O homem
O homem me come e vomita meu corpo
Por deslizes de prazer
Por crendices de poder
Por demônios de coração
Os meus sons vieram ouvir?
Ouçam minha dor
Não vejam minha cor
Nublado meus céus estão
O meu suor são lágrimas
Em maremotos de destruição
O meu rancor são fogos
Num calor que não é verão
Minhas pedras estão caladas
O sabiá a voz atada
Pra esta terra não tem perdão

Querem água?

Não querem água?
Então tomam!
Se encharquem nas águas produzidas pelo meu grito,
meu gemido,
meu prazer
Se encharquem nas águas que refrescam o meu calor,
o meu sabor de veneno impuro e indevido
Se encharquem de tesão,
do gozo o qual fomos feitos e refeitos em atitudes de prazer em obter
Você
Em mergulhos de intrepidez e coragem
Rapidez e voracidade
Em mergulhos de fogo, de terra, de ar
De vento
De vento
De vento que desnorteia o siso
E desdobra o juízo
Tornando sons em palavras água
Palavras vazias
Sem sentido
Sem colorido
Em som vazio
Em sequidão

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Hoje é um daqueles bons dias que com total paciência mandaria uns supostos amigos sensíveis e sentimentais tomarem banho na caixa de fósforo...
Axo que é um bom momento para parar e filosofar o por que não fico cantando : "Eu
te amo e vou gritar pra todo mundo ouvir..." pois não preciso que todos ouçam, à mim basta ouvir o pulsar de um coração que se ama e de tal forma me ama...
Esta coisa d dizer, "por vc eu morreia...' Ah, tenha dó! Quero meus amores vivos e não os odores de suas mortes!
Eu contemplo a vida. É na vida que escrevemos histórias, vivemos histórias, recontamos histórias e nos perdemos em nossas mágicas estórias.
Esta parada de efusividades é uma puta sacanagem, pois nos envolvemos com este mister amor total, mas não pensamos no fato de que tudo que vem rápido assim também se vai, como chuva serôdia e temporã do verão.
Amores, me perdoem, se é pra falar em amor, prefiro os aquecimentos do inverno!
E então quando passar a estação e ja for primavera, lhes trago as belas flores!

#Give me a break! And set me free!

Você²

(...)Apenas um motivo me faz querer voltar logo para o Rio de Janeiro; o mesmo motivo que faz quer estar pra sempre aqui... Você!
São Fidélis mais uma vez se entroniza como minha zona de conforto, meu lugar de proteção e segurança, não contra algum agente externo, mas contra as minhas próprias insanidades, insanidades de Valdemy.
Eu me perco no movimento de sedução e malícia de minha própria mente que me administra para o mal.
Minha mente me induz à Você, que com monossílabos poemas me ensorbebece e(...)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Você

(...)É só bem pensar em Você que meu dia muda e uma muda de pensamento do meu bem é plantado em mim.
Fico mais Você quando penso em Você. Fico mais vivo, mais colorido, mais alegre, mais amor.
Você realmente é tudo o que qualquer mero apaixonado e descrente mortal um dia sonhou para si. Você é carinho, é paixão, é ternura, é riso que me rouba o siso, a razão ou concentração. Você me rouba o tino que tinge meu coração de amarelo pálido. Rouba meu sangue e me bombeia de sentimentos inenarráveis e sigilosos.
Você me abstrai, intimida e cala.
Você rouba meu som, meu tom, meu bom senso, bom humor, bom caráter.
Você me rouba a vida e a presenteia de avenidas de desencontradas intenções.
Você me rouba à mim. Você me rouba você!(...)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Em partes

Por ti
parti meu coração
picado em pedaços
praticamente iguais
à iguarias exóticas
num exagero de um efêmero
desejo de que parta de ti
praticamente todo partido que anseio
praticar em partes de minhas noites quentes

Quem te conhece que te compre
e eu te compro numa transação virgem e lucrativa
na atividade de ver ativa tua viva vida
que vi dá frutos alucinantes
em minha mente amante
de um alucinado fumante
diante de ervas finas
refinadas à misturas
que tritura meu cérebro
e praticamente mente
e parti de novo meu novo coração

Jardim

Hoje me vi num jardim, num lindo bosque de lindas e raras flores que exalam um certo perfume doce peculiar, do qual poucas vezes senti me invadir as narinas. Perfume que exalava doçura!
Aprendi sobre simplicidades, verdades, sobre a vida que embora em tão poucas experiências sobre a mesma, falava com autoridade, veemência e coragem... Falava de coisas que sentiam no peito, coisas que faziam o próprio peito pulsar e manter vivo e quente um coração tantas vezes ameaçado pela frigidez e desafios que nos planejam a vida.
Hoje eu ouvi falar de amores, de paixões, de purezas. Hoje eu ouvi falar do coração para o coração!
Hoje me encontrei no jardim como infantil criança desembrulhando um carinhoso presente que a vida me reservara, sem promessas, cobranças ou barganhas, mas surpresas, muitas surpresas... E me permiti surpreender, emocionar e almejar ser parte deste jardim e enfeitá-lo, também perfumá-lo, compartilhar minhas belezas com ele para que outras pessoas também se encantem por seu cheiro, cores, e pássaros que atraídos por suas flores bailam no seu céu ministrando mais vida.
E cheio de vida e sem palavras pra expressar tamanha gratidão me vi invadido pelo sentimento de ser unânime no desprendimento de também me permitir conhecer e presentear à vida com a chave da minha... Um marco na minha vida que trouxe um pouco mais de vida à mesma!

Leituras de um simples sorriso

Eu vou te procurar aqui
Eu vou te procurar ali
Na esquina, na sala ou noutro lugar
Vou fugir pra ti,
Fugir em mim e te encontrar
Você que guardei no meu peito
Eu falo comigo
Pra falar contigo
Falo ao meu coração e então te vejo
Fecho os meus olhos e sigo teu perfume
Finjo os meus costumes
Mas é você que me inspiro
E digo que vou
Invadirei meu peito
Sem jeito me informarei
Dos segredos que ti suspeito
E infiel me denunciarei
Vou encontrar tuas sinas, teus sinais
O sino que insinua tua nudez
A sombra que revela minha timidez
O sorriso que te desenha pra mim
O sorriso que me constrange
O sorriso que te distrai
De minha vontade de dizer: Te amo.

Viciado

Foi seu olhar puro que me despiu à alma,
Foi seu toque de carinho que me expôs as fragilidades,
Foi sua palavra doce que me revelou verdades,
Foi seu passo firme que me conduziu esperanças,
Foi seu cheiro aprazível que me entorpeceu
Viciado sigo por completo

Obrigado Jesus

Quem me amaria como tu, meu Deus,
ao ponto de entregar o seu único filho à morrer por mim?
Quem me amaria assim como tu, Jesus,
ao ponto de despojar de toda a glória de um Deus e viver e morrer numa cruz por mim?
Quanto amor revelado em dor!
Quanta paixão revelada em compaixão!
Jesus, Tu és o motivo pelo qual suspiro, respiro,
és o próprio ar em mim,
és a própria vida em mim.
Como não te amar, Jesus?
Por você meu amo, quero viver cada dia,
ao ponto de honrar com meus suspiro tua morte.
Tu és mais que meras palavras, mera filosofia verosemelhante da vida,
és a verdade absoluta da vida, és a salvação!
Eu poderia usar de muitas palavras para exprimir teus predicativos, como Rei, Senhor, Amigo, Sublime, ou em três revelar o que mais sinto por você, mas ainda maior que meus sentimentos está a palavra que te denota e completa a tua realidade adjetiva... declaro simplesmente Jesus!

Curtinho³

Juro-te que não será pra sempre
Prometo-te que não terá depois
Lembro-te que não terão memórias
Afirmo-te o que minha palavra negou
Certifico-te dos plágios
Realizo-te como inanimado
Declaro-te já esquecido
Digo-te que só lembro quando esqueço
Falo-te como um desconhecido
Analiso-te como um divórcio
Rubrico-te como à um documento valioso,
Mas que perde o valor com o tempo que já passou.

