terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Quando meu morrer

Quando eu morrer
Não quero choramelas nem velas
Proibirei o velório
Não quero palco nem plateia
Quando eu morrer 
Quero dialogar com a morte
Esquecer da vida
E me lembrar da feição dos dias em que não vivi

Quando eu morrer
Não mais quererei estar vivo
Não mais fugirei dos castigos
Talvez até mude meu nome em cartório
É assim confundirei os anúncios mesquinhos
Quando eu morrer
Serei eu, feliz e sozinho

Quando eu morrer
Serei sombra sob a pena
E para que não tenham pena
Não divulguem minha angústia
Não reclame a ignorância
Quando eu morrer 
Que se desfaça nossa lealdade
Para que disfarça o desamor

Quando eu morrer
Proibirei as desculpas
Macularei tuas rugas
Queimarei no fogo da aurora
Quando eu morrer
Traga minha mãe
Pra que me vista
E um beijo na teste me aposente
Quando eu morrer
Deixa que eu vá
E não condenem minha morte

Quando eu morrer
Esqueça tuas crenças
É o teu julgamento me verá no paraíso
Quando eu morrer
Me deixem descansar em paz
Talvez quando me cansar da paz
Eu até retorne
Vai saber
Quem sabe torne a ser o mesmo homem
E tenha saudades do que sofri

Quando eu morrer
Não me diga o que nunca disse
Não me ame
Não insiste
Não divulgue minha carta
Minhas palavras foram pra despedir de ti 

Quando eu morrer
Por favor,
Deixe-me no direito de viver

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Com dengo

A cama era de casal
E não se sentirá em casa
O quarto estava escuro
Um quarto do que seria a noite
Funebre solidão
Na companhia do incêndio sob o lençol listrado
Azul e branco
Mas eram as marcas que datilografavam tua violência vermelhas
Calombos se formavam feito samba em sua pele
As juntas se intrigavam em harmonia
Com arte as articulações iniciavam guerras
Sem dó a terra da cabeça gritava sua dor
Não havia fé nem força
Suas pernas sacolejavam feito vara de bambu
Devera ter se deitado
Mas a chuva da segunda reclamavam os seus ais
Ais que clamavam sua dor
Dor que educadamente desenhava seu prazer
Com dengo ficou
Com dengo sentiu
À noite voltou, feito ninfeta em sua graciosidade
E outra vez no quarto
A cama era de casal e vazia
E o caso era dengue e azia

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A mulata da casa 345

Ela era bela e cinza
Os seus olhos eram cores em que desfilavam o bisturi
A sua morte fora celebrada como conquista de virgindade
A sua partida a anunciação de respostas outrora ministradas
Os homens exultavam a liberdade
Embora com o saudosismo do gosto de seu suor
Ah, era esse líquido que temperava o conservar de suas poucas alegrias
Era contrária às muitas mulheres que desconheciam o poder ser mulher
Nas curvas de teu corpo havia pecado
Nas trilhas dos lábios espermas de paixão 
E em suas paixões pequenas mortes
Calaram a voz da mulata da casa 345
Suspenderam os gritos que acordariam os galos
Alvejaram as manchas amareladas de seu colchão 
Assassinaram o bolero dos olhos
A escrita rupestre das unhas
O braile na pele
Assassinaram o incêndio das virgens
Mas era eterno o amor
E entre pelo, pele e poro das mulheres e homens que a conheceram
Estava registrado o seu epitáfio:
Eu sou o demônio, o capiroto, satanás 
Não tenho a alegria de dezembro
Sou fevereiro
Carne, sangue, sexo, gozo
Eu sou as lágrimas das bucetas e paus
Os rios que irrigam o prazer
E despe violentamente a pureza
Destrinchado a poeira de suas negações 
Eu sou o bem no mal
Sou o negado, escondido
Sou a jura
Sou tudo o que fui
Sou tudo o que deixei de ser
De amar
Querer
Viver
Sou a escolha não feita
Sou parte de mim
A parte que te afronta e amedronta
Sou espelho
Sou como todos
Sou o não sou
Sou a possessão de teu corpo
Os lábios molhados
A língua captura pelo dente
Sou terremotos em polo norte
Sou maremotos em polo sul
Sou a fraqueza das pernas
O arrepio, o espasmo, o suspiro
Sou eu quem te empresta a gargalhada
E não presta em choros
O infinito que habita o teu corpo e ama, decifra, tenta
Sou o teu nome
A revelação do mundo como primeira vez
Sou o que ficará 
Sou riso
Confundida como amor
Sou paixão 


