quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Segredos das coisas

Eu poderia jurar que acreditava que aquela camisa era vermelha, mas aos meus olhos era mais azul que tingimento do céu. Eu não queria contrariedades.Não daquela vez. O meu desejo era apenas por curtir aquela companhia agradável que a presença física dele gratificava à ausência que sua presença diariamente me trazia. Queria apenas ser grato e não desperdiçar alegrias, queria recordar vida e risos. Eu sei que não poderia fingir de mim aqueles tantos sentimentos que iludiam os meus olhos. Como eu ansiava por paz! Eu sabia que os meses que se passaram sentenciaram as decisões que temia fazer e sem fazer fiz. Como eu queria ver vida! Eu sabia que a tranquilidade de meu azul já era tingida por um vermelho cor de sangue, cor de perda, cor de morte. Eu sabia que um dia realmente havíamos existido, mas as coisas na vida têm o seu começo, meio e muitas tais o seu fim, no neste caso o fim foi meu e eu nem compreendi, mas o colori com toda a imensidão e segredos que só o mar não sabe contar.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Lá não existe mais

Eu suspirei três vezes três antes de responder a cada uma de suas farpas. Eu precisava me salientar se estava de fato ouvindo aquelas palavras ou eram as minhas cognições desconexas que as fantasiam submergidas pelo caos incongruente que suplantava hoje o meu dia os fonemas que de seus dedos ressoavam tons agridoces a la amargo. Mas eram verdadeiras as tuas acusações. Verídicas no sentido que eu as ouvia bem. Originais por que eram sua sentimentalidade que as produziam inocente e egoísta. Eu as respeitei como se fossem nobres que visitavam o meu reino simples. Eram bem vindas as suas indagações, tão como foi bem vindo o seu adeus.
Quando eu pensei ter perdido o meu pai eu chorei muito. Copiosamente. Como nunca houvera imaginado que um dia haveria de chorar. Naveguei em mim mares em turbulências, agitos, gritos, desespero, naufrágio, vazio. Hoje eu ainda choro por minhas dores, mas na experiência ter "sobre-vivido" a dores maiores. Hoje eu ainda amo, e muito, mas no gosto de não crer nas mortes.Celebro a eternidade das lembranças, esperanças e crianças em mim. Minha vida tem sabor de juventude, tem paladar de renascer. E é por isto que deixo os meus ais irem e os meus risos voltarem! Deixo o vento os levar pra lá longe e de lá trazer os brilhos das belas cores. É do que vem de lá que me alimento. É do que vem de lá que não deixo sair. E quando chega aqui é todinho meu.
Sei que me julgas por suas diretrizes de padrão de lealdade, mas nem a hierofania me roubaria o dom de crer e viver como o vento que traz o teu cheiro e me leva pra lá e pra cá, mesmo quando engatinhando aprendo a crer que lá não existe mais.

domingo, 16 de outubro de 2011

Ponto final

Eu não queria ferir você
Eu não queria querer você assim
Mas tente me entender
Sou porra louca
Eu sou mesmo assim
Estranha, distante, sem mim

Eu não queria beber você
O que eu queria era fujir de ti
E as palavras conter
Finjir ser bela, ser legal enfim
Estranha, distante, em ti

Se bebo perco o juízo
E as palavras refluxam o ar
Então me olhe. Insisto
Melhor que me ouça
Ou então vou gritar
Estranha, e fora de mim

Se bebo perco a cabeça
E os beijos se sujam no ar
Antes que você me esqueça
E o inferno te toma o lugar
aquecendo a fúria em mim
Distante, mais longe de ti

Se bebo perco a fineza
E as putas que te fazem gozar
Maquiada finjo a beleza
Da dor de teus lábios afastar
Estranha, distante de nós
Eu conto e afasto os lençóis
E um ponto remarca o à sós
Hoje de manhã o sol surgiu e os seus raios me fizeram lembrar você. Já tinha tanto tempo que não me recordava de seu nome, lembro-me da última vez que aconteceu. Foi na noite de ontem quando o vento dos movimentos do balanço soprou o teu nome por entre suas correntes, mas logo me esqueci. E eu balanguei a noite inteira.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Se não existe o presente, que agora mesmo já se presencia no passado, por que você me presenteia hoje este sentimento que não passa com os dias?
Acordo todas as manhãs com a presença de tua ausência que mesmo embora que eu queira que se vá, não quero que vá embora. Esta dor fina e profundo escreve em meus minutos o teu nome como um mantra. Compõe um poema de saudades que imperam em meu peito diretamente proporcional ao sentimento do que nunca nada existiu. Eu, sempre pego pela nostalgia do que nunca foi. E se foi sem despedida nem palavras de conforto.
Nesta hora o que maquia minha face tristonha, são os carinhos que minhas palavras produzem em meus amigos ao lerem meus textos, sacramentando-os como mero frutos de minha imaginação. Mas árvore morta não produz frutos. É morta! Mas em uma parte eu ainda vivo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Orgânico amor

Um amor de dentro pra fora
Este é o anseio descontrolado de meu peito
Que quando escuta tua voz tem vontade de se apaixonar
Que tem o ímpeto de escalar as nuvens
E roubar o seu azul que colori o mar,
Seu sopro que agita as ondas
Sua liberdade em ser paz aquecida pelo sol
Um amor sem eira nem beira
É o que queria meu sangue se entorpecer
E viver na procura aflita de teu cheiro reter e viver em tua bebida
Ser tua água, teu pão, teu alimento
E por apenas um momento ser o tempo que você desejou
Eu queria percorrer as estradas que caminham pra ti
Desconsertar as escadas que te afastam de mim
Queria por inteiro você
Com as flores, com as dores
Com os mitos, com os gritos
Com o credo, com o medo
Quero qualquer coisa assim sobre você
As espinhas, costelas, vértebras
Rins, fígado, veias, músculos
Quero o teu coração bombeando meu nome
Quero teu pulmão respirando meu ar
Tua mente decorando minhas sílabas
Teu nome, sobrenome, apelido
Quero tua morte e tua vida em mim