domingo, 30 de setembro de 2012

Domingo, dia que tudo morre

Adeus
Bye bye
Até logo
Talvez

A paz
Distrai
O relógio
Talvez

O domingo se foi dormindo
Segunda a primeira a chegar
Nem lembro o coração atino
Amor que ficou pra trás

À Deus
Que faz
O aborto
Nascer

Apraz
Destrai
O remorso
Morrer

O domingo se vai fugindo
Sete dias pra retornar
Nem vejo o tua cor tingindo
O coraçao que logo vai parar

Aos que me perguntam sobre amor

Perguntam-me sobre amor
E as poesias
Me relembram as cicatrizes
Não choro
Não grito
Não desestabilizo
Apenas me
Não sei
Ninguém sabe
Nas incertezas ele cabe
Invade
Engana
Quem ama
Encanta
E gosta de assim ser
Mesmo às vezes nem sendo
Crendo vai
O amor que se plantou em mim
Se ao menos a delicadeza de pedir
À deus
Licença pra meio amar

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

As plantas de minha casa morreram de saudades de ti

Meu mal-me-quer,
Ela secou
Suas pétalas não reabriram hoje
Estavam em greve
Em greve de tom de laranja
Talvez em breve morrerá
Mas não sofra
Ela sempre foi sensível demais
Então desbotou
Suas cores se distraíram o rouge
Estavam em seca
Em seca de umidade de teu bafo
Talvez sem beca morrerá
Mas não sofra
Ela sempre foi aprazível demais
E sentiu tua falta
Esperou tuas falas que não ouviu
Minguou-se pelos talos e não sorriu
Se envergou e não foi pro sol
O sol não veio a alimentar
Tampouco beija-flor selou tuas fontes
Morreu de fome
Morreu de sede
Morreu de ti
As plantas de minhas casa morreram de saudades de ti
E suas mortes me plantam saudades de minha casa
Era casa e só restou a planta vazia e seca
Eram plantas e então sobrou saudades
São saudades e então plantou-me ao chão

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Vou narrar exatamente o que quero que faças

Perguntei:
- O que queres eu faça?
Respondeu, ele, trêmulo, indireto, seguro:
- O que bem quiseres.
- Não quero bem. Quero mal. Tu sabes. Não finjas que não me conhece. Recomecemos. O que queres?
Estabeleceu-se um silêncio e ouvi as últimas lembranças de lágrimas que existiam no final de tua língua, bem perto à campainha deslizar seca entre os atritos de suas cordas vocais e as umidificarem. Ele então com as mesmas palavras agora molhadas soluçou:
- O que bem quiseres.
E eu não exitei.
- Quero que aproxime-se de meu corpo físico. Venha mais. Mais um pouco. Bem próximo, deixe-me sentir o calor de tua respiração. Agora sinta o meu cheiro. Não na nuca, mas o que exala de minha boca. Isto achegue-se bem perto dela. E agora a beija. A beija como se degustasse a tua fruta predileta. Devore-a como que se devorasse a vida. Acalme-se. Respire fundo. Olhe em meus olhos e torne à me beijar, porém desta vez lentamente, suave, doce. Costure tua língua à minha. Não a segure, não gosto desta sensação de prisão. Deixe-as bailarem, dançarem por si só suas coreografias espontânea. Deixe nossas línguas falarem de suas performance. Aperte-me contra o teu corpo. Me funde. Me abandone. Não. Não pra me deixar desta forma. Atitude e Segurança. Firmeza. Isto. Isto. Ótimo! Ahm! Ahm! Espera, perdi o fôlego. Onde estávamos? Apague as luzes. Deixe apenas o abajur ligado. Coloque o ponto. Sim, o ponto final nesta história que escreves. Daqui pra frente pertence só à nós dois. Beijos.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Paixão à ausência da vista

Hoje me lembrei de você
E o meu coração saltou como um trapezista de um circo qualquer
Por alguns poucos instantes o meu coração voou 
E aterrizou inseguro em meu peito
Foi buscar tua presença que ele se inspirou
Estou apaixonado pelas lembranças que tenho de você
Embora não te tenha
Tenho seus sabor escondidos em meus lábios
Feito lenha sobre o fogo
Que se queima e vive em cinzas
E num vento seco em emoções qualquer volta a sorri
E queimar
E incendiar
Percebi você
Resiste o amor à suas lembranças?
Existe o amor na ausência do amado?
Só o que sei
Me apaixonei à ausência da vista
Sim
Às vezes é mais saudável chegar ao fim
Sem
Fim

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

4 ponto 16

Chave, porta, maçaneta, 701, elevador, porta, chave, espera...


