quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Bem assim

Bem assim,
Fria e matemática
Assassinei a paz
E colori de inverno a tela da sala de não estar
Eu tinha prazer na solidez da dor
Havia um certo tom na melancolia que me atraía
Eu colhia a angústia no pomar que criei
Colecionava as rasuras do chão que desgastei
As frissuras nos meus dentes esgrimavam minha nuca
E eu gostava
Sabe como? Entende?
Eu gostava do dor de ter o peito massacrado
A língua recheada de aftas regradas a suco virgem de limão
As minhas mãos sangravam as carícias que não recebi
Bem assim
Cruel
Sem dó, sem ré ou mi de piedade
Eu era desatinos sóbrios
Eu era embriaguez de mim
Eu era e o eu me abandonou
Bem assim
Não assado
Cru
Sangrando
Bem assim
Mal passado


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