quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Vou narrar exatamente o que quero que faças

Perguntei:
- O que queres eu faça?
Respondeu, ele, trêmulo, indireto, seguro:
- O que bem quiseres.
- Não quero bem. Quero mal. Tu sabes. Não finjas que não me conhece. Recomecemos. O que queres?
Estabeleceu-se um silêncio e ouvi as últimas lembranças de lágrimas que existiam no final de tua língua, bem perto à campainha deslizar seca entre os atritos de suas cordas vocais e as umidificarem. Ele então com as mesmas palavras agora molhadas soluçou:
- O que bem quiseres.
E eu não exitei.
- Quero que aproxime-se de meu corpo físico. Venha mais. Mais um pouco. Bem próximo, deixe-me sentir o calor de tua respiração. Agora sinta o meu cheiro. Não na nuca, mas o que exala de minha boca. Isto achegue-se bem perto dela. E agora a beija. A beija como se degustasse a tua fruta predileta. Devore-a como que se devorasse a vida. Acalme-se. Respire fundo. Olhe em meus olhos e torne à me beijar, porém desta vez lentamente, suave, doce. Costure tua língua à minha. Não a segure, não gosto desta sensação de prisão. Deixe-as bailarem, dançarem por si só suas coreografias espontânea. Deixe nossas línguas falarem de suas performance. Aperte-me contra o teu corpo. Me funde. Me abandone. Não. Não pra me deixar desta forma. Atitude e Segurança. Firmeza. Isto. Isto. Ótimo! Ahm! Ahm! Espera, perdi o fôlego. Onde estávamos? Apague as luzes. Deixe apenas o abajur ligado. Coloque o ponto. Sim, o ponto final nesta história que escreves. Daqui pra frente pertence só à nós dois. Beijos.

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