Just be

While the tears came down
It was thinking about the stars
It poured out its heart 
It opened up its stupid mind
Trying to be gentle with itself
Trying with its all
It tried with my soul
But I was dead 

Close your eyes and remember the hurts you made 

Open your closet and find the character you were 
Set your sex to the fire and find me
Find us
And just try do not let it go 
Let your words burn in your mouth
Taste your lies
Be 

However to add a insult to the injury, it started to rain 

And it was afraid of the thunders 
It was afraid to go into the rain and see its skin 
It has been trying to have your closet's key
Trying to be gentle with you 
Trying with its all
It tried with my soul 
But I was dead

I was

And you never be 

By the way when start to rain again 

Please, do not be of anything 
Take its clothing off and wait
The stars are going to appear once again
At this moment do not think
Be
Just be


Vida que segue

A vida segue
Entre trancos e barrancos segue
Sem perder as estribeiras segue
É jovem e consegue ser feliz 

Que seja leve como a dor

Ou mesmo breve como o vinho
Não a releve com ardor
Tampouco embale-a em carinho

A vida segue

Entre prantos e encantos segue
Sem pender-se em pirambeiras segue
É jovem e consegue ser feliz

Que seja pura como o ódio 

Ou mesmo dura como o riso
Não há brandura no sódio 
Tampouco ternura no siso 

A vida segue

Entre ranço e espantos segue
Sem prender-se pelas beiras segue
É jovem e consegue ser feliz

Vida que segue...



quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Mas turbo amor

Eu que de tanto gargalhar
Engasguei 
Penetrados foram meus pulmões pelo gás da dor
Aguei a boca de tanto amargor 
Bebi dos sucos de tuas vísceras 
Bebi sem ter com quem brindar
Sete longos anos sem trepar me esperam
Mas a insônia é como uma amante
Que mesmo encharcada de gozo e prazer 
Ainda escala montanhas à procura de novos mananciais
E eu sequei em mim
Fundi em banho-maria o pau de minha cara
Endureci o coração com lascas de mármore 
Dispensei a febre e pus o ar ártico no lugar
Masturbo-me em meu ego por esquecer
Que à dois ou três seria melhor
Em silêncio afiado,
Feito o punhal que me contempla
Interrompido pela execução do perdão 
O constante mantra que minha mente entoa
Para acalmar os resquícios do meu coração 
Das lembranças amargas que saboreei
Calado
Porém sorrindo
E só 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A deus sob sete palmos

Abraçada sou pelo concreto da caverna
Por entre os poucos feixes de luz que invadem a tumba 
Permito minha pele se despedir das lamúrias da existência 
Por entre o medo é o horror vou debulhando os grãos de minha lágrima 
Choro em silêncio 
Choro em gritos silenciados pela dor
A dor que despeço agora 
Ela que me despedaçou por hora me encontra à mim 
Que ódio tenho da vida que levei 
O rancor se perpetua em minha carne
E costura a musculatura e ligamentos de meu falso riso
Tão estúpido quanto os olhares aos quais se dirigiam
O ódio se afeiçoou à mim 
E eu descrente da esperança me entreguei a ele
Como virgem que romantiza o desmatar de suas matas
Ele massacrou meu verde e instituiu estradas
Que a nada leva se não ao jogo de me perder
Violentada fui por tratores que não trataram de cuidar do que roubaram
Maculada fui por pés descalços que me juraram resiliência 
Eu fui destituída de meu prazer
Fui corrompida por puro prazer
Fui sem ao menos ser
Porém hoje de mãos dadas ao destino
Me repouso sob sete medidas de meus caminhos
Sepulto viva o meu pesar
Com peso e pessoal me deixo ir
Me tento
Me pecado
A cada dia que passo ultrapassam os meus ais
E desconheço uma razão plausível para continuar moribundo 
Apodrecem os meus sonhos em mim
Apoderam-se de meus ossos a dor
Fina, aguda, silenciosa como a prostituta da luz vermelha
Essa goza múltiplas nascentes por naufrágio de mim
Que deus se perdoe, de por capricho e egoísmo
Depor favorável às Irínias e conceber à mim 
A deus entrego o adeus de minha carne
A deus entrego o que não prestou
E restou de si
Eu me entrego
A man!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