Sobre prazer²

E tomado por um espírito de herói desbravador vou percorrendo as curvas perfeitas das montanhas de teu corpo.
Tendo-te atracada em meu corpo sinto tua respiração ofegante, o perfume em tua nuca, embriago-me como que por um ópio pelo cheiro seco de teus cabelos ainda molhados do banho quente e demorado no fim de noite, quisera eu ser o sabonete ou mesmo a fulgas espuma que em ti escorre, te neutralizando a pele dos odores de um dia exaustivo, estressante, longo...
Prendo-te por meus braços e desfilo sutilmente por tua pele, mapeando tua costela, teus ossos, vértebras, cada cavidade natural formada pelo encontro de cada uma delas. Pequenas tornam-se minhas mãos diante de tamanho mundo desconhecido do qual me comunico com a linguagem do toque, do tato analfabeto respondido por teus calafrios, erupções cutâneas, bem parecidas com certos vulcões assassinos prestes à entrar em erupção.
Já nem sei quem é quem, onde começo ou termino, onde me encontro ou me perco, onde me escondo ou acho. Acho que não me escondo, eu acho. Perco o que encontro nos segundos que me fogem como uma brisa possuída por vendaval. Termino o que não começo, as surpresas me recebem desde à porta.
Aplico em manobras minhas massagens profundas e descompassadas, acordando em ti regiões nunca antes rebeladas, acordo em ti a fúria de uma criança não obediente aos teus conceitos, valores ou consciência sobre o amor, meu amor, que é imaturo, infantil e totalmente impudente.
Águas me transpassam o corpo, águas salgadas que nos temperam a pele, resultando em notas agridoce à combinação suculenta de tua boca ao despojo da minha que te devora os lábios, o queixo, nas maças de teu rosto eu desperto ainda mais fome, nas saliências de tua orelha eu aqueço desejo, e de volta a tua boca eu me delicio de você, falando apenas em salivas, em pressão, fricção, em silêncios interrompidos por estalos.
Descubro-me em monte cada vez maior, pico em que firmo minha bandeira e que desmorona ao encontro do mar, outrora agitado, feroz, esculpindo ilhotas por seu leito habitadas por memórias decoradas de prazer.
E então desço aos teus planaltos e descanso em tuas planícies recobertas por verdes gramas, corro aos riachos que te invadiram lentamente, colho as flores que regaram e onde repousará a sombra ao amanhecer, me deixo adormecer!

Muito pouco de mim²

Se você com sutileza de espírito pudesse olhar por meio as pupilas de meus olhos, ultrapassando as córneas encontraria a porção de palavras que à minha boca cala e meu coração tormenta, condena e amedronta.
Se você pudesse com delicadeza de espírito ler por entre os tremores de meus lábios, ouviria de mim muito mais que calafrios ou sentimentos de hipotermia, mas as batidas da melodia do samba-enredo que aquece meu coração.
Tem amores e desejos que nem impuros são, mas suspiram perda e distância. Há sentimentos que nem sujos são, mas suspeitam dor e acusação à quem os peitam no coração.
Meu coração tem partes, tem cômodos, caminhos estreitos e escuros que armazenam guardados antigos e novos de paixões ou ilusões presentes ou até mesmo vindouras. Meu coração em parte é como um músculo descompassado outrora núvem ritmado à caminhar em direção por onde corre, caminha ou dorme o vento, a brisa ou tempestades impetuosas que abruptam destruição.
Os pensamentos que me assaltam tem força e garra persistente que me roubam o que de mais nobre um homem poderia conservar da vida, a honra, a coragem e o pudor. De pensamentos e intenções boas a minha mente é que está cheia.
Meus toques, abraços são santos, puros e ingênuos, mas fracos e refugiados de guerra entre consciência e amor.
Se você pudesse olhar por entre as linhas e palavras destas muitas palavras encontraria o que por muito tempo procuro e ainda não encontrei, as verdades de minha vida, ou a vida das verdades que sempre gritei não ser em vão.

Muito pouco de mim

Eu ando pelas ruas as pessoas me reconhecem, se lembram das capas de revistas, dos jornais, tv, porém nenhuma delas me conhecem, não conhecem minha idéia, meu riso, meu abraço, meu choro.
O meu amor não me tornou uma pessoa amada, porém tornou-me uma pessoa armada em relação à vida e à você.
Mesmo sabendo que você não vem eu te espero na esperança de ser surpreendido por você.
Mesmo sabendo que você não ouviria minha voz saliente nas poesias que componho em você eu suspiro minhas doçuras pelas ruas ou assovio suas melodias sentado à baixo de tua janela.
Mesmo imaginando que você não me entenderia eu simplifico meu amor nos olhares perdidos à sua procura.
Mesmo sabendo que as estrelas de meu céu não te recobrem brilho, eu à cada noite as recoloco no mesmo lugar pra que te iluminem o caminho.
Muito te gosto e tampouco penso em deixar de gostar, mas não lhe quero mais endereçando meus caminhos ou sentidos em relação à vida, pois você é surpresa, irreverência, inconstância e egoísmo, conhecer-te na vera é como me embaralhar numa rede entrelaçado pelos nós-cegos de tuas intenções ou motivações a ti convenientes .
Confesso, meu amor é falível, errante, mas não pequeno, incerto ou pecaminoso, não o que nele me condene, pois toda a condenação que me impediria de amar, o mestre do amor já carregou por simplesmente amar e ensinar num pragmatismo peculiar o verdadeiro amor.
Por saber que você nunca viria eu esbocei estas palavras repletas de escondido amor pra que a estas referidas te encontrem no lugar em que se esconder, não de mim, mas de ti mesmo.

Sobre prazer...rs!

Agora não fuja,
Olha nos meus olhos,
No fundo de meus olhos
E veja o que eles pedem de ti.
Olhe um pouco mais pra baixo,
Acalme-se.
Só mais um pouco à baixo, para a minha boca.
Veja como ela treme e saliva por teus lábios,
Que exalam-me um cheiro doce ao mesmo tempo amargo,
O teu bafo quente, ofegante,
Exalam-me cheiro de frutas frescas.
Volta de novo para os meus olhos,
Não tenha medo,
Não mordo,
À não ser quando sou tomado por um espírito vampiresco
Que domina-me a consciência,
Roubando-me a razão.
Deixe-me ver o que tens aí em teu olhar,
Deixe-me conhecer de teu gosto, teu calor, tua respiração.
Tempera-te de meu temperamento.
Norteie-te de meus pensamentos.
Alimenta-te de meus tormentos.
Sejas parte de mim,
Cruza-se aos meus pensamentos malvados, secretos,
Deslize pelo meu corpo e encontre meu prazer.
Desvenda o caminho de minha felicidade, meu fogo, meu gozo.
Encontre-se em mim, em cada curvas e voltas de meu corpo,
Em minhas esquinas e ruelas que planejam minha cidade.
Descubra quais as linhas que marcam minha expressão prescrevendo meu riso.
Descubra o assunto que me acanha,
O olhar que me constrange,
O toque que me traz calafrios congelantes,
Mas que me esquentam por inteiro.
Devora-me por inteiro,
Como um livro de romance,
Página por página,
Letra por letra,
Vírgula por vírgula.
Degusta-me como uma sobremesa,
Pedaço por pedaço,
Sabores por sabores,
Saliva por saliva.
Deixe-se produzir água na boca,
Deixe-se suar, transpirar,
Deixe suas águas saírem de você
E te encharcar por completo,
Deixe rios correrem, fluírem de ti
E me inundar como uma avalanche de prazer
Que me congela, paralisa,
Deixa-me sem saber o que fazer,
O que falar,
Qual primeiro sentimento sentir,
Transmitir, expressar.
Cala-me.
Toma-me e possua.
Desperdice tempo
E dispída-se do pudor,
Despédi-se com o sabor de tua saliva,
Despedi-se com o sabor de quero mais.
Deixe-me na vontade,
Na saudade,
Na espera.
Deixe-me cansado de prazer.

