domingo, 28 de fevereiro de 2016

Ninho

Cheiro de terra molhada
É o suor do esforço de meu coração
Na tentativa de te esquecer
Me derramo pelo chão

Te acendo uma vela
Pra trazer luz e calor ao teu coração
Oriento teu guia a me entender
Derramo minha fé em vão

Te canto um mantra
Te recrio como sujeito de minha oração
Converto o teu santo ao meu
Eu vivo só de pão 

Fico a te amar no sentido da liberdade
Voa,  meu amor, voa
Quando cansar e quiser ninho
Volta


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Ventos, tempos e marés

Dentre todos as ventanias que violentaram minhas vias
Foi no teu perfume me reconheci o meu ensejo
E ele soprava em mim um aroma de liberdade
E me dei
E me lancei forasteiro sobre o mar traiçoeiro
As nuances dos azuis que tingiam a maré povoaram meus desejos
E cri que amanhã seria brisa e sol
E sol surgiu com manha e tamanha frigidez
Me recolhi ao esperar e silenciar dos ais
Tais que nunca cessaram sua sinfonia de engano
Em teus abraços desconheci o meu corpo
Nos teus braços não depositei meu suor em espasmos
Em tua ausência de beleza produzi meu pão rústico
E me satisfiz do alimento pobre
Na tua brandura encontrei-me com a sabedoria que procurara
E ela executava partituras de rispidez e virilidade
Tão fria como o tom da fumaça de teu cigarro artesanal
O único ser que conhecia a temperatura de teu toque
Ou mesmo a textura de teus lábios que mentiam pra si
Os meus olhos a traduziam como reflexo de luz
Mas luz não havia
Em quem descansa em paz
Na proteção de se perder no alívio que só o amor constrói
Você se destrói em mim arquitetamente
Não por receio de mim
Mas pelo medo se render à única luz
Que no teu peito tocou
Vá com os deuses
De teu culto devocional à si
E me deixes na paz do reencontro de mim

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Subjuntivo amor

Se quiseres dormir
Posso ser tua cama
Ou lençol que te cobre a pele clara
Posso sustentar teus sonhos
Aqueles que a vida te rouba a melhor parte
Eu posso ser tua parte e partido
Se tiveres fome serei o teu inteiro
Eu teu todo
A melhor parte do dia ou do bolo
Eu posso ser a tua fome 
E devorar a tua carne como num ritual profano
Se tiveres frio
Leva-me para ser teu sol
Ou teu suéter, casaco
Traga-me por tua mão
E deslize a rispidez de meus dedos sobre teus calos
Se quiseres me calo
Se preferires posso ser tua voz 
E te ministrar orgias entre as pernas
E te conduzi pra mim
Entre os caminhos secretos que tracei 
Pra quando quiseres acordar
E perceber que 
Se quiseres 
Podes me querer 
Se quiseres posso ser o tempo
Que não tens pra nós
Eu posso até ser a melhor desculpa ou mentira 
E posso ainda esculpi-las em longas pernas
Pra que nunca a alcance a tua razão
Se tiveres cansaço posso ser o teu livro
Cravejado com meu cheiro
Se quiseres posso encontrar paixão
Nas cinzas das horas em que solitário me amou 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Meu amor é bem

Tens o meu fogo e meu gás
Me dê teu corpo pr'eu queimar
Tens toda tristeza do meu olhar
Me dê as sinfonias de teus ais

Tens as minhas insônias e delírios
Me dê teu gozo pr'eu contar
Tens toda pureza de meu xingar 
Me dê tuas ânsias e pecados

Vem pra casa
Vem pro quarto
Pra cama
Mesa
Banho
Vem que meu amor é bem
Meu amor é bem
Meu amor é bem simples

Sempre sem

Eu estou
Sempre estou sentindo saudades
Eu não sou
Nego, mas eu sou viciado em ti

Eu estou
Sempre estou vivendo em ciúmes 
Do vento que te abraçou
Do sol que te tocou

Volta pra mim
Venha por mim
Nem que seja um segundo

Volta pra mim
Fica em mim
Venha mudar meu mundo

Nem que seja por uma vez só 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Põe orégano, amor

Sou um passarinho sambando
Em fio de alta tensão
Um equilibrista emocional

Em teus neurônios 
Fui tatuando minha real intenção
Você desprezou o meu amor

Você reclama do sal
Você reclama do ponto do arroz
Amante do colesterol
Come a sobremesa
É o amor pra depois