In tensões

Se a força eu tivesse
E o meu cristo morresse
Não seri eu o contador de minha história 
Eu seria o som que se movimenta de sua boca
Que se costura em suas cordas vocais
E enforca minha reputação
Se a força eu tivesse 
E o meu bicho morresse
Não seria eu o perdão que te libera
O egoísmo que te acalenta e sorri generoso
Eu seria a agulha que estupra a tua fronte
O ar que foge de teus pulmões 
E sequela o teu tino
Se a forca eu tivesse 
E o meu cristo vivesse
Eu seria suicídio.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Escombros

Retiro a acelga da geladeira
Desligo a tevê e Wi-Fi 
Tempero com sal e alfavacas um bife de terceira
Eu que era vegetariano me alimento de sangues
Frio
Eu que era vegetariano canto um novo drama pra mim 
Ponho à mesa minhas solitudes
Disponho no corpo reais frustrações 
Distraio o choro
Retraio o riso
Eu traio à mim em silêncio 
Caio em mim em gritos que nunca esbocei
Mas são os mesmos que me sufocaram 
Os mesmos que focaram o meu peito por moradia
E fincaram com jeito as armadilhas 
Que me inventaram arrepios e pios
Ventaram sobre mim calmaria 
Com porcão de cal que me caiou 
E escondeu o esqueleto 
Que resultou da carne fétida 
E de terceira
Me alimento de mim fracassado 
Tenho por sobremesa o coração assado
Com juras e boas intenções 
Em tensões preliminares vou vomitando minhas destrezas
Rezas por mim
Pelo nome e amor de Deus me liberes
Do encontro com os escombros da casa que sonhei pra mim
E ti



segunda-feira, 26 de outubro de 2015

R.I.P

Suddenly
Houve um ou dois suspiros
E tudo se fez black and blue
Os antigos coloridos das vestimentas
Se tonificaram no rubro que escapava dos olhos
Eram salientes as manobras que a vida escolheu
I wish I could cry or
Kill all the things I have within my alma
We are so cruel to each other 
That we forget we're also another 
Goddam!
Perceptível é a mazela humana
Quando a felicidade do outro 
Começa a nos incomodar
E finda com o last of drop of beauty you had 
Please, quando eu partir não velam o meu corpo
Depositando sobre ele a atenção que nunca me deram
Quando eu partir let me go
In peace
With all the piece de mim 


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Desdenha

Sobre os trilhos horizontais do lençol depositou o seu corpo
As hélices do ventilador preto aqueciam suas brasas
Não se fazia necessária lenha por
Afinal de contas, já eram secos seus lombos
A fúria do desentendimento consumia sua paz
Era pago o preço pelo disparo que não deu
Computada a sentença pelo beijo que tampouco lascou
What can he do, Mrs. Ross? 
Não se recordava mais dos dias de exultação 
Tampouco lágrimas teria para hidratar seus ais 
Mesmo assim choro houve
Ainda assim a arrogância esnobou


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Adeus

Sutilmente cercado por minhas íntimas cobras
Utilizado como consolo de meus prazeres
Ignorado pelas sinapses desta mente traiçoeira
Cai inóspito e oco nas sangrias de meu choro
Ignotas foram as juras das companhias amigas
Desleais os anseios que coreografei 
Impactado por relâmpagos de realidade me calei
Observando a morte chegar chorei




quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Chão

Estava limpo o chão da sala
Exorcizada a copa por incensos indianos
Os pisos da casa estavam lustrados a cera 
Preparados para coreografia que executaria
Eu 
Ao encontro do chão
O teu lado na cama estava frio
O travesseiro que usara infectado por teu perfume 
O mesmo cheiro que habitara o meu corpo
Mas em meu corpo já não havia teu suor
Tampouco em minha saliva o teu ácido sabor
Sobre mim se levantada todas as noites
Cinco covardes e solitários soldados
Sobreviventes da guerra que travara a paixão 
Esses tais sufocavam o meu pescoço 
Bombeavam minha cabeça de toda lembrança que desprezava
Sentia o sangue contaminado por teu veneno me preencher
E esvaziar o meu pequeno corpo
Do que jurei ser amor
E foi só o chão da minha casa 
Que estava suja pela manhã 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Volta e vulto