Um papelete branco amarelado

À poucos dias atrás eu estava vasculhando umas caixinhas antigas que guardava em cima, bem no fundo do guarda-roupa e adivinhe o que encontrei.
Eu achei a chave de entrada de meu coração.
Fiquei alguns minutos, confesso, só olhando para a chave com receio de ao menos tocá-la, uma chave nova, sem marcas, afinal poucas, bem poucas vezes abri meu coração com ela, nas poucas vezes em que ele foi aberto, foi à força, agredido foi o meu coração.
Depois de pensar e repensar alguns minutos peguei a chave e o abri, tive até dúvida se era o meu próprio coração ao vê-lo tão sujo, empoeirado e vazio.
Descobri um monte de coisas ao meu respeito e logo o tranquei de volta e escondi a chave em um outro lugar. Tem verdade que nem devem ser ditas! Tem verdades que nem devo acreditar!
Como por exemplo, eu descobri que não gosto da vida que digo amar. Nem tampouco das pessoas que passeiam por ela, nem as que já passaram e deixaram lembranças, nem falo das lembranças ruins, tem recordações agradáveis e boas que preferia nem ter vivido. Odeio gente boa, educada e docinho!
Odeio as pessoas que bajulam, abraçam, andam certinhas e dizem à todo momento: te amo! Não existe raça mais hipócrita e mesquinha.
Na verdade, o que eu não acredito é neste amor, este que os poetas cantam, não acredito em reciprocidades de sentimentos. O ser humano, não sei se gosta de sofrer ou é cego mesmo, mas eu nunca olhei no mesmo instante para um mesmo olhar. Será que eu nunca vi, me vi ou nunca me enxergaram. Coitados!
Eu encontrei um quarto com um monte de guardados que me inspiram medo, datados nos dias em que tentei ser visto por alguém ou ver alguém que me olhava. Nunca mais farei isto.
Bem perto deste quarto tinha um cômodo com cheiro de egoísmo, fraqueza, ciúmes, muitos ciúmes, muitos. Lugar fétido, seco, frio.
O meu coração não era tão grande, mas tinha uns outros cômodos e ainda outros que nem quis entrar, mas em um tinha um grande espelho sujo e quebradiço em que me vi negramente refletido, eu era magro, esquelético, bem alto, com olheiras, uma criatura assustadora. Este quarto chamei de solidão, pois era assim que ficaria quando muitos me encontrassem na minha intimidade.
Também nem me importo, eu amo a solidão. Amo quem me ama e não me abandona, quem está incondicionalmente ao meu lado, sempre. Ela sempre chega quando os demais se vão, sempre chega quando a chamo, nunca me troca por alguém, é a única criatura no mundo que mantenho uma relação recíproca, saudável e confiável, pois da solidão não tenho medo, ciúmes, raiva, inveja ou sentimentos de rejeições. Ela sim me ama!
Posso te contar uma outra coisa?
Quando cheguei no quarto onde tinha uma cama, um guarda-roupa e um lençol, eu vi uma grande rachadura na parede e um pequeno buraco com um papelete branco amarelado, era um bilhete, carta, um pedido, sei lá umas palavras escritas com minha letra, eu as reconheci e nelas sabe o que eu dizia?
Eu, acho que orava, rezava, uma prece à um alguém quem eua inda tinha esperanças, dizendo de um sonho, eu dizia que era meu maior sonho, o meu segredo maior, minha verdade...
Poucas palavras escrita com letras e linguagem de criança, realmente deveria ser um texto bem antigo, talvez por isto a cor amarelada; escrito à lápis eu pedia: Você que sabe de todas as coisas e também pode todas, por favor, olhe pra mim e no próximo dia 12 do quinto mês me dê o presente que te pedi no aniversário passado e ainda não recebi... Dê-me um amigo, um irmão, uma companhia pra eu brincar de bola, de pique, um amigo pra eu dividir minhas balas e conversar à noite na hora de dormir e cochilarmos juntos.
Um papel branco, amarelado e simples, mas que me revelavam do eram feitas as paredes de meu coração, o mesmo coração que mesmo querendo não permite que belos sentimentos como este de menino o invadam à casa!

À vontade

Ainda vale à pena lutar por uma melhora,
Pelo bem comum?
Pela vida?
Ainda vale à pena lutar pela liberdade?
Pelas convicções?
Será que o povo, a massa realmente inspira a liberdade?
Cortem-me os pulsos
Se for este o preço à ser pago
Pr’eu te tocar o rosto.
Cortem-me as pernas
Se for este o preço à ser pago
Pr’eu caminhar léguas com você
Cortem me os olhos
Se for este o preço à ser pago
Pr’eu te ver a alma
Cortem me o pescoço
Se for este o preço à ser pago
Pr’eu pensar em você
Prefiro à morte
Sabendo que nunca vivi por um ideal comum
Esquarteje-me
Despedacem-me
Se for o preço à ser pago
Pr’a me compartilhar com vocês
Devorem-me
Sufoquem-me
Se isto lhe sacia a fome
Alimentem-se de minhas primícias
Alimentem-se de meu alimento
Se Farta
Engorde
Se encha
Por favor.

Sonhos

Sonho que é sonho,
Sonhado de verdade,
Sonhamos com sonhadores pessoas
Que sonham mais altos sonhos que a gente.

Vida que é vida,
Vivida de verdade,
Vivemos com vivas pessoas
Que vivem mais intensamente que a gente.

Amor que é amor,
Amado de verdade,
Amamos com amantes pessoas
Que amam com mais profundo amor que a gente.

Gente que é gente de verdade
É gente que vive sonhando sonhos de amor,
Amando sonhos de outras vidas
E vivendo amores de outros sonhos.

Curtinho²

Pare
Olhe nos meus olhos
Inspire
Oxigene o teu cérebro
Respire
Pense que está pensando
Pense em mim
Expire
Ainda olhando nos meus olhos
Obrigado,
Por me dar teu pensamento.

D.R. Discussão de relacionamento

Pronto, agora podemos colocar nossos pingos nos “is”.
Sairá agora daqui, mas com nada do que é meu.
Pois então,
Devolva-me a minha juventude, minha virgindade, minha pureza,
O colorido de meus cabelos agora brancos,
Cada vigor e brilho de minha pele imaculada.
Devolva-me os anos, os meses, os dias,
Cada noite não dormida pensando em você.
Cada dia não vivido, mas dormido pra sonhar com você.
É, devolva cada um de meus pensamentos
E também os minutos que vaguei em alfabeta inconscientemente à tua procura.
Devolva-me os meus abraços, carinhos,
Devolva-me cada beijos, um por um,
Cada riso que deixei escapar com tuas piadas.
Cada movimento da dança que executou minhas pernas bambas
Na surpresa de tua repentina chegada.
Devolva cada sentido que perdi,
Devolva cada ar que perdi ao te ver olhar pra mim.
Cada risada sem graça diante de tua graça.
Cada palavra que pronunciei ao teu respeito.
Devolva-me a fome, o apetite, a gula.
Devolva-me cada música que escolhi para compor nossa trilha.
Devolva cada verso que escrevi,
Cada poema, poesia, cada carta que enviei
E também as que nem tive coragem de enviar, mas são tuas.
Devolva cada volta que percorreu meu mundo ao teu redor
Cada fôlego que gastei correndo pelas ruas,
Só pra te reencontrar na próxima esquina.
Devolva-me a razão, devolva-me o juízo.
Antes que eu esqueça,
Devolva meus sonhos, meus planos, minhas expectativas.
Devolva-me o que por muito tempo à mim foi importante,
Devolva-me você!

Curtinho

Me abri,
Me mostrei,
Me desfilei,
Me dei,
Me perdi.

Tenha um bom dia

Bom dia, boa tarde, boa noite.
Bom café, bom almoço. Bom jantar.
Bom riso, bom grito, bom açoite.
Bom, amigo, só passei pra te avistar.