Abre. Entra. Fecha. P. Desce...

Abre. Sai. Sai. Caminha. Flores. Árvores. Vira. Caminha. Ipod. Fone. Play. Left and Right opened. Outside closed. Vira. Andrea Bocceli. Vira. Caminha. Vira. Caminha. Caminha. Caminha. Atravessa. Caminha. Reticências... Caminha. Calminho. Caminha. Calminho. Olha. Se distrai e atravessa. Carro, buzina, pessoas, garçons ficaram pra trás. Caminha.
Inflaciona. Atropela carros. Costura. Pára. Olha. Corre. Caminha. Calminho mais ou menos, mais pra mais. Espera. Celular. Espera. Pessoas. Espera. Paquera. Ignora. Espera. Cigarros, dos outros. Puta que pariu de fumaça, vai tomar no cu. Porra. Espera. Estressa. Jack Johnson. Cigarro. Estressa. Se cala. Espera. Não sente o Allure Chanel. Cigarro do capeta. No cu. Espera. Jack Johnson no final. Espera.                     Sem mais calminho. Puto. Amália Rodrigues no meio. Já pelo meio.
Ônibus. 3 e poucas moedas. Cartão. Lugar mais alto, no fundo. Raso. Transborda. Cigarro em si. Mal humor.
No fone Rita Lee, relaxa.
Ri.
Sozinho. Muita gente, mas sozinho. Antipatia. Gosta dela. Ocúlos escuros, pernas cruzadas. Túnel.

Macumba. Oxalá. Orixá. Seu Jorge, Iemanjá. Anjos. Caboclos. Preto Velho. Flores. Espelhos. Pára.
Para.
E caminha rodas do quadricírculo de crianças maiores de 18 anos.
Estúpidos buzinam.
Turn up the  left and right. And go ahead. Fuck, esquece algo. Damn. Já foi. Prossiga.
Sapato, bota.
Olhar, fogo.
Metrô.
Main the gap. O cu. Senta.
Corre. Parado. Corre. Parado. Corre. Pára. Abre. Entra. Fecha. Corre. Parado. Segue. Parado. Para. Abre. Entra. Fecha. Falam. Falam. E corre. Parado. Corre. Parado. Em pé.
Cheio.
Cheiro. Mal odor.
Catinga. Cheiro de corpo, vulgo cecê.
Tenta sentir o Allure. Sente. Ri. Gosta.
Óculos. Antipatia. Luz. Sol. Mudança.
Cristo. Longe.
Inferno?
Não.
Marte?
Não.
Rio.
Rio sem salmão.
Cachimbal.
Maracanã. Prazer.
Muito prazer. Nome. Outro nome.
Não. Mangueira. Samba. Carnaval. Rio. Ri. Gargalha. Simpatia. Pra ela, uma puta mal educada e egocêntrica.
Tem boca. Foi à Roma. Fala. Ironia. Esquece. Foca. Escreve.
Lembra da música e canta o left and right. Sozinho. Muita gente. Sozinho. Maria Rita. Pula. Maria Rita. Pula. Maria Rita. Pula. Passa. Pula. Enfim Alanis Morissette.
Alanis. Ouve. Alanis. Chega.
Alanis? Não. Lugar.
Abre. Sai. Fecha nas costas. Caminha. Sobe. Vira. Caminha. Vira. Desce. Caminha. Calminho. Espera.                                 Espera. Poucas reticências e chega. Abre. Entra. Vazio. E cheio. Senta. Refaz tudo. Diferente. Fora da linha.
Do norte ao sul.
Ponto Final.
Chega, embora queira ir. Reticências.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Todos quengam

Eu quengo
Tu quengas
Ele quenga
Ela quenga
Nós quengamos
Vós quengais
Eles quengam
Elas quengam
Agora me expliquem onde esta o erro da conjugação da hipocrisia?
Atire a primeira pedra quem nunca quengou um dia.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