Azeite extra virgem derramo
No calor de teu coração
Modo saturado, substancial

Na Física fui reformulando
Padrão de ação e reação
Você desdenhou o meu labor

Você reclama do sal
Você reclama do ponto do arroz
Amante do colesterol
Come a sobremesa
É o amor pra depois

Põe orega no amor


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Pão doce

Eu não quero saber de teu ex amor
Não tenho tempo pra brigar 
Alimento os ciúmes com o que teu olhar falou
Está no teu rosto tatuado 
O caminho em que a lágrima dançou 
Deixa eu cuidar
Eu que afino o coração ao teu sono
Eu que mudo o rumo da poesia
Só pro teu nome caber e rimar
Eu que nem acho graça nas rimas
Acho graça é de você não gostar de passas
E gostar de mim
Faz cara feia
Tenta
Nem disfarça 
Tão belo assim
Acho graça você beijar o chocolate 
E se surpreender com o doce de meus lábios 
Acho que mentes pra mim
Coro a face
Sem disfarce
Tão simples assim
Feito pão doce com leite condensado 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Fulano, sicrano, beltrano

O meu sexo encaixa com teu
As mãos tem o mesmo falar
Os erros de meu Português
Num beijo você vai calar

Os meus combinam com os teus 
A boca o mesmo paladar 
Os meus amigos são os teus 
Menina, relaxa

É de você que estou falando
O meu amor não é 
Fulano, sicrano, beltrano 
É em você que eu estou pensando
O meu amor não é 
Fulano, sicrano, beltrano

Se você disser que vem
Eu te espero amanhã
Se é pecado esse amor
Por que Deus criou a maçã?

Se você disser que vem
Eu te encontro por aí 
O pecado é não viver 
Esse amor que está em mim

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Namorar você

Eu te quis até o momento
Em que deixei de me querer 
É de cortar o peito
Não estar com você 
Morar no teu coração 
Que distração do destino 
Que me abraçou 
E não quis te acolher 
Prefiro não ter
A te ter sem te ter
Perdoa a minha canção 
Mas é de coração
Quero namorar você 
O destino comigo brincou
E foi por puro prazer
Prefiro sofrer
A viver sem saber
Perdoa meu coração 
Mas essa canção
É pra dizer 
Quero namorar você 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

* não sei que título dar

Me dê teu corpo pr'eu pintar
Minha loucura
E minha obsessão

Me dê tua pele pr'eu encarnar
Minha ternura
E minha oração 

Me deixa bicho solto
Deixa eu semear fogo
Ser vulcão 

Vou incendiar teus medos
Vou descabelar teus tetos
Tua casa bagunçar 
Sou o amor
Cheguei

Deixa eu citar teu nome em minha poesia
E depois canção 
Deixa eu gritar teu fogo
Deixa eu ser teu santo, purificação
Deixa eu tocar teu sexo
Deixa eu beijar teu coração 

No amor não há pudor

Hoje o céu está tingido de um tom carnal
Talvez refletindo o teu bem me quer
É, aliás te lembro não te quero mal
Me diga que mal há num beijo, mulher

Bem, pra fim de conversa, 
Sei que Deus não vai gostar
Dois corpos em controvérsia 
Se negando o querer
É, aliás te lembro não te quero mal
Me diga que mal há num beijo, mulher 

Então, me beija
Me encara boca a boca
E se entrega
Me tempera em teu sabor

Se seja
Foi Deus quem fez o amor
Se despeja
No amor não há pudor

Se não vai se arrepender 
De não dar o braço a torcer 
Isso Deus não vai perdoar 
Se negar amar
Se negar amar


Pleno

Então vista teus lábios
Com o sorriso mais pleno
Esqueça esses cacos
São  de um amor pequeno
Vai, vista teus lábios
Com o sorriso mais doce
Desnuda a alma
Com a gargalhada que te trouxe

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Nos olhos do olhar cego

O que fiz foi continuar a olhar
E o olhei na ausência de qualquer intenção 
Sem maior ação reconheci no reflexo de mim
Esboçado em seus olhos 
O queria ardentemente sem querer
Sem maior esforço um manancial se formou nos olhos meus 
Esse todavia não hidratou minha feição 
Tampouco floresceu minha afeição 
Tudo se constituía olhar
E o olhar me possuía seco
Pois eu olhava o olhar 
Que não havia olhar de mim