Tarde demais tentamos nos rever
eu já não sabia te dizer olá
não mais te ressentia
não mais te nós
porém pronome de terceira pessoa
o nosso amor se tornou melodias de Ivan Lins
agora minha trilha era funk
outros discos
outros círculos
não porque não houve amor
sim porque não mais ouço o sentir que pintamos
desbotou-se as cores do calor
mas a tela ainda está lá e continuará
velando na memória o vulto teu
que não se vale mais
ai, meus ais

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Um vinho avinagrado

Na taça de vinho tinto depositei minha dor
hidratei as traças que corroíam minha paz
tingi de rubro o alvo de meus dentes
era puro sangue a cor de meus olhos
era turvo o colorido das velas 
as que te sepultavam vivo
as que iluminavam o desamor

Eu queria sorrir
queria querer ser leve, breve, eve
mas eu era dia seguinte
era sombra dos pretéritos
embora não mais-que-perfeito
fui feito de mas
porém era avinagrada todas as vias
eu te via
tu que não me vestes
eu te ia, sem volta
porém hoje já não voltas mais

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Bata a porta ao sair

Queria sorrir
Do fundo do meu coração raso, queria
Todavia só tinha forças para o desvencilhar 
Eram poucas as energias que me mantinham vivo
Me autofagia nos cemitérios de minhas recordações 
Ah, se eu pudesse te dizer de minha dores
Talvez pudéssemos replantar aquelas flores verdes
Não
Novas flores
Sim
Ainda há samba em mim
Bossa nova em desarmonia com jazz
Mas esse esqueleto em ruínas não dança mais
Dancei

Ali jaz minha voz 
Que repetidas vezes te amou
Repetidas vezes repeti em amor
Repetidas vezes vi as flores murcharem
Tão quanto murcharam minhas pálpebras 
Fluiu tanto sal que os olhos secaram
E o coração, por loucura, não conseguiu mais parar
A alma se abrigou nas pautas de tuas cartas
E nao descarta me deixar de vez
De vez em quando a gente morre
De vez em outra sorri

Quando sair bata a porta, por favor

sábado, 22 de agosto de 2015

Meu amor, deus não ama

Era tatuar o pecado de meu amor
Na falta de cor de tua pele
Te dizer aquelas coisas que não se diz
E se quer
E deseja
Era tirar de deus a culpa que era só nossa
Meu amor, deus não ama
Deus é muito  deus pra pecar

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Bem assim

Bem assim,
Fria e matemática
Assassinei a paz
E colori de inverno a tela da sala de não estar
Eu tinha prazer na solidez da dor
Havia um certo tom na melancolia que me atraía
Eu colhia a angústia no pomar que criei
Colecionava as rasuras do chão que desgastei
As frissuras nos meus dentes esgrimavam minha nuca
E eu gostava
Sabe como? Entende?
Eu gostava do dor de ter o peito massacrado
A língua recheada de aftas regradas a suco virgem de limão
As minhas mãos sangravam as carícias que não recebi
Bem assim
Cruel
Sem dó, sem ré ou mi de piedade
Eu era desatinos sóbrios
Eu era embriaguez de mim
Eu era e o eu me abandonou
Bem assim
Não assado
Cru
Sangrando
Bem assim
Mal passado


terça-feira, 4 de agosto de 2015

Lenha

O silêncio que outrora operava no quarto
Fora quebrado pela indelicadeza
De uma música melancólica 
E as hélices do ventilador 
Que sangravam o vento sobre a cama
Era um cenário perfeito de morte 
Embora fosse a morte imperfeita 
Para os feitos daquelas mãos 
Haveria de ser triunfal a ascensão dos hormônios 
Que mutilava os antigos risos daquele corpo
Franzino 
Menino
Um hino entoado em cultos fúnebres 
Cultos celebrados pelo sabor doce da morte
A presença da alfazema foi sucumbida
A coreografia que o enxofre saboreava no ar
Era a dor do vento que o ventilador cortou 
A dor se espalhou pelo ar
E o ar sepultou o calor
Há alguém nessa platéia te tenha lenha?
Lenha a dor, por calor!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Presença de Jesus