À Santa Hipocrisia

Por que eu sou substituto de mim
Santa Hipocrisia
Graças à ti sou quem não sou
E protegido do medo que tenho de mim
Eu não quero ser eu,
Tu és suficiente
Amo a maneira que me representas desonestamente
Me cobre com o teu manto
Contra os olhares que me diagnostificam eu
Tu me constrói de tudo o que nunca poderia ser
Santa Hipocrisa
Sei que todos duvidam das histórias que conto
Mas tu, Santa Hipocrisias, és mãe de todos
Não quero me encarar
Quero tragar cada fôlego de tua verdade
É demais para mim ser eu
Tua vida circula em minhas entranhas
E já não estranho quem me tornei
Santa Hipocrisia
Sou grato
Quando fecho os meus olhos
Desconheço o homem que vejo turvo
Proteja-me dos raios de sol
Não quero marcas sobre mim
Pra que voar como os pássaros
Se posso adornar a minha gaiola?
Santa Hipocrisia, crave tua âncora em mim
Não quero os espelhos
Se posso construir minha beleza em suas máscaras
Posso ser doce ou amargo o fel
Na sua proteção caminho distante do inferno e do céu
Você me protege-me em suas asas
Eu fujo do mundo que sonharam pra mim

Aquele plano para me lembrar

Esta madrugada poderia ter sido uma simples noite de tristeza e carência... mas a minha bela,  Laisa Muniz, me surpreendeu ao som da Adriana Calcanhoto e então virou INsanidades!



                             


Aquele plano pra me lembrar

De ti
Naquele plano pra te esquecer
E nada disso amanhã vai ficar
Os meus poros serão sol secando as lágrimas
Esta dor que sinto se consumirá, breve
E logo o meu riso estarão ouvindo
As lembranças que tenho guiarão a minh'alma
Suscitarão as fagulhas que cegam em mim
As marcas das feridas entrego
Deixo-me livre dos julgamentos sem fim
Deixo-me livre dos tratados que nos destrataram
Deixo-me leve, frio
As marcas das feridas enterro
Suscitarão as fagulhas que enxergo em ti
As lembranças que tenho guincharão a tua alma
E logo o teu riso estarei sentindo
Esta dor que minto se denunciará, lenta
Os meus poros serão lua enobrecendo as lágrimas
E tudo isso hoje vai fincar
Naquele plano pra te lembrar
De mim

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O meu maior medo é esquecer o rosto de meu pai

Eu e papai, década de 80

Com todo o respeito e educação, posso falar?
Não precisa me ouvir
Temo macular teus ouvidos que gritam por santidade
Não, não estou alterado tampouco preciso respirar fundo
Preciso é respirar lento, raso, tímido
E quem sabe poluir as narinas dele com vida
Mas ele não respira mais
Morta estão tuas lembranças que assassinam essência
E Deus,
Deus amou o mundo de tal maneira 
Que tirou o meu pai dele
Entre lutos que se repetem 
procuro manter viva em mim suas gargalhadas
A maneira crente de esperar pelo Pai
Hoje eu acordei querendo ser Deus
Só pra dar vida novamente ao meu pai
Não, Deus
Não me venha com tua sentência 
És tu que sabe de todas as coisas
Eu não falo das coisas
Eu clamo pela existência
Não, Deus
Não chores, pois não estou proferindo setas inflamados contra tu
Estou retirando com minha frágeis mãos de homem
Os dardos que fazem o rio vermelho fluir de meus olhos
Eu disse que não precisava me ouvir
Isto não é uma oração
Respeite-me em meu secreto
E deixe-me clamar por mim
Hoje acordei humano
E é o meu pai terreno, o de carne e osso, que me acolheria
E restaram só os ossos
E eu nem sei onde estão
Não queimamos no inferno
E ardemos no fogo que o próprio homem maquina para o nosso fim
Estaria a vida eterna na permanência das lembranças?
O meu maior medo é esquecer o rosto de meu pai
Temo a morte em vida
Morrer e esquecer de repousar minhas lembranças
Hoje eu acordei moribundo
Morto
Vivo
Vivo
Mort
Viv
Vi
M