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Me despe a despedida

Não vou implorar teu regressar
Tampouco clamar o teu perdão
No meu corpo não será sepultado o teu
Nem cultuado o que mal que me fizeste
Não haverá vela no altar, nem flores
No meu coração decretarei paz
Nenhum santo ouvirá meu penar
Nem lamúrias ou xingamentos 
Na companhia do velho vício de entender
E te justificar
Irei falar-me à mim dos meus pensamentos
E os devorarei um a um 
Assim como num ritual solene, santo e profano
Não irei te pintar uma tela surrealista
Te traduzirei em real tonalidade
Na pele
No rosto
Nos braços em que te você deitou
Eu tatuei teu rosto em mim
Reproduzirei a tua graça e tino
Para me lembrar das dores que esquecerei
Amanhã 
Sempre o tal amanhã que não amanhece
Tua presença vai e vem 
No auxílio de tua ausência 
E gosto assim
E gozo
Choro como virgem não amada
Choro como amante mal amada
E armada por cicatrizes de uma paixão 
E eu vivi e me colori
Me entreguei as cores e as dores acolhi
Não será por mal amores
Que em tons de cinza me cobrirei
Não será por essas dores
Que o amor eu trairei
Descanses em paz, 
Você que o nome no poema não coube

I used to say lies

I used to say:
"You belong my mind
As my body belongs your sight"
I only laughed
You did the same
Always like an angel
But you didn't come from the Heaven
The love never comes
It's like a curse
It's like a song that's always on my mind
It's like a pain I never asked for
I used to say:
"I don't know how I can do without my rainbow 
You're my colors"
I broke my rules
Your grace turned down the lights 
I became black and blue
Come to my soul 
And see where all my demons hide from you
Come to my eyes 
And look at my soul 
It feels dark and low 
I used to say:
I will never lost the control 
And fall 
In love


Antes sol

Eu ando só 
Ando seco e frio
Na alma um nó
Nos olhos nenhum pio

Eu canto em dó
Danço sem arrepios
Das chamas pó
As cinzas atiro

Antes só à mal amado
Antes só a viver armado
Antes era sol
E sol sempre volta amanhã 

Só, frio
Só, frio
Só, frio
Sol

Me casei com o ego

Por amor de você 
Eu aqueci cada raio de sol que tocou tua pele
Eu compus cada trilha que embalou os beijos que não demos
Eu teci cada roupa que cobriu o teu corpo
E eu não o descobri 
Eu até soprei o ar que te alimentou os suspiros 
Ainda as flores que te dei eu colori
Eu tingi o tom médio de tua pele
Eu mesmo arquitetei a distribuição das pintas de teu corpo
E nos meus dedos enrolei os cachos de teu cabelo
Eu afinei a minha voz à tua tua 
E inventei uma ex pra te causar ciúmes 
Fui eu que também inventou a TPM
Só pra se desculpar do desamor
E também das dores de cabeça para o seu mau humor
Eu estipulei a cronologia do universo
E coroei-te a rainha da cocada preta
Inventei a paixão pra chorar por nós 
Eu recriei o sexo para te ver sorrir tímida e cansada
Fui eu quem incendiei a rotina 
E pus nessas chamas o nome transar
Eu confabulei a confusão de tua mente para animar nossos brindes
E brindamos felizes sem beber
Eu fui eu
Fiquei sem eu
E te amei sozinho

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O carnaval não amou

O carnaval acabou 
Me fantasiei pra você 
Beijei o teus lábios 
Eu desvendei teu céu 
Num carrossel dancei
Em tom lua de mel

O carnaval já passou
Nele fui teu rei
Sambei em teus passos
Te roubei um anel
Num carretel fiquei
Ao som d'um frio bordel

Agora o que faço sem o teu amor?
Sem peito de aço 
Só ressaca sobrou
Em quarta de cinzas 
Meu coração ardeu
Vem, minha bailarina
O carnaval não morreu
Em quarta de cinzas
Meu sambar definhou
Sem você na avenida
O carnaval não amou

Tchum tchaca tum du rum dum
Tum tum tum 
Tchum tchaca tum du rum ah



Oi!