De mudanças

Não vou mais chorar por você,
Nem me entristecer.
Não vou mais sonhar com você,
Quero apenas viver.
Não vou mais falar de você,
Só falo se for com você.
Não vou mais pensar em você,
Vou fazer o que me “der na telha”.
Não vou mais esperar por você,
Vou passar mais tarde.
Não vou mais falar com você,
Vou beijar a tua boca.
Não vou mais ligar para você,
Vou passar na tua casa.
Não vou mais passar por você,
Vou morar no teu coração.

Pai e mãe

Meu primeiro homem,
Meu primeiro amor,
Minha primeira paixão,
Meu primeiro segundo, terceiro, quarto.
Meu primeiro eterno.

Meu primeiro beijo,
Meu primeiro fogo,
Meu primeiro amasso,
Foi o meu primeiro primeiro todo dia,
Um dia após o outro
E assim se foi pra sempre!

Ah, amor!
Você me tornou mulher pela primeira vez,
Tornou-me mãe pela primeira vez,
Tornou-me dona-do-lar pela segunda vez,
Por que primeiro treinei na casa de mamãe,
Só pra te surpreender com as receitas de minha avó.

Ah, amor!
Você me ensinou à receber amor pela primeira vez,
Ensinou-me à amar pela primeira vez,
Ensinou-me à esperar com a certeza de ser respondida pela primeira vez,
Só você me ouvia sempre,
Mesmo quando em tensões femininas, eu falava pelos cotovelos.

Ah, amor!
Você sempre se calava quando em gritava pela primeira vez,
Sempre razão me dava quando eu me sentia injustiçada,
Sempre colo me dava quando me sentia frágil,
Só você me protegia,
Em teus braços, em teu socorro, em tua força.

Meu primeiro amar à primeira vista,
Minha primeira escolha de ser pra sempre,
Meu primeiro eterno tudo,
No tudo ou no nada,
Meu primeiro eterno tudo,
Na saúde ou na doença,
Meu primeiro eterno tudo,
Até na morte que não nos separou!

Um buquê de rosas

Amor, sente-se aqui, bem pertinho de mim.
Deixe o vento te despentear os cabelos, acariciar o rosto,
Permita as areias te fazerem cosquinhas nos pés,
Sinta o sol te retocar à cor da pele.
Linda, olhe a beleza que nos cerca,
Se perca no infinito do horizonte ao encontro comigo.
Olhe as curvas salientes dos montes,
Os tons de verde que os invadem,
Olhe os tons de azul que aquarelam o céu.
Bela, olhe a dança das ondas orquestradas pelo vento,
Olhe o calor da luz do sol refletida em suas águas.
Paixão, sinta a suavidade dos perfumes das rosas,
Sua textura, desenho, sua cor,
Vermelha como quando ficam as maças de teu rosto,
Quando te surpreendo dizendo te amo.
As rosas, tão perfumada quanto você!
As rosas, tão macias quanto tua pele!
As rosas tão inspiradoras quanto teu olhar!
Coração, olhe a beleza que nos rodeia.
Quanto inspirado estava Deus!
Ensaiou em cada obra de arte da natureza,
Pra te esculpir com sutileza de espírito.
Quanto inspirado estava Deus!
Ensaiou em cada curvas dos montes, montanhas, morros,
Pra te delinear com delicadeza as cinturas.
Quanto inspirado estava Deus!
Ensaiou a dança dos ventos
Só pra coreografar a dança de teus cabelos.
Quanto inspirado estava Deus!
Ensaiou em cada lâmpada que dão luz ao sol,
Pra encontrar o melhor brilho que transpassassem teu olhar.
Quanto apaixonado estava Deus!
Ensaiou na essência do perfume de cada pétala das rosas,
Pra escolher o melhor cheiro pra você exalar e me atrair,
Pra me permitir a mais apaixonante forma de te dizer te amo,
Sem te dizer nenhuma palavra!
Amor, estas rosas são pra você!

Não sou celebridade, querido!

Ele pré-sente,
Ele sente, pós-sente,
Pré-conceitua tudo.
Se limita,
Retarda, ele pára.
Ele foge deste mundo.
Escondendo-se em suas convicções,
Privando-se das situações
Que lhe revelam o medo, o erro, o gosto, o juízo.

Por excelência, pobre e fraco,
Ele corre do perigo,
Do passado, do novo, da vida,
Somente quando respira.
Escondendo-se em suas convicções,
Privando-se das situações
Que lhe revelam o medo, o erro, o gosto, o juízo.

Torne tua vida simples, mas não simplória.
Abstraia-se dos segredos pré-existentes ao erro.
Na vida tudo vale pena, faça da perda tua vitória.
Se abra pro novo, construa tua história.
Pode se aproximar, se afastar, mas vamos indo.
Não pare no meio do caminho,
A não ser para ver o sol se despedindo.

Seja singular e produza o plural nos outros.
Não seja razoável, seja profundo.
Não faça os cálculos, seja os algarismos
E se some à mim.
Não subtraia a emoção de sermos um.
O que quiser, sejamos.
Usando o senso comum,
Mas não sendo comum.

Interprete a vida e co-atue comigo.
Veja além dos teus olhos.
Desbrave o mundo além de teu umbigo.
Conheça a mim além das aparências.
Olhe por dentro dos olhos meu.
Sinta o saber de minha experiência.
Descubra que não é fácil ser eu.

Conheça à mim além das palavras
Olhe por dentro dos olhos meu
Sinta o sabor da minha inocência
Ninguém faz melhor meu eu, do que eu.

O dia todo e também a noite

Hoje como o último dia de minha vida,
Eu quero acordar com o perfume de rosa no travesseiro,
Quero vestir-me com a roupa mais simples
E não pentear os cabelos.
Quero ler meus poemas para os meus amigos
E escrever poesias para os meus amantes.
Hoje eu quero gritar o que eu mais quero.
Não quero viver o que me foi constante.
Quero andar no meio da rua de bicicleta,
Quero que a cidade pare para festejar o dia.
Quero que alguém pare pra ouvir minhas palavras,
Quero que todas elas falem de alegria.
Quero que pare pra me ouvir falar de alguém.
Quero olhar nos brancos dos olhos
E falar tudo o que não tive coragem de dizer.
Dizer de meus doces, meu sal, de meus molhos.
Quero um amigo que me conheça de cima à baixo,
Um amigo que me tenha como herói.
Quero um amigo que só vá se eu for.
Por hoje quero ser a melhor companhia.
Hoje eu quero ter um dia de criança.
Quero que a cachoeira corra pela avenida,
Quero brincar com alguém em suas águas,
Quero me lavar das cobranças da vida.
Quero fazer tudo o que nunca tive vontade de fazer.
Quero tocar todas as minhas cicatrizes do corpo
E contar vantagens na roda entre amigos.
Só por hoje quero ser o orgulho de todos.
Hoje eu quero que alguém seja todo mundo.
Hoje eu quero que o mundo seja como alguém.
Que o mundo seja pequeno para eu e ele
E que ele tenha um coração maior que um trem.
Hoje quero que alguém seja uma flor, um amigo, um passeio.
Pois hoje eu quero regar uma flor.
Hoje quero abraçar um amigo.
Quero convidá-lo à um passeio.
Hoje quero tirar o dia para passear.
E que este dia dure o dia todo.
Quero que as horas passem de vagar.
Hoje pra você reservei o dia todo!

Esperanças

De todas as dores que sofri, a maior de todas foi não poder compartilhá-las, não poder chorar em um ombro, não ter uma mão à recolher minhas lágrimas, não ter por muitas delas, lágrimas pra rolar.
Parto feliz deste mundo pequeno, mas às vezes gigante, na alegria de ter sido em o meu eu, o meu réu, juiz, meu álibi, eu fui minha própria vida, embora vivida por muitas vezes sem cor, calor, sem vida.
Deixei de ter vida mesmo ainda vivendo, deixei de ter vida no momento em que escolhi não ser quem deveria por algum motivo nobre, ter sido.
Se existe uma outra vida, espero nessa, a oportunidade de ser um alguém melhor!
Ser grato pelo o que tenho e ambicionar saudavelmente o que nunca toquei.
Olhar o meio copo d’água e vê-lo meio cheio, quase cheio e não vazio.
Olhar os riscos na parede da sala como um pequeno risco e não desconsiderar toda bela pintura da parede.
Espero ser amigo, mesmo não tendo colo ou ombro.
Espero ser amor, mesmo ainda não sabendo amar.
Espero ser perdão, mesmo tendo a razão ou sendo a vítima.
Ser escada, mesmo quando considerado pedra de tropeço.
Ser abraço, mesmo quando era eu quem queria um.
Espero te esperar, mesmo que você não venha, mesmo que não volte.
Não espero ser entendido, respeitado ou amado,
Mas espero entender, respeitar, amar, ser amor e viver.
Quem sabe assim ser poeta, professor, inspiração.
Espero saber esperar e crer que amanhã,
O dia pode ser bem melhor!

