segunda-feira, 19 de julho de 2010

Estágios comuns à todos nós

Hoje quando acordei, ainda de olhos fechados apalpei meu rosto só pra ver se minha barba já havia crescido, mas só senti as penugens macias que não me espetavam os dedos, não havia o que me irritar, nem barba para ou por fazer.
Corri para o espelho do banheiro, encarei a imagem que via também à me encarar com intrepidez e ensaiei as primeiras palavras do dia, minha voz rouca, grave, me enchi de um espírito de virilidade e via a imagem no espelho se esquivar, amedrontar, ensaiei a segunda, terceira palavra e na sétima vi o mesmo espírito esvair-se, a imagem no espelho se reaproximar. Ela riu de mim.
Desci para o café. Café passado no saco com pó moído em casa, café preto, forte, amargo, quente, quente de novo, tomei um gole, tomei, queimei a língua, a boca, nublei o céu da boca logo de manhã.
Saí para a escola e quase que perdi o ônibus, antes houvera perdido, Carlão estava lá. E me chamou ele daqueles nomes, tomou o biscoito que eu havia levado para o lanche e não pus na mochila, ele comeu tudo ainda na minha frente e ainda pediu que eu jogasse a embalagem no lixo. Ele pediu-me, algumas pessoas falam que lê manda, mas não é bem assim, o Carlão é um pouco grosseiro, fala meio arrogante, mas nem é, é só o jeito dele e precisamos entender e respeitar o jeito das pessoas. Ele também pegou o meu trabalho de Física, mas por que ele tem dificuldade nesta matéria, mas ele é muito bom nas peladas depois da aula, também nas durante, antes...
Na escola foi tudo muito tranqüilo, tirei mais um dez em Matemática e a professora de Física faltou, acho que estava doente, na verdade ouvi dizer que era uma virose, nada sério, com isto terei tempo para refazer o trabalho. Tudo deu certo!
Cheguei à casa para o almoço, mas não tinha fome, mesmo assim comi um pouco, menos a sobremesa, preferi ir para o quarto e ler um romance de Joaquim Manuel de Macedo e acabei dormindo e babando no livro. Sonhei que já era adulto, forte, viril e até vivi uma grande paixão, só em meus sonhos mesmo.
Já acordei do sonho, quis até acreditar que não havia dormido e que tudo era real, mas logo minha voz começou à ensaiar os falsetes rachados, quando acordei era por volta das oito, perto da hora do jantar, mas nunca janto, como algumas coisas.
Desci e comi algo e logo voltei para o quarto, retornei à leitura do livro, acho que mais uma vez dormi, mas agora estou novamente acordado à caminho da escola, hoje não consegui, perdi o ônibus.

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