Eu sequestro teus olhos
Te espero em todas as manhãs 
Te faço um bolo
Eu gravo, imito tua voz
Invento um papo
Eu compro brigas pra nós

Eu proponho diálogo 
Você monossílabo
Sugiro algo
Você "tanto faz, amor"
Invento um papo
Eu compro brigas pra nós 

Pra enfim fazer as pazes
Pra enfim fazer um amor
Com amor

Pra esquentar meus ares
Escuto teu corpo
Me chamando de amor

Oi!


Fique aqui

Senta aqui
Me conte um segredo do teu coração
Vem. Fica aqui
Revele teu medo
Eu te dou minha mão

Se achegue mais
Te empresto o meu corpo pro teu coração 
Vem. Fique em paz
Te beijo no rosto 
Te aqueço a emoção 

O mundo da volta
Você vai voltar
Mais vem sem escolta
Deixa o amor brincar

O mundo não para
Por que se esconder?
Desmaqueie essa cara
Eu quero ver você 

O que sente você?
O que sente você?
O que sente você...
Por ti...
Por mim...
Por ti...
Por mim?

Ar

Eu não sei o que dizer 
Já não sei como andar
Paraliso ao te ver
Eu perco o ar

A tua voz que me seduz 
Me reconheço em teu olhar
Sê o meu guia, a minha luz
Sê o meu ar

Que tal dançar?
Dance comigo
Deixe o teu corpo fluir,
Se revelar 

Dança 
Corra perigo
Deixe o teu rosto sorrir,
Perder o ar

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Namorada

Vou te tirar a roupa
Falar besteiras no cangote
Vou deixar tua cabeça torta
Minha cobra vai te dar um bote
Distribuindo beijos de primeiro lote
Se aconchega
Se acomode
Vai ter calafrios
Vai sobrar risos e gritos
Vamos distrair a timidez
E guerrear contra a vontade
Vamos ensaiar repetidas vezes
Até o gozo ficar à vontade 
E sob à luz da aurora
Eu contemplar o corpo
Que meu coração namora

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Que título dar?

Eu quero comer o amor 
E como sobremesa degustar
O corpo, a tara, o espasmo
Não quero ser servido 
De masturbações de abraços 
Quero ser possuído pelo teu
Preciso de meus braços entrelaçados 
Em outros braços 
Ser apertado e virgem
Descoberta que trava a língua 
Essa tal também terá teus laços feitos
Eu quero peito contra peito
Guerreando feroz 
Se ofendendo entre batimentos
Na paz de uma abraço 
Encaixando com perspicácia em outro tronco
Quero o meu sexo beijando o teu sexo
Seja pau
Seja vale
Seja encharcado e não seco
Necessito de encontros
De contos sussurrados no ouvido
Quero apoiar o meu queixo em teu ombro
E procurar teu ouvido
Ali, secreto, quero ministrar arrepios
E lentamente roçar minha barba 
Na haste que sustenta firme tua cabeça 
Quero pirar tua cabeça
Quero penetrar em tuas sentenças
Causar confusão
Caçar fusão
Casar com você
Mesmo que você seja só nessa noite
O amor

Só o amor

Eu só quero o amor
Tudo é bom se tem amor
Um bombom é puro bombom 
Não engorda 
Não faz mal
TPM teu bom humor
Novalgina carnaval 

Ah!

Eu só quero o amor
Tudo tem cor se tem amor
Super-homem é o meu pai
Tia Anastácia minha avó 
Meu banquete, feijão com arroz 
Jujubinhas o jiló 

Argh!

Eu só quero o amor
Tudo é dom se tem amor
Teu sorriso é o meu ar
Ele invade o meu pulmão
Teu abraço pode curar
Faz viver a emoção

Ah haha!

Eu só quero o amor
Tudo o que eu quero... 
O teu amor.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Me peça um abraço

Foi teu olhar que envenenou meu coração 
Certeiro como um golpe de capoeira
O teu ziriguidum entorpeceu e fraco estou
O que era solidão virou poeira

Foi teu sorrir que arrebatou o melhor de mim
Quem dera guardar eu essa pureza
O teu gracejo me enfeitiçou 
Grato estopim
Tão bom contemplar tua beleza

Bem, bem me olhando
Vem dançando
Vem tecendo o teu sorriso
Deixa eu me envolver

Ah, vem

Tem um desejo escondido 
No meu jeito
Me peça um abraço
O dou num beijo em você