Estes homens que não sabem o que querem

Brinca como meu coração
Por ainda não se assegurar em seus dezesseis centímetros
Assim como teus montes de virilidade
O meu sentimento é esculpido de carne
E músculos que se atrofiam ao seu desamor
Você pensa ser muito homem
E tatua em nossos tímpanos isto aos berros nas rodas
Você roda, roda, roda em torno de si
Come no prato fino de muitas mulheres
Mas não me cozinha com este papo vazio
Você não me preenche
Vaga dentro de meu corpo
Sustentas o teu nome em teu pau
Fraco
Fino
Frouxo
Tua cara valente já está oca
E se desmancha diante o homem que também sei ser
Não quero tuas flores, Senhor Virilidade
Eu ainda não estou morta
Eu vivo além de ti
Não quero doces finos
Palavras frias não me tocam
Quero um homem que saiba que o é
De cara barbada e saco cheio
Quero o gosto de querer
E ser mulher
Quero e sei o que quero
E prossigo me redescobrindo
E cobrindo outra vez

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eu não sou virgem

Abra os teus olhos e então saberás 
Das fluidez que quero que você saiba
Que o meu valor não está em meu sexo
Não é justo me julgar 
Já que temos a mesma pulsão no cerne de nosso corpo
São os nossos corações que pulsam diferente
Eu paguei pelo meu prazer e paguei caro
Nem sempre é agradável pensar em você
Eu cheguei à casa apaguei a luz e acendi o abajur
Mas não foi ele que incendiou o meu fogo
Esta carne que desgruda de meu corpo
Em contraste ao teu peso que foge de mim
Não tenho por costume de desculpar
Pelos pecados que não cometi
Tampouco não perjuro os que consumo
Se lascívia engordasse eu já estaria condenada à minha cama quente
Se tesão matasse não haveria fogo para mim
Você se esquece que tem um sexo entre as pernas, Senhor Heterossocial
Eu não sou virgem
Desde criança já brincava de sexo
E isto está além demeu instinto
Eu não sou pura
Foi na tua defraudação que me purifiquei a hipocrisia
Nunca tive o meu corpo tocadi
E já carrego muitos toques em minha mente
Eu fantasio e tamgivelmente me sacio
Sou mulher que cria a transa perfeita pra si
Não foi à toa que nasci com 10 dedos
E ainda tenho pés para me mover em meu mundo
Não sou do tipo mulheres que desconhecem a si
Também não sou menina que tem prazer em tuas paixões platônicas
Eu não sou mais virgem
Já me abri pra mim
E sou um mundo libidinoso demais para meninos de pequenos picos
Sou como mata ou como rio turbulento
De enxarques e não sequidão
Sou de cama e não de poesias
Eu não sou virgem
Também não sou santa
Sou mulher
Já fui Maria e tantos outros planos
E hoje sou fome
E no prazer que me chamo
Chamas

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Nesta vida real eu não quero ser teu amigo

Hoje eu amanheci com Cazuza cantando "Eu preciso dizer que te amo" em minha cabeça. Lavamos o rosto juntos. Tomamos o café. E então...


Nesta vida real eu não quero ser o teu amigo

Tantos casos e segredos confidencializados
E não sei como dizer o que nem mais consigo esconder
Tantas coisas em comum e nos distinguimos pela paixão
Preciso fazer uma listinha das pessoas que me querem
Só para não perder tempo enquanto você não se decide
Não por que não sei quem quero,
Mas nelas engano as evidências que gritam você
Ando dando bandeira 
E você levantando bandeira branca
Quer paz
Mas o amor é guerra
E eu já sai rendido, ferido
Mas não são de minhas feridas que quero contar
Posso falar de outras partes do coração
E nem sei se você vem ou não
Você que só olha em meus olhos na companhia dos amigos
E não vê o amor que se materializa 
É real, não é como estes amores de novelas, não
Nesta vida real eu não quero ser teu amigo
E não sei que hora dizer:
Me dá um beijo
Que medo
Até o meu violão sabe cantar o teu nome
Qualquer mania tua eu copio
Até a tua forma engraçada de falar e rir
E fico a falar e repetir o teu nome em todas as rodas
E o tempo pára pra mim
E o teu nome beija-me a boca
E me calo só pra sentir você
Que não veio outra vez

