segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Eu, você e nosso amigo, o Tempo

O dia amanhaceu nesta madrugada, ao exatos primeiros minutos pós meia-noite, amanheceu cinza no encontro do preto e do branco iluminados na união de um olhar amigo.
Esperávamos pelo sol que adormeceu em nosso olhar. O dia amanhaceu chuvoso, mas um sol queimava emoções em meu coração.
Divertimos-nos num novo pique que inventamos, criado às nossas regras, punições, leis, brincamos de pique com o tempo e ele brincou conosco e não foi embora. O tempo brincou ao nosso favor e lançou todas as construções humanas pro ar. Ele chamou o seu amigo, o vento, pra as levar. E nem era tempo de vendaval.
A chuva caía devagar, mansinha, como se São Pedro tivesse apenas um conta-gotas para pingar as chuvas sobre terra. O cheiro de terra molhada, suave e delicado nos perfumou. Nos convidou para na chuva brincar e fomos, como crianças fomos e nos colorimos de marrom.
Duas crianças nuas, despidas do pudor, do horror, do temor do mundo sujo dançavam embreagadas de sentimentos puros, se sujavam de inocências.
Alimentávamos de silêncio interrompido pelos risos. Ríamos do silêncio que alimentava as interrupções de gargalhadas infantis. Ficávamos vermelhos, roxos, verdes, ficávamos coloridos, ficávamos arco-íris, como que compactuássemos de eternidade prometidas nos feixes de luz que ultrapassavam salientes nossos olhos e assim iluminando o cinza do dia nos refletores das gotas de chuva que lavavam-nos do envelhecimento, cansaço e medo.
Brincamos e dançamos um no pé do outro o dia todo e quando o dia se foi, chamamos o tempo pra de novo brincar com a gente e ele veio recontar o nosso prazer. Prazer em simplesmente viver!

2 comentários:

  1. por um momento, achei estar lendo um livro ...

    Uma delícia de texto.

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  2. Delícias de companhia me proporcionam inspirações assim! Rs!

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