Tua presença me atraiu 
de volta a Ti nos esconderijos de meu sonho
o cheiro doce de tua companhia
acalmou os relâmpagos de minha lágrimas
sucumbi a paz que não entendi
na verdade, me confundi em minhas ciências
você me tirou o chão
e eu corri entre as nuvens
tatuei no ar minhas antigas dores
deixei espalhar entre os raios de sol meus medos
eu vi o sol nascer de pertinho
ele me aqueceu
ele me iluminou
eu sorri
Deixa eu cantar pra ti aquela antiga canção
deixa eu falar dos pulsos de meu coração
deixa eu te trazer risos novos pra mim
Jesus, deixa eu deixar você não me deixar deixar você 
E cantar nada vai me separar do amor que está 
Em Ti, Jesus

segunda-feira, 11 de maio de 2015

colo e rir você

Os dias têm andado cinza 
Isso nos dias que o dia anda
Ele não anda
Os dias se congelam turvos
Tons pastéis se misturam às cinzas
Meu estômago queimou em chamas
Se desfez nas lembranças
E elas não chamam por ti
Venha e desinventa a minha tristeza
Ou a distrai no sabor da saudade
Mesmo que não tenha tinta pra colorir o dia
Dê colo pr'eu rir do mesmo dia
E não solta de minha mão 
Só ria

domingo, 10 de maio de 2015

Em forma de amizade

Você voou
Alegrou os olhos de Deus
Ele chorou
De alegria nos braços teus

A vida é assim
Anjos vêm para trazer o céu
Vem cuidar de mim
Vem trazer de volta o meu céu 

Eu vou te encontrar de novo
Pode acreditar
Hoje estou chorando um pouco
Mas isso vai passar
O céu é logo ali
Você desenhou pra mim

Eu vou te encontrar de novo
Pode acreditar
Hoje estou chorando um pouco
Mas isso vai passar
Teu sorriso está por aqui
Fecho os olhos e posso te senti

Isso é eternidade
É amor em forma de amizade

terça-feira, 28 de abril de 2015

Nue

Nue.
Nue.
Meu amor 
é tão grande que cabe o
meu amor
que se esbalda feito criança
na ânsia de
devorar os doces de festas infantis
devo orar pelo meu
amor?
devo encaixá-lo
nos corpos dos amantes que 
me gemem?
gêmeos são os desconhecimentos de 
meu amor
foram os cimentos 
que a ele mentiram 
me tiram o
meu amor
feito lobos
que tiram doces de bocas de
crianças
criam ânsias
em poucas poses de contos
e nada conto ao 
meu amor
só pra que 
meu amor
continue
nu e
meu amor.
Nue.
Nue.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

De roupa e sem -em-amor-

Eu investi os meus últimos sais 
para te convencer de parar nossa guerra e
então ouvir a rouca e tímida voz 
que se cansava à nossa espera
era um som que ruía do coração
- ex nosso- 
fuzilado por "foi tua culpa"
tentava outra emoção
-dis-posto-
engalfinhado entre suas multas
acalentado por tuas suas queixas 
quem ama não desleixa
se deixa correr pelos fluxos dos rios
quem ama se goza sem transas
se trança em lençóis
se doa
mesmo que doa
os amores se sepultam
porém os amores não morrem
quem morreu
fui eu
eu fui
e não soube voltar
tampouco subi ao céu
vivi a cultuar tua presença
ausente
e presente
em mim
que sem roupa limpa e clara
se sepulta em si
-em-amor-

