Com Matheus Barcelos |
Eu sei que sempre falo muito. Sei que muitas vezes falo o que não deveria dizer, desculpem-me. Dentre outras coisas que sei sobre mim é que em 1,70 metros um mundo gigante de paixões e fé se escondem e se revelam em risos, gritos, lágrimas. Eu apenas não sabia que viveria para contemplar numa declaração tão simples e honesta de amor e respeito. Um roubo de todas as orações, palavras, sílabas e sons que expressam as minhas INsanidades.
Hoje eu preciso falar de mim. Eu que sempre compartilho com vocês um lúdico mundo atrelado a verdades e in-verdades, sinto-me obrigado a revelar do que se constrói a minha vida. Constumo dizer que sou feito de amor das cabeças aos pés. Sou um misto de muitas iniciativas que deram certo e continuaram vivendo em mim em conflitos e naturalidades. Sou complexo. Sou tímido. Sou vazio. Sou cheio.
Paradoxal sujeito, né? Vazio e cheio! Vazio do que? Cheio de que? Muitas coisas, mas a esencial delas são as pessoas que tecem o tecido de minha pele e merca em minhas nuances a minha história. Um dia me disseram que pessoas sempre valiam à pena. Eu cri. Eu não cri por que era uma revelação nova da verdade da vida, eu cri por que via esta verdade na escolha que o meu pai teve em vida. O meu pai amou. Amou à si. À Deus. Ao próximo. Amou até a morte e ela foi cruel. Esta perda sangrou o meu peito e desenhou diagnósticos de câncer maligno. Eu tenho todas as lembranças de um bom momento, mas dói não ouvir aquela gargalhada gostosa que musicalizou a minha infância. O engraçado é ver no meu discurso de pragmatismo o mesmo bem que mal meu pai. Pessoas!
Quando comecei a amar as pessoas, eu comecei com medo. Ser humano é um bicho estranho e por vezes nos trata como objeto descartável. Monstro sapiens! Mas eu sabia que não poderia ter a vida um sentido mais nobre senão o amor ao próximo. Eu amava Deus nas declarações de amor simples e humano. Amor sobrenatural revelado naturalmente de humano para humano. Eu amei. Semeei carinho e graça. Alguns dias foram lágrimas que irrigaram minhas sementes, paciência, tolerância, escuta, mas hoje as lágrimas que rolaram de meus olhos foram de terna felicidade. E ele me chamou de pai!
Obrigado, muito obrigado, filho Matheus Barcelos, por todo este carinho de filho pra pai que me constrange e me deixa sem saber o que dizer. Obrigado por ser simples e constante e me permitir ser pai!
De Filho pra pai
Eu vi nos traços infantis de seus desenhos
Os desenlaces de um grande homem que você tornaria
Tornamo-nos amigos, confidentes, leais
E o tempo percorreu o seu natural curso
Nos roubando o dia-dia, o riso, o abraço forte
Mas a distância apenas atava o nó da fidelidade
E vi o destonar da linguagem de menino
Se maturar no grave de experiência, dúvidas
A sua história começou a viver em si
Por você
Você começou a voar longe, alto
Do teu jeito irreverente e sedutor
Aconteceu o primeiro amor
E eu participei
Me tornei sogro, figura estranha
Ei ri de tudo isto
Eu não cria
Na verdade temia quando deixaria de ser
E então vem você com as mesmas simplicidades de criança
Me surpreende com a tua lembrança que levarei no peito
E falará de nosso coração
Coração de filho pra pai
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