Pequena conquista

Olá, boa noite!
Poderia lhe pedir um pequeno favor?
Sim?
Por favor!
Por obséquio!
Por gentileza!
Preciso de uma autorização tua.
Que autorização?
Se não for um incômodo, é claro,
Permitiria-me gostar de você?
Como assim gostar de você?
É, pensar em você, sonhar com você, viver por você.
Por eu quero isto?
Por que você é simplesmente você
E não há uma outra no universo.
Eu não te conheço?
Você é que pensa,
Eu sei tudo sobre você.
Sei de teus gostos, desgostos, preferências.
Duvidas?
Olha só.
Tua cor preferida é vermelha.
A minha é azul.
Teu prato preferido é macarronada, com muito queijo.
E teu doce, torta de limão.
Você não gosta de saias, prefere as bermudas
E também não usa sapatos altos, apenas rasteirinha.
Está surpreendida?
Eu até sei a data de teu nascimento.
Cinco de abril de oitenta e sete.
Sei até a hora.
Sei tudo de você.
Só não sei te ter como um nada.
Por isso preciso de que me permitas te gostar.
Que me concedas a patente de te reproduzir nos meus versos.
Tu és minha maior poesia.
És minha maior inspiração.
Não és não minha, eu sei.
Também não vou lhe pedir que sejas,
Conformo em te ter passeando em preto e branco nos meus sonhos.
Se não posso te ter à cores como companhia.
Achas que me conformo com pouco?
Aprendi com o meu pai que de grão em grão a galinha enche o papo...
Se me permitires hoje pensar em você,
Amanhã se convences que deverias gostar de mim!

Papai

Deus, de onde o Senhor me escuta, por favor, revele-me o segredo do caminho para o céu.
Revele-me o caminho que me conduza ao paraíso onde hoje mora meu pai, pra eu encontrá-lo e trocar alguns abraços e palavras.
Nossa Deus, por que o senhor o levou, ele faz tanta falta aqui! O senhor me tirou o meu pai, mas não me ensinou a andar sozinho, me desafio engatinhar, mas tenho medo dos tombos que sempre me atropelam. Eu tenho medo!
Deus, por favor, o meu pai está perto do Senhor agora?
Sim?
Diga-o que eu o amo muito e que ele está sempre na minha memória e coração. Diga também que não existe nenhuma pessoa no mundo que se compara à ele, até os outros pais, ele foi e ainda é o maior pai do mundo, o meu herói.
Fala que eu descobri alguns erros dele. Ele precisa saber disto, mas eu já os entendi. O meu herói também errou e isto me dá o direito de também errar, na verdade acho que ele errou de propósito, só pra me deixar à vontade para errar, mas aprendendo à caminhar. Diga que eu falei de novo que quando crescer quero ser igual à ele.
Deus, o Senhor ainda está ai?
Sim?
Peça pro meu pai me esperar na casa dele, por que quando eu estiver de férias da escola vou passar por ai e passar tempo com ele, só eu e ele.
Diga ao meu pai que eu to fazendo tudo o que prometi, promessa é dívida e estou cuidando de meus irmãos e minha mãe, fala que minha mãe está linda e que hoje falou dele, falou com tanto amor nos olhos!
E também diga que continuo sonhando, que as coisas não estão muito bem, eu nem sei como posso melhorar, mas sei que posso e talvez eu até peça ajuda à alguém, não sei a quem por que sempre sou eu e eu mesmo, mas um dia aparece, fala que eu falei que é pra ele pedir ao pai dele que ele falava que morava no céu pra vir ficar comigo e ajudar nestas coisas, por que na verdade, acho que preciso de ajuda.
Deus, só mais um favor, chame meu pai só um pouquinho.
Pai, é você? Não consigo te ouvir direito, parece que está falando de muito longe... Mas pai, nunca se deixe esquecer que sempre vou amar você! Sempre! Mesmo não mais podendo te ouvir dizer, meu filho, filhote!
Deus, muito obrigado e, por favor, cuide bem de meu pai ai, não o deixe ficar fazendo um monte de coisas ao mesmo tempo, ele tem o defeito de ser teimoso e nunca pensar nele.
Mais uma vez muito obrigado e fique com o Senhor mesmo!

Pecados

- Beija-me
- Não, hoje não quero.
- Queira-me
- Não, não tenho tempo.
- Se tens por mim
- Não, hoje não posso.
- Possua-me
- Não, isto é pecado.
- Pecado?
- Sim, pecado.
- Que pecado?
- Me envolver.
- Se envolver?
Não te envolvas, eu envolte-te
-Não está quente!
- É a paixão.
- Não é a luxúria.
- Sejas livre.
- Eu estou.
- Então me prove.
-Está amarrado!
- Sim, estou em você.
- Saia pecado.
- Só se fores comigo.
- Nunca!
- Não digas nunca.
- Nunca!
- Olhe, eu sou o mais lindo.
- Sim, e também o mais gostoso!
- Sabia que me olhavas.
- Minha queda e desgosto
- Cuspa no prato que comes
- À você prefiro morrer de fome
- Humm! Vai ficar magrinha.
Do jeito que o diabo gosta.
- Cruzes! Respeite-me.
- Desculpa é minha gana.
- Vás embora.
- Tens certeza?
- Vás embora.
- Não vou voltar.
- Vás embora.
- Já estou saindo.
- Vás embora.
Oi, já fostes?
Estais aí?
Que pena, mas te espero voltar.

Deixa

Deixa eu ser eu com você
deixa eu ser bom pra você
deixa eu ser fiel aos teus sonhos
deixa eu ser abraços no teu corpo
deixa eu ser descanso pro teu cansaço
deixa eu ser espelho e te ver se arrumando
deixa eu ser guarda-roupa e guardar teus segredos
deixa eu ser tapete para teus desfiles
deixa eu caminho para teus passos
deixa eu ser maquiagem no teu rosto
deixa eu ser batom na tua boca
deixa eu ser rímel e te delinear os olhos
deixa eu ser blush e te colorir as maças
deixa eu esquinas para tua conversa
deixa eu ser relógio para teus compromissos
deixa eu bebida que te refresca
deixa eu ser alimento que te sacia
deixa eu ser doce que te engorda
deixa eu ser poesia que te emociona
deixa eu ser música que te embala
deixa eu ser piada que te faz rir
deixa eu ser o ser que te deixa você
Mas só não deixa uma coisa,
deixar eu deixar você!

Nesta noite

Nesta noite eu pequei
nesta noite eu errei
nesta noite cobiçei
nesta noite adulterei
nesta noite invejei
Mas nesta noite não chorei,
pois nesta noite vi você!