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Desejo o melhor pra vocês

Eu já soube as novidades sobre você
E digo, honestamente, não me importo
Nosso tratado é de carne e sangue
Não quero teu coração ou mesmo a tua fidelidade
Seja fiel quando se deitar em minha cama
E me faça ser tua
Quero ser usada por você
E te usar como à um cigarro de menta
Me consuma e te sacio
E generosamente deixarei os beijos pra ela
Afinal é ela que lava as roupas que eu te dispo
Ela deveria lavar o teu corpo
E quem sabe te ouviria chamar pelo nome dela
Assim como me chamas ainda quando a chama de amor
Não sou uma virgem que finges comportamentos na sala de estar
Sou mulher que se permite risos e gargalhadas
Sou franca e honesta
Uma moça de família, de muitas famílias
O que seria do lar dela se não fosse o meu refrescar?
Não quero o mal dela
Quero o bem
Por isto não te persigo
Deixo os rastror pra me encontrar
Não te interpreto pelo o que dizem tuas palavras
Mas pelo odor que meu corpo produz clamando por teu fogo
Atraindo tua inocência à mim e traindo tua consciência
Já aprendi desbotar a tua cara de homem valente
Eu sei exatamente o lugar em teu corpo que não te arrepia a pele
Eu conheço os lugares que te sugere os montes
Não é de arrepio que vive o nosso gozo
É de calor e não de frio
É de brasa sob e sobre a pele
A temperatura de teu corpo em estado normal aquece minhas intenções
E eu te respondo sem pudores de conservadorismos
Te respondo prostituta e donzela
Te respondo em fantasias e imaginários
Eu sou a mulher que te encontra homem
E é por isso que retorna sempre à mim
Estamos presos e entrelaçados livremente ao outro
Estamos putos
Estamos nobres
Sem ter donos
Sem ter posse
Somos de nós
Você sabe que assim é
E eu finjo pra todos não perceber


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

FIM DE FESTA: Aquela do reencontro

MIGUEL – Oi, eu sou Miguel.
BIA – E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas insistem em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia... tampouco Alice.
MIGUEL – Bia, já deu.
BIA – Esta música melancólica também já deu.
MIGUEL – Você se lembra?
BIA – Sério!? Reviver? Figurinha repetida não completa álbum, Jomi. Get a move on, dear. E tem mais, tem hora que é preciso fechar o cliclo, né? Já deu. 
MIGUEL – Como se fosse fácil?
BIA – Se a vida fosse fácil era seria uma piriguete. Cervejinha?
MIGUEL – Não estou afim de beber. Mas a piriguete eu aceito.
BIA – Vai sair careta? Vai ficar no canto e nempegar resfriado. Te conheço, se joga, Jomi. Pois a noite é uma criança. E os meus novinhos dormem cedo. Festa!

(...)

...O mundo pode dar muitas voltas e demorar os seus fiéis 365 dias para retornar a sua primavera, mas algo é certo: um dia a gente ainda irá se encontrar... Depois de meses de fugas e outras fugas mais, o reencontro aconteceu. E quem se perdeu fui eu. Me perdi da imagem que sustentei durante estas últimas estações do ano. E eu não sabia se já era fim de meu inverno. Eu não sabia se eram flores temporãs. Eu não sabia que calor era aquele que sentia...  Calor num misto de frio na espinha e calafrios por toda pele. O constrangimento do conflito "te quero sem te querer querer"... Eu reconhecia aquele perfume de rosas. Eu reconhecia aquele olhar que defrauda. E Alanis Morissette outra vez cantou "Head over feat", só pra mim.

MIGUEL - Carla, que bom de te ver! Como está?

