segunda-feira, 19 de julho de 2010

Estação da vida

Sou um passageiro
Refém nesta estação de trem
Rodo vagando pelo mundo inteiro
Ando vagando à procura de um alguém
Ando vagando à procura de mim
O mim que me devora, apavora, aprisiona
O mim que escraviza, sub-julga e abandona
O mim que me detém, surpreende e acusa
O mim que sou mesmo, mas quem sou eu?
Me ajuda!
Me ajuda quem souber, quem vier, ou se propor
Em que estação eu pego o trem das respostas?
Por favor.
Por gentileza, por obséquio.
Pelo amor... De Deus?
Mas quem é Deus?
Onde Ele mora, onde descansa?
Tem celular, telefone?
Por favor.
Por gentileza, por obséquio.
Pelo amor... De você mesmo?
Mas quem é você?
Qual o teu nome?
Qual o seu ofício? Tem conta bancária?
Tem casa própria, carro?
Mas você usa sandálias!
Eu não tenho sandálias.
Eu ando descalço, ando sem calços
Caminho sem chão.
Ou ando pelo chão com cabeça nas nuvens
Rodo nas nuvens, pois meus pés não têm chão.
Não tenho chão, não tenho terra, não tenho vida
Não tenho pão, não tenho água, só tenho a vida
Viva a vida, mesmo sem vida
Viva o acordar.
Acordar pra quem dorme, quem descansa, quem pode sonhar
Sonhar com a vida, com o futuro melhor
Melhor que o presente,
Presente de Natal, de Páscoa ou aniversário
Com “com quem será” no final.
O final é futuro
Mas meu futuro é passado
Tenho um passado não passado.
Não passado à limpo, não passado ás claras
Nem passado à gema
Pois o ovo está muito caro
Não tenho dinheiro pra comprar
Nem gana pra roubar
Nem disposição pra trabalhar.
Meu trabalho é a ida
Meu trabalho é a vinda,
Bem-vinda e sem ninguém
Vou e volto e espero cansado
A chegada de meu trem.

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