Estágios comuns à todos nós

Hoje quando acordei, ainda de olhos fechados apalpei meu rosto só pra ver se minha barba já havia crescido, mas só senti as penugens macias que não me espetavam os dedos, não havia o que me irritar, nem barba para ou por fazer.
Corri para o espelho do banheiro, encarei a imagem que via também à me encarar com intrepidez e ensaiei as primeiras palavras do dia, minha voz rouca, grave, me enchi de um espírito de virilidade e via a imagem no espelho se esquivar, amedrontar, ensaiei a segunda, terceira palavra e na sétima vi o mesmo espírito esvair-se, a imagem no espelho se reaproximar. Ela riu de mim.
Desci para o café. Café passado no saco com pó moído em casa, café preto, forte, amargo, quente, quente de novo, tomei um gole, tomei, queimei a língua, a boca, nublei o céu da boca logo de manhã.
Saí para a escola e quase que perdi o ônibus, antes houvera perdido, Carlão estava lá. E me chamou ele daqueles nomes, tomou o biscoito que eu havia levado para o lanche e não pus na mochila, ele comeu tudo ainda na minha frente e ainda pediu que eu jogasse a embalagem no lixo. Ele pediu-me, algumas pessoas falam que lê manda, mas não é bem assim, o Carlão é um pouco grosseiro, fala meio arrogante, mas nem é, é só o jeito dele e precisamos entender e respeitar o jeito das pessoas. Ele também pegou o meu trabalho de Física, mas por que ele tem dificuldade nesta matéria, mas ele é muito bom nas peladas depois da aula, também nas durante, antes...
Na escola foi tudo muito tranqüilo, tirei mais um dez em Matemática e a professora de Física faltou, acho que estava doente, na verdade ouvi dizer que era uma virose, nada sério, com isto terei tempo para refazer o trabalho. Tudo deu certo!
Cheguei à casa para o almoço, mas não tinha fome, mesmo assim comi um pouco, menos a sobremesa, preferi ir para o quarto e ler um romance de Joaquim Manuel de Macedo e acabei dormindo e babando no livro. Sonhei que já era adulto, forte, viril e até vivi uma grande paixão, só em meus sonhos mesmo.
Já acordei do sonho, quis até acreditar que não havia dormido e que tudo era real, mas logo minha voz começou à ensaiar os falsetes rachados, quando acordei era por volta das oito, perto da hora do jantar, mas nunca janto, como algumas coisas.
Desci e comi algo e logo voltei para o quarto, retornei à leitura do livro, acho que mais uma vez dormi, mas agora estou novamente acordado à caminho da escola, hoje não consegui, perdi o ônibus.

O amor

O AMOR

O anseio do amor é amar
O gozo do amor é amar
A culpa do amor é amar
A desculpa do amor é amar
O pecuniário do amor é amar
As férias do amor é amar
A busca do amor é amar
O vício do amor é amar
O discurso do amor é amar
A neura do amor é amar
O erro do amor é amar
A dor do amor é amar
O produto do amor é amar
O desejo do amar é o amor.

Passe

Passe em casa
Passe na loja
Passe e pára,
Que passem as horas.

Passe na rua
E passe o tempo
Passe a tua,
Mas não passe o momento.

Passe na hora,
Mas não a deixe passar
Passe sem demora,
Tens passe-livre pra entrar.

Passe o visto e o passaporte
Passe aqui
Passe acolá
Passe de pessoa a pessoa
Como passageiro sem mapas

Passe o passado
Ou passo mal
Passe o passe,
Não mal passado
Passe a bola do quintal

Passe o jogo passo a passo
Passe de ano
Vá passear
Passe por outros sem descaso
Mas repasse por mim
No mesmo lugar.

Carta Branca

O meu sonho não é ver você me amar, mas te ensinar à receber meu amor.
Queria carta branca pra te amar, mesmo não escrevendo em folhas brancas a nossa história com este amor; pois bem sei que nossas vidas estão cheias de rasuras e rabiscos de amores frígidos e volúveis, paixões temporãs e devastadoras.
Eu te amo exatamente como és, e te aceito com as tuas máculas e rugas, te aceito com tua lordose, com cada uma de tuas feias rimas, eu te amo com todas as tuas tensões, emoções, crises, eu simplesmente te amo e isto me basta.
Não importa à mim receber amor de você, já te liberei deste compromisso; te amo com um amor incondicional, um amor unilateral, um amor que simplesmente amo viver. Pra que tanto sentimento pra uma única pessoa?
Poderia me abandonar por você ou deixar de ser eu e ser cada segundo mais você, mas morrer seria muito fácil e pequeno, por maior e sublime que fosse minha morte, seria pequena e simples diante da essência deste amor, poderia ter uma morte louvável, honrosa, mesmo assim seria indigna diante de tanto amor.
Muito mais que romântica ou melancólica, mas digno seria viver por você sem te ter na companhia de meus dias de vida, digno seria te amar sem receber de ti o infinito amor, sem sentir o teu toque, teu cheiro, teu calor.
Por você eu não morreria, eu me eternizaria nos poemas, canções, pinturas, conversas, olhares, mesmo que você envelhecesse, “desembelezasse”, ou perdesse o vigor ou delicadeza de tuas suavidades, pureza e virgindade da juventude, mesmo que você se fosse com o tempo, eu viveria só pra te amar, mesmo que você se fosse eu viveria pra te esperar e te encontraria cada vez que recordasse daqueles mesmos poemas, canções, pinturas ou olhares.
Eu te encontraria no mundo que sonhei pra nós dois e se tornou real sendo só meu!

Sobre paixões²

Prometo não ser fiel à você e querer-te ao meu lado ou esperar que me ame.
Prometo não ser paciente com você e aguardar que acordes.
Prometo que não te esperarei nas esquinas, nem tampouco te procurarei pelas ruas, prometo que não serei achado de ti.
Prometo que não mais cantarei pra você dormir, também não dormirei com você, não acordarei com você pelas manhãs ou te acordarei surpreendida com um delicioso café na cama.
Não te buscarei no final do trabalho, da escola ou qualquer reunião. Não serei mais tua companhia.
Não escreverei mais poemas ou poesias tendo-te como musa, você não mais desfilará nas rimas e melodias de minhas canções. Não mais suspirarei ao pensar em te ter olhando-me, não sorrirão meus lábios ao pronunciar teu nome, nem minhas maças serão mais rosadas ao te ver chegar.
Prometo que não gostarei de gostar de você, você será o meu maior desprazer.
Prometo que não estarei aqui nos dias que porventura me procurar, não serei tua queda, teu vacilo.
Prometo não ser mais romântico, sensível, bobo...
Prometo que vou te deixar.
Posso prometer de tudo, menos não te amar.
Meu coração não me tem como dono, me perdi em você.
Se porventura achares parte de mim nos teus guardados, me entregue. Melhor fique com você, pois assim ainda me terá como parte de tuas recordações!

Sobre paixões... rs

Na verdade eu tenho medo das lembranças que o meu coração leva dos momentos em que te teve como pensamento.
Ele não lembra de você todos os dias ou todo tempo, mas quando te ver se certifica que você nunca deixou de morar pelo menos das esquinas ou ruelas de sua imaginação.
Mentira, né!
Você bem sabe que ele vive pensando em você, só pensando em você, que nem pensa nele.
Não é certo pensar em você, hoje você é pensamento proibido, não se pode pensar em quem tem outros pensamentos, mas o meu coração, traiçoeiro coração ainda não aprendeu à pensar antes de pensar, quando percebe já pensou...
E no final, sou eu quem sofro, choro e ainda sou denunciado pelos meus olhos que revelam este malvado amor que guardo à muitas chaves por você. Por que meus olhos são tão inconvenientes?
Cada vez que este coração dispara e estes olhos o reflete, minha consciência que ainda tenho sobre controle, me domina e julga, minha consciência me faz sentir dor, uma dor diferente das dores que tenho no peito, uma dor que me faz te querer longe, é o único momento que te quero assim.
Te quero, não. Por que eu não te quero, eu te quis. Quis-te ontem. Hoje de manhã, a duas horas atrás, uma, meia, quinze minutos, eu ainda te quero!
Ainda sou escravo de você!
Penso que terei de invadir e buscar o que te dei quando ainda te amava com liberdade de amar!

Muito prazer, Valdemy.