Bom te ver? Oh, meu Deus, e eu ainda tenho que ser agradável e esconder esta vontade sobre-humana que tenho entranhada de desviar o olhar destes olhos que me perfuram... E então encara e olha nos olhos,na crença desta fraudulenta verdade que olho no olho transmite verdade. Seria tão fácil, se assim fosse... Ela me olha e já sabe de tudo que formenta em minha língua dizer. Eu sei que ela, somente ela me conhece, talvez até mais que eu mesmo. Por quê ela tem de ser tão inconveniente e me ler num simples sorriso? Ela me perdeu. E nem depois disto me teve amor... Não é que damos valor às pessoas quando perdemos, mas muitas vezes ganhamos tanto amor que nem espaço ou ar para amar temos e assim nos sufocamos em todas as sentimentalidades que também gostaríamos de expressar. E então quando se acaba o amor, nos fica o comodismo de todo carinho recebido e a saudade de todo aquele calor. Isto não ainda não dar valor. Falta, valor e saudades são expressões muito diferentes...

MIGUEL - Sim, você vive. Morta em meu peito...
CARLA - Quem está morto não vive, Jomi. E você também vive em mim. Me lembro sempre de ti, mas...

Sem meio "mas" nem menos. Acabou! Ou pelo menos não pode ser outra vez. Todas as escolhas da vida são irrevogáveis. Podemos fazer novas escolhas e mudar o curso, mas não o passado. E ela seria apenas uma lembrança da qual me esquecerei com as luas cheias. Quando retorna a minguante, a lua é apenas uma lua. Se bem que nem para lua eu olho, não sou tão sentimental assim.

MIGUEL - Garçon, por favor, outra dose de cachaça.
CARLA - Não. Não traga. Ele já bebeu o suficiente.
MIGUEL - Você não é minha mãe. Vai se fuder...
CARLA - Não sou tua mãe, então não se comporte como uma criança. E pare de me culpar pelo o que aconteceu com a gente. Você tem tanta culpa nisto tudo como eu. Miguel, amor não enche a barriga de ninguém. Não fiz o que fiz por não amar você. Eu nem sei se foi por falta ou sobra de amor. Apenas fiz. Racionalmente fiz e não me arrependo. Eu fiz por mim. É o meu corpo. É a minha vontade. Não pense que é mais homem do que na verdade é, Miguel. E...

...E quando se ama tudo perdoa? E quando perdoa continua a se amar?...

MIGUEL - E... Eu nunca vou te perdoar. E isto também não é por falta de amor. Apenas pelo fato de te amar. Se fica feliz por saber, eu te amo sim. Agora faça muito bom proveito disto. Tenha uma boa noite. 
CARLA - Miguel, a gente precisa...

Eu precisava me desprender de mim para saber que ainda estava preso à ela?... Não me ame, pois ainda não aprendi a me machucar. E não me machuque, pois o meu amor é nobre. O homem é longe um animal interessante. Tem a proeza de pisar a lua e um coração como terra que ninguém anda... No certo ou no errado, me amarrei nos laços das condenações que o meu juízo agora me imperava. Assim vivi por muito tempo, mas eu também tinha o direito de ser livre... Do que? De quem? Nunca será livre no mundo, quem está preso em si mesmo... Não quero o castigo de resssuscitá-la como à um Cristo cada vez que a reencontrar. Não fui eu quem matei o amor. Não sou eu o assassino. Minhas mãos estão limpas. Não quero eu ser o Cristo. Eu não nasci pra ser deus tampouco, para o amor. 
O homem é muito estúpido. Fica neste filosofar de amores e se engana que o amor só se ama amando. Quem dizer que odiar não é amar? 
"And I've never wanted something rational. And I am aware now. And I am aware now."


(...)

BIA – Talvez tudo o que você tem que fazer é se libertar da obrigação de fazer algo, Jomi. 
MIGUEL – Eu a amei, Bia. E ela soube disto. Isto foi um erro?
BIA – Não sei, Jomi.
MIGUEL – Coloca mais um pouco de uísque pra mim.
BIA – Jomi, eu acho que você...
MIGUEL – Deixe o álcool ser minha companhia. Hoje eu o tenho. Ele e o cigarro que me preenche. Pode ir lá. Acho que estou bem acompanhado aqui. Vai lá.
BIA – Tem certeza.
MIGUEL – Sempre tenho.



... Não precisa negar a paixão. Afinal nesta vida não viemos pra sanidades, mas pra vida e se possível com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...



* Próximo capítulo: "Aquela do Sexo à três". Não percam!!!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Eu quero sexo. E você?