domingo, 26 de abril de 2015

De roupa e sem mudo

Assim como se veste um defunto fresco e gelado
assim fui trocando minhas roupas claras
fui despindo o meu corpo dos cheiros das castanhas moídas
fui sepultando os paladares de teu hálito
esquecendo das texturas dos cravos de tua língua
cultuando o falecimento múltiplo de nossa paixão
eu via o mundo
você o ouvia
eu era cego
você...
ah, você era deficiência 
e então fomos parando
e pairando sobre nosso ar veio o cheiro das flores 
a sensação dos dias de Finados nos circulou
e foi ela a última graça que dividimos
sem jeito ficamos sem jeito
e o jeito foi fechar teus olhos
e dizer adeus
sem nada dizer
pois mudo também era eu
eu que sempre mudo
de roupa


segunda-feira, 20 de abril de 2015

I lost my soul (Já nem sei quem sou)

Sometimes when I think of you
I get some parts of me
Why cannot touch your face, my love?

I saw you far from home and I cry
Tell me God why the loves die

I will try to fly away
Go into the Heaven and say
I love you (That I miss you)

I cannot remember what I have inside
I lost my control
I know nothing about myself
I´ve been trying to walk on me
Am I trying to forget you, my love?

You don´t know what I have inside
There are some thoughts walking inside my mind
Am I trying to forget your face, my dear?

I´ve trying to pray and say
I need your presence
I need your embrace
I need the touch and the love
That can cure my fears

I lost my soul
I lost my soul
I lost my soul
Já nem sei quem sou

segunda-feira, 2 de março de 2015

Maria, Pedro e João

Maria amava João
João em outra época amou Maria
Que agora ama Pedro
Sim, havia uma pedra no meio do caminho
De tanto a água bater no peito de Maria
As lembranças de João perfuraram o rosto da pedra
Essa se desfez em areia 
Fina
Clara
Tão translúcida quanto a lágrima que Pedro derramou
Por Maria, Pedro chorou
E por João ela trocou a pedra que construía sua paixão
E João era feriado, era terra que não se pisa
De tão pisado ser se petrificou
E continuou a sorrir
Pedro continuou o caminho
Saiu do meio do caminho e seguiu 
Conheceu o sal do mar e se protegeu em castelos de areia
Que fora esculpido por inocências infantis
João petrificado despencou em Maria despenhadeiros de paixão
Maria outra vez suspirou
Se petrificou,
Mas uma pedra não faz verão
E foi inverno que sem pedras construiu seu calor
E era morno o lar
Era o que se repete e troca
Voltou Pedro
Se foi João
Ficou Maria a chorar por João
João que outra época chorou por Maria
Que por quem Pedro sorriu
E hoje não ri nem chora

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Isso não é poesia

A noite estava fria
era canção e poesia
na rua não havia mais ninguém
nenhuma alma viva denunciaria minha fome
tampouco testemunharia meus rugidos
os cômodos estavam vazios, frios
mas as irradiações de calor inflamavam as paredes
sabíamos o que queríamos
e queríamos muito mais que querer
queríamos ser
e deixar ser revelados
corpos nus
e o contorno de teu labirinto desmitificado
boca hidratada por um apetite
que desenhava as marcações d cena que acenava pra nós
timidamente éramos dois
pele coberta de suor
temperada pelo agridoce produzido pela transa de fluidos
nossos fluidos
meu e teu
teu e todas as vezes que neguei sede não ter
Como minto pra mim!
é, isso só aguça o desespero de dedilhar as bordas de teu umbigo
e corroer as fibras do cordão que te orienta
escalo tuas seis montanhas feito criança que engatinha
e agito o pico de teu peito
eles acordam menores vulcões
outrora adormecidos 
e agora acalentados por minhas unhas
essas escavam a tua pele
preparando o solo onde semearei meu rio
ele vai invadir o teu corpo e hidratar o teu prazer
selará a semeadura de nossas excitação
e será uma
e outras vezes
até que a rua acorde com os gemidos teus e meus
que traduzem a língua que só as línguas sabem dizer
é esse idioma que vou cantar pra você
destemido vou assinar a obra de escalar-te
fincarei minha bandeira em teu pico mais alto
e nela tatuarei a liberdade
de ser teu e ser de ninguém
e não ser vazio
mas preenchido de satisfação
encontros, histórias

de gozo doce
de rio espesso
de gargalhar agora ofegante, calmo, tímido
exorcizados pelo tremer e tentar
sacramentado pelo salgado suor.
Dentre tantas outras coisas que encenei
não estava falando de poesias
estava transando você

