terça-feira, 24 de novembro de 2015

Escombros

Retiro a acelga da geladeira
Desligo a tevê e Wi-Fi 
Tempero com sal e alfavacas um bife de terceira
Eu que era vegetariano me alimento de sangues
Frio
Eu que era vegetariano canto um novo drama pra mim 
Ponho à mesa minhas solitudes
Disponho no corpo reais frustrações 
Distraio o choro
Retraio o riso
Eu traio à mim em silêncio 
Caio em mim em gritos que nunca esbocei
Mas são os mesmos que me sufocaram 
Os mesmos que focaram o meu peito por moradia
E fincaram com jeito as armadilhas 
Que me inventaram arrepios e pios
Ventaram sobre mim calmaria 
Com porcão de cal que me caiou 
E escondeu o esqueleto 
Que resultou da carne fétida 
E de terceira
Me alimento de mim fracassado 
Tenho por sobremesa o coração assado
Com juras e boas intenções 
Em tensões preliminares vou vomitando minhas destrezas
Rezas por mim
Pelo nome e amor de Deus me liberes
Do encontro com os escombros da casa que sonhei pra mim
E ti



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