Hoje é o Dia do Sexo... e nunca Os INsanidades poderia ficar de fora. E com prazer, é claro.

Eu quero sexo. E você?

Eu quero o teu corpo entrelaçado ao meu
Sentir a tua mão direita em minha nuca
Fluindo como tentáculos de um polvo
Entre os meus cabelos e me despentear
Deslize a esquerda sobre o meu quadril
Inclina-me levemente até o fôlego faltar
O meu espasmo será o sinal de que me possui entregue
Não quero o teu respeito
Não quero teu constrangimento
Nem polidez
Eu quero o teu amor
Revelado em fogo
Em gozo
Em toques mal-educados
Em carinhos mal-adocicados
E quero aquele amor que enxerga
Que e vê, encara e deseja
Que tua lascívia
E vomitar o teu pudor
As nuances de todas as naturalidades em tons surreais
Quero Salomão, não quero Paulo
Poesia e não canção
Quero os meus gemidos e os seus grunidos
O pé do ouvido
O céu da boca
As maças coradas no rosto
Quero o pecado
Quero o homem
Quero o que quero sem explicações
O que posso e não possuo em meu corpo
Eu quero corpo
E dispenso coração
Quero coração e dispenso telefonemas
Eu quero sexo
E que sexo você tem? 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ir-Mãos

05 de setembro, Dia do Irmão... nos INsanidades uma data como esta não poderia passar em branco, pois é de família que se constitui o in e o out deste louco poeta que vive a liberdade da busca da paz, amor e esperança.
Já disse aqui outras vezes que de amor fui feito da cabeça aos pés, mas são as mãos destes que esculpem a minha caminhada e sonho, pois quando levanto, caio, ou paraliso são neles que encontro o direto ou indireto, o tímido ou o simples de orgulho do "vai e conquiste-se em descoberta e descubra um novo mundo que pode não apenas ser seu, mas ser nosso."


À Mateus e Raquel Braga os meus co-sanguíneos e Gabriela Bonomo, Juliana Campos, Marco Antônio Abreu, Everton Penna, Gabriel Menezes e Pedro Lima, os meus co-cardios (isto foi inventado por mim, insanamente, rs), o meu amor de irmão...


Marco Antônio
 Ir-Mãos

Sem eles eu não seria eu
E sem o eu o meu ser seria vazio
Ou cheio de todo ar que poderia ser
Mas nunca inspirará vida
Me dão vidas
São como a respiração que me alimenta
Que invade as partes mais internas deste ser franzino
Everton 
Células, tecidos, orgãos, pele
E eu nem percebo muitas vezes
São reais e presentes sem anúncios
São escolhas
São sangue
São acaso ou casos
Sentimentos nobres que nem se percebe sentir
Naturais
Gabriela e Alice
Pontuais
Leais 
Surreais
São brigas
Desaforos que levamos pra casa
São roupas estendidas no varal
São entendimentos
Ir. Onde irei?
Ir. Onde serei em paz?
Ir. Se tenho pés?
Juliana
Não
Ir pois tenho mãos
As suas mãos
Que direcionam em confusão
Que abraçam em solidão
Que levantam e me refaz




domingo, 2 de setembro de 2012

Eu não quero ver você com outra pessoa

Sou toda egoísmo,
Sou franca, eu não nego
Eu quero você
Não minto os abismos
Vejo, revejo, imagino e sou cega
Eu me encontro nas saliências que definem teu corpo
E corro calma
Felina e possessiva nestas ruas que te encorporam
E dão nuances aos meus desejos
Sou feito louca
Destrambelhada
Troco, sim
Os pés que caminho à te seguir
Por estas mãos que redefinem tua musculatura
Não me importam o mundo e os tais outros
Eu fincaria meu corpo no tempo e espaço
Apenas pela graça de me encontrar em teus calafrios
Quero teus olhos nos meus
Quero o teu querer em minha loucura
Quero ser o ego que te responde
Te quero apenas pra mim
Nas molduras em meu quarto
Nos desenhos de minha infância
Eu não quero te ver além de entre os rabos
Não te quero com outra pessoa
Nem com a sombra de mim mesma
Não quero luz
Não quero fogo devastador
Eu quero a escuridão
E lá te proteger de mim