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Cedo

Corri
Dancei outras lutas
Despi o corpo das cascas das feridas antigas
Atingi as veias que tramavam meus ais
Cansei de pensar demais 
E dispensei as rimas 
Deixo a sina me conduzir
Nesse poema que escrevi pra você
Você que se vê feito num espelho
Nesses versos que não versam
Queria amar
Queria experimentar as dores
E o medo de medo ter me conduziu
Cedo
Desisti de você

Procuro
No escuro
e encontro você
Me cubro
Vergonha de me perceber
Tentativas rudes esboçaram as rimas
Que dedilharam a vida que não queria ter

Canta pra mim
Deixa eu ouvir tua voz
Me acalma
Remova dos poros os algoz
As minhas palavras aprenderam 
Revelar o que escondi de você
Eu nunca disse 
Embora não visse
Te amei
Num instinto de ser medo
No destino de ter amar

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Pai

Abro os meus braços
Embora cansado dos calos das ruas
Deixo aquela antiga nuvem dos olhos
Lavar o meu riso
Ela cavaca meu rosto, já não infantil
Entre as marcas do que ri e chorei
Arrasta os lixos que as dores deixou
Tatua a gola de minha camisa marrom
Das histórias que queria ter te contado
Entre as escrituras deixadas no piso de casa
E veias sangradas nas paredes
Sinto o teu cheiro percorrer entre os cômodos
Na tevê arranha o som do futebol
Mas sem o incômodo de ontem
Aceito o jornal
Adoro os deus em singularidades
Leio o teu livro
Até juro reviver-te em mim
A cozinha se perfuma da água doce do café fraco
Os cães ladram em cirandas
As plantas florescem
O riso retorna
Refaço as pazes com o tempo
E com o tempo
Ele me canta qualquer conto que fale de paz
Enquanto varro de casa a tristeza
E eu vejo você
E você, sem ser senhor, sorri
Eu, criança, corro
Pulo
E te revelo desenho rabiscado que pintei
E você, sem ser senhor, sorri
Eu, criança, durmo
Sonho
O sonho que farei de teu sorriso um abrigo
Pois as noites ficaram frias
Quem congelam a alma
E a chuva não cai
É, eu preciso de um...


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Love is word

I was talking to the butterfly
that sat down in my bed today
I don´t know if it could
or not
understand one of my flights
anyway
I let my breath tell about my heavens
I set up my rules
hunt for prey
raven
that´s not because you are
but who you have been
you´re here and you´re far
´cause they told about sin
are they be able to drink me?
are they ready to taste my blood?
No
that´s the real answer
they talk about the King
but they do not know Him
they just kill to wash their mind
they just kill to cash their bind
are they be able to sink me?
are they ready to fast?
Me!?
I will be
I will be
I´ll be back
Don´t be sad
Love is word
Words are mad

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Ser capital

E ser servido de qualquer amor
Amortizando a fome de minhas veias
Esse transporte público da luxúria de minha paixão
Ser desprezado pelos fluxos da cabeça
E havia intenção a beça pra pecar
Sucumbir aos suspiros da carne
Por invejar as encruzilhadas sem destino que ela se é
E desbota o seu cheiro ao transar seu sangue
Seria um pecado viver sem ver esse amor
Seria pecado não amar
Mesmo no ódio de ser escravo de seu não
E poderia haver sim
Momentos cobiçados pelo compasso do natural
Desumano seria oferecer a face à ira da santidade
Vigiai e sedes sóbrios
São Pedro
Ciente do suor que entope seus poros
Pelo amor de Deus, embriague-se de si
Sê humano e revelar no mau hálito de sua manhã suas manhas 
Concentrando no umbigo o gozo do vazio
No cansaço e preguiça de perder você 
E ser capital
O investimento principal de sua vida
O lucro do preço é tempo de teu prazer
Ser inteiro
Interno
Num sacrificado sacrilégio de respirar
Externo
Ser inteiro 
Amor
Amém