sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A deus sob sete palmos

Abraçada sou pelo concreto da caverna
Por entre os poucos feixes de luz que invadem a tumba 
Permito minha pele se despedir das lamúrias da existência 
Por entre o medo é o horror vou debulhando os grãos de minha lágrima 
Choro em silêncio 
Choro em gritos silenciados pela dor
A dor que despeço agora 
Ela que me despedaçou por hora me encontra à mim 
Que ódio tenho da vida que levei 
O rancor se perpetua em minha carne
E costura a musculatura e ligamentos de meu falso riso
Tão estúpido quanto os olhares aos quais se dirigiam
O ódio se afeiçoou à mim 
E eu descrente da esperança me entreguei a ele
Como virgem que romantiza o desmatar de suas matas
Ele massacrou meu verde e instituiu estradas
Que a nada leva se não ao jogo de me perder
Violentada fui por tratores que não trataram de cuidar do que roubaram
Maculada fui por pés descalços que me juraram resiliência 
Eu fui destituída de meu prazer
Fui corrompida por puro prazer
Fui sem ao menos ser
Porém hoje de mãos dadas ao destino
Me repouso sob sete medidas de meus caminhos
Sepulto viva o meu pesar
Com peso e pessoal me deixo ir
Me tento
Me pecado
A cada dia que passo ultrapassam os meus ais
E desconheço uma razão plausível para continuar moribundo 
Apodrecem os meus sonhos em mim
Apoderam-se de meus ossos a dor
Fina, aguda, silenciosa como a prostituta da luz vermelha
Essa goza múltiplas nascentes por naufrágio de mim
Que deus se perdoe, de por capricho e egoísmo
Depor favorável às Irínias e conceber à mim 
A deus entrego o adeus de minha carne
A deus entrego o que não prestou
E restou de si
Eu me entrego
A man!

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