Quem eu sou?
Ah! Eu sou o mixto da repudia e aceitação. Não sou o paradigma, não sou o “conforme”, sou a liberdade, o multiforme, a originalidade, autenticidade, sou a falta do padrão, do modelo, do absoluto!
Sou a soma de meus “eus”, de meus mundos, meus valores, meus conceitos, meus sonhos e pesadelos, meu tangível e intocável...
Sou o riso e o choro, o ganho e a perda, a vida e a morte e mais uma vez a vida, sou a materialização da eterna eternidade!
Sou anjo, sou demônio. Não sou o Diabo nem Deus, sou simplesmente seu objeto de consumo, controle, paixão, na verdade sou uma fera, às vezes arisca outras vezes dócil, sou a peste enclausurada por meu eu.
Sou o medo, a coragem, a vergonha, o pudor, a timidez, fragilidade, vulnerabilidade, sou o mistério, o enigma, a ilusão, o desconhecido. Conhecer-me é desbravar matas virgens e sangrar terras cobertas apenas pelas folhas secas das árvores que povoam minhas florestas encantadas e amaldiçoadas, perigosas e sem trilhas, habitadas por animais sensíveis, selvagens, alados...
Mas eu também sou bosque, sou planície, nem sempre sou montanha, pico, Everest, às vezes sou apenas horizonte! Nem sempre sou Tzumani, furacão, maremoto, também sei ser brisa que acalenta a traz frescor ao coração!
É, também sou coração, sou amor e o meu amor é traduzido em minha própria língua e nas dos demônios que povoam minha alma, mente, meu mundo e que domino como uma fera destruidora e traiçoeira, que me mente, engana, trai, seduz, defrauda, frustra, fere à alma, mas caleja-me contra os também traiçoeiros sentimentos efêmeros.
O meu amor é sofredor, masoquista, sado, melancólico, chora lágrimas de rio turvo à procura de um vasto e transparente mar.
Meu amor é soberbo, egocêntrico, possessivo e egoísta, mas tem a porta da rua como serventia da casa aos seus remanescentes amantes. Não crer em tudo, nada espera senão a rotina corriqueira do dia-dia.
Eu sou o gozo e o prazer, a ternura e o tesão, fantasias e realidades palpáveis. Sou a fome e a satisfação, sou a procura.
Sou simplesmente o que você sem a maquilagem da diplomacia e etiqueta vê refletido quando se olha no espelho!
Eu sou o que não sei que sou.
Ah! O prazer é todo teu!

Privatização da fé

Assim gritavam os feirantes na feirinha dominical:
-Quem vai querer, carne humana fresquinha!
-Alô, alô minha senhora, temos pernas, braços, cabeças de brancos, mulatos, negros... Quem vai querer?
-Temos coração na promoção hoje...
Às vezes me sinto como se na realidade estivesse numa feira de mutilados seres humanos, como se vivesse num açougue de carne humana distribuídas como de primeira, segunda, terceira à céu aberto.
Perdemos nossa capacidade de sentir pelo caminho da evolução da vida, perdemos o senso do valor próximo e pessoal nas esquinas dos bancos. Até mesmo nos bancos onde guardamos nossas fortunas perdemos o contato com o atendente no caixa trocando-o pelo caixa rápido e eletrônico, se bem que agora nem em bancos vamos mais, usamos a Internet.
A razão mercantilizou.
O sentimento é divido em infinitas parcelas à mercê de juros exorbitantes.
A emoção se rendeu aos movimentos capitalista-burguês.
A fé virou negócio, lucro, grana, bufufa.
Oh Deus, olhai por nós!
Envie novamente teu filho para que pessoalmente nos ensine como viver a vida vivendo com boa vida, mas não nos cobre por isto.
Ensine-me novamente à acreditar numa fé gratuita, eficaz e que não é como as efêmeras amostras grátis.
Não quero mais esta fé tocada ou traduzida por mãos humanas. Quero uma fé sobrenatural e não substancial.
Uma fé que abre os braços quando morre.
O autor da fé que pregado nestas empresas da fé morreu de braços abertos para o homem, mas hoje este mesmo homem vende esta fé em larga escala de produção, isto em partes talvez nem seja pecado. (Risadas)
Afinal tem que existir o mal para o bem vencer, o falso pra a verdade reluzir seu brilho.
Confesso que já nem sei o que é certo ou errado, verdadeiro ou falso, fé ou escravidão.
O mártir do Cristianismo quando morreu se rendeu na cruz, mas hoje a cruz se rende ao cifrão.
Pra viver neste mundo hoje é preciso se curvar, adaptar-se nas voltas do cifrão.
Ainda existe cruz?
- Existe e custa apenas cinco reais.
Rapidamente me respondeu algum dos feirantes.
Já não sei em que fé acreditar. Já nem sei se tenho fé! Já não sei se existo!

Transparências

Nem sempre tenho amor em meus olhos.
Por isto hoje não posso olhar nas cores dos teus,
Pois os meus estão negros, mortos e perdidos.
Nem sempre tenho doçura na minha boca.
Por isto hoje não posso te dizer palavras,
Pois minhas palavras estão mais amargas que o fel.
Nem sempre tenho carinho em minhas mãos.
Por isto hoje não posso te tocar com estas mãos ásperas e geladas.
Nem sempre tenho calor em meus abraços.
Por isso hoje não posso te envolver com este coração seco e petrificado.
Eu queria ser amor, ser doçura, ser carinho, ternura.
Mas às vezes sou invadido pelo medo, insegurança, arrogância.
Eu tenho um monte de nobres sentimentos que embelezam meu coração.
Mas tenho um monte de fraquezas que me impede de vivê-los.
Nesta vida já aprendi que sou falho.
Nesta vida já aprendi que os outros também falham.
Também já aprendi que errar é humano.
Nesta vida aprendi que eu sou humano.
Eu queria não parar de errar,
Mas não ferir quem eu amo com meus erros,
Não trazer dor ao peito de quem mora no meu peito.
No lado esquerdo do peito,
Nos jardins de meu coração.
Vocês que enchem o meu outono de primavera!
São vocês, pessoas que tanto amo quem trazem flores ao meu jardim.
Trazem calor ao meu sol;
Dão cor ao azul de meu céu;
Trazem brilho às estrelas de meu mundo.
São quem trazem força ao chão que eu piso.
E concretização às núvens que ando.
Vocês fazem meu relógio retrocederem as horas.
Dão cores à vida!
Dão emoção às minhas histórias,
Na verdade são os próprios personagens de minha história.
Vocês colorem o preto e branco de minha vida.
E eu só queria trazer um pouquinho mais de cor à de vocês.
Trazer um pouquinho mais de azul, um pouquinho do verde, do lilás...
Queria aprender à fazer de graça, sem cobrar nada,
Só por que vocês trazem graça à minha vida
E sem ela, não valeria muito à pena.
Hoje pra vocês eu não queria ser super-herói, Super Homem,
Mas Clark Kent, frágil, vulnerável, comum.
Ser eu, ser menino, ser homem, ser pra vocês!

Nasci para viver só.
Só pensando,
Só buscando,
Só tentando,
Só brincando,
Só viajando,
Só beijando,
Só brigando,
Só esperando,
Só chorando,
Só amando,
Só caminhando,
Só jogando,
Só querendo,
Só comendo,
Só lendo,
Só escrevendo,
Só dormindo,
Só rindo,
Só-zinho!

Meus finos vinhos

Quero eternizar a cada dia não os meus relacionamentos, pois as pessoas são livres para irem e virem, mas ambiciono me eternizar no coração e mente de cada uma das belas pessoas que me relaciono. Amo poder escolher amar pessoas!
Na verdade, o meu prazer na liberdade de poder escolher as pessoas, suas cores, suas dores, suas flores, temores, seus odores mais distintos.
Como já disse em outra postagem, "se minha vida não serviu pra trazer vida à vida das pessoas que me cercam, então eu nunca vivi, porém sempre estive morto". Esta é minha verdade, o anseio pela vida, pelo contaminar, pelo ser contaminado.
Filosofar, dialogar sobre esta paixão me provocam suspiros, ânimos até em dias de nuvens nubladas e carregadas de chuvas, que se manifestam em chuvas de alegria, benção, alegria e diversão.
Minhas pessoas me provocam risos e alucinações , tal como meus finos vinhos. Embreagarei sempre de vocês.

Essência de meu viver

"Se minha vida não serviu pra trazer vida
À vida de pessoas...
Então nunca vivi,
Porém sempre estive morto."

Estação da vida

Sou um passageiro
Refém nesta estação de trem
Rodo vagando pelo mundo inteiro
Ando vagando à procura de um alguém
Ando vagando à procura de mim
O mim que me devora, apavora, aprisiona
O mim que escraviza, sub-julga e abandona
O mim que me detém, surpreende e acusa
O mim que sou mesmo, mas quem sou eu?
Me ajuda!
Me ajuda quem souber, quem vier, ou se propor
Em que estação eu pego o trem das respostas?
Por favor.
Por gentileza, por obséquio.
Pelo amor... De Deus?
Mas quem é Deus?
Onde Ele mora, onde descansa?
Tem celular, telefone?
Por favor.
Por gentileza, por obséquio.
Pelo amor... De você mesmo?
Mas quem é você?
Qual o teu nome?
Qual o seu ofício? Tem conta bancária?
Tem casa própria, carro?
Mas você usa sandálias!
Eu não tenho sandálias.
Eu ando descalço, ando sem calços
Caminho sem chão.
Ou ando pelo chão com cabeça nas nuvens
Rodo nas nuvens, pois meus pés não têm chão.
Não tenho chão, não tenho terra, não tenho vida
Não tenho pão, não tenho água, só tenho a vida
Viva a vida, mesmo sem vida
Viva o acordar.
Acordar pra quem dorme, quem descansa, quem pode sonhar
Sonhar com a vida, com o futuro melhor
Melhor que o presente,
Presente de Natal, de Páscoa ou aniversário
Com “com quem será” no final.
O final é futuro
Mas meu futuro é passado
Tenho um passado não passado.
Não passado à limpo, não passado ás claras
Nem passado à gema
Pois o ovo está muito caro
Não tenho dinheiro pra comprar
Nem gana pra roubar
Nem disposição pra trabalhar.
Meu trabalho é a ida
Meu trabalho é a vinda,
Bem-vinda e sem ninguém
Vou e volto e espero cansado
A chegada de meu trem.

Monstros sapiens

Somos seres descartáveis à refém de uma ditadura de consumismo barato e escravista.
Somos lançados fora como um lixo fedido, nojento, prejudicial à saúde e bem-estar desta civilização primata, selvagem e cruel.
Somos excluídos do corpo como um câncer que contamina e se propaga em uma velocidade inalcançável pelos medicamentos que circula por suas vias matando, secando, enfraquecendo...
Somos seres irracionais quando o assunto é o próprio ser humano, seres pensantes que perderam a capacidade de pensar, viver, sentir, agir.
Perdemos a capacidade de tocar, de se abraçar, compreender, ajudar.
Perdemos a sensibilidade de sentir a macia brisa tocar o rosto, emaranhar os cabelos, despir nos o corpo. Perdemos a sensibilidade de sentir a fome que dói o estômago saciado por um legume, verdura, ou vegetal.
Perdemos a capacidade de perder. Somos criados pra ganhar, ter, conquistar, dominar.
Somos mutantes, “monstro-sapiens” neste mundo capitalista-burguês.
Somos adestrados para devorar um ao outro em legítima defesa.
Somos sujeitos à uma dieta regrada à barganha e racionada à afetos, fraqueza de meros mortais.
Somos discriminados, nós que nos rendemos ao um abraço, ao um pedido de socorro, ajuda. Nós que fragilizados e carentes ansiamos por um toque, uma companhia, um amigo, uma visita, nós criados para nós mesmos, para o autoprazer, tesão, glória.
Perdemos a capacidade de sentir saudade, falta, lembrança; sentimento fraco e mesquinho que nos sub-julga ou sub-eleva ao patamar de raça humana.
Perdemos a capacidade de co-memorar de trazermos juntos à memória boas recordações e co-festejar, friamente perdemos a capacidade de se alegrar com o próximo, de festejar as vitórias alheias, de rir de uma piada se não houver sido contada por nós mesmos ou apreciar um tempero novo de uma receita preparada com carinho e amor, não o amor encontrado no super mercado e divulgado maciçamente pela tv, mas o amor esquecido e não vivido por “eu e você’.
Perdemos a capacidade de sermos irmãos, amigos, parceiros, de sermos meros mortais, humano. Eu sangro, eu sinto dor, eu tenho medo, tenho carências.
Hei, eu ainda vivo!
Mas perdi a capacidade de ser simplesmente “eu e você”!
Pois perdemos a capacidade de apreciar as simplicidades da vida, o puro, o único e isto se conquista com sensibilidade, espiritualidade, ser simples é estar em estado de evolução.
Ser simples não é ser comum, medíocre, pequeno. Ser simples é ser sensível, acessível, apaixonado pela vida, pelas pessoas, pelo desconhecido, pelo real ou surreal, real ou utópico, mas com simplicidade, nas vantagens da conquista da maturidade e entendimento de que tudo valeu a pena.
Pessoas valeram a pena, o riso, o choro, o tombo, a subida e descida, a solidão e a companhia, a amizade e o abandono, eu e você.
Percebemos que dá valeu à pena, que compartilhar o pão e vê um sorriso de agradecimento e satisfação valeu à pena, que perder horas numa conversa só pra firmar nossas teses sobre a vida foi válido, pois exteriorizamos as nossas, somando com os que nos ouviam, viver é uma soma de “eqüiláteras e antagônicas” vidas.
Percebemos que viver valeu a pena, mesmo que tivesse sido uma vida sem vida, ser cor, sem brilho, sem “eu e você”.
Somos descartáveis e vulneráveis seres à refém de “eu e você”.

Fim de estação

Hoje o sol desmaiou diante do meu desamor.
A tardinha nublada caiu ao meio-dia,
Veio as estrelas, poucas estrelas
Que a escuridão não dissipou.
Hoje experimento o gosto do fim.
O fim da primavera, das flores no jardim,
O fim da brisa fresca com “cheirim” de alecrim,
O fim das poucas roupas ao corpo,
Intimidades diante do calor do verão.
O fim daqueles banhos frios.
Da água se aquecer e evaporar ao tocar nosso corpo.
O inverno se aproximou rigoroso
Com um frio me corta a minha alma.
A solidão me estendeu o ombro.
E de repente choveu, com impetuosa água,
Mas mesmo assim não lavou minha imunda alma,
Nem tampouco trouxe vida à minha sequidão.
Mas umas poças de águas turvas se fizeram
Nos buracos de meu coração causados por você,
Nos buracos de meu coração do tamanho de você.
No tamanho de você que conheço.
Pensavas que te conhecias.
Por que me tomas se nem te vejo?
Por que te vejo se não me tomas.
Só, te vejo em meus sonhos.
Te vejo nos meus sonhos todos os dias.
Não nos dias segunda, terça ou quarta-feira,
Mas durante o dia, dia todo,
Pois mesmo acordado te vejo dormindo.
Vejo-te dormindo sonhando comigo
Vejo!
E acordado me vejo sozinho
Sozinho, sempre sozinho.
Todos os dias sozinho,
Sozinho o dia todo.
Agora sim todos os dias.
Segunda, terça e quarta-feira,
Pois a semana não passa.
Nestes sonhos você levou meu riso,
Nestes sonhos você levou meu siso
Juízo, sentido, minha razão
Levou minha vida
E pra rimar
Levou o meu coração!

Que venha o em vão

Que venham as chuvas com seus arrepios de frio
Que venham os ventos com seus debochados filhos
Que venha o sol com seus raios tímidos
Que venha você clamando por abrigo

Então te acolherei em meus braços quentes
Então te aquecerei em meus olhares impertinentes
Então te enchaguarei em minhas salivas envolventes
Então te adoçarei em meu mel sobriamente

Que venham os dias com suas estações
Que venham os meses com suas saudações
Que venham os anos que suas decepções
Que venha você com suas emoções

Então te contarei outra estória
Então te recobrarei a memória
Então te inventarei retóricas
Então te barganharei vitórias

Que venham os choros
Que venham os coros
Que venham os tolos
Que venham os "fois"

Em vão serão as chuvas
Em vão serão os ventos
Em vão será o sol
Em vão será minha poesia pra você