terça-feira, 16 de novembro de 2010

Eu, você e o nosso inimigo, O Tempo

As pluralidades das cores de nossas semelhanças se fez distanciamento, tristeza, lágrima escorrida pelo rosto amornecido por palavras soltas e aparentemente inocentes, mas que revelavam verdades ocultas de corações adolescentes. Por que nos abandonou o amigo Tempo e nos obrigou criança deixar de ser e crescer em estatura e comportamento, diminuindo assim proporcionalmente a pureza de simplesmente brincar com a vida de pique de vida?
A madrugada atropelou nossa tarde, a escuridão invadiu como um ladrão malvado nosso brilho do olhar, dele só correu aquela gota fria de lágrima, incolor, salgada, inodora, mas lágrima de muita dor.
Uma madrugada chuvosa, de chuvas constantes e finas, daquelas que molham sem se perceber, que destrói os castelinhos de areia à beira-mar, esculpindo assim mansões íngremes e imponentes. A água da chuva fria e fina desconstruiu o nosso sonho, nosso reino, nosso mundinho pequeno e real pra nós. Verticalmente os feixes d'agua horizontou nossos transversais risos e estipulou paralelalidades, ao exatos primeiros minutos pós meia-noite. Houve desencontro do preto e do branco iluminados na união de um olhar amigo. Houve desunião.
Esperávamos pelo sol que adormeceu em nossas palavras. A tarde anoiteceu chuvosa. O sol não queimara as emoções em meu coração. As emoções nos sufocou, nos roubou a mais simples emoção. Nos roubou o olhar!
Divertíamos-nos no pique que inventamos, criado às nossas regras, punições, leis, nós que brincámos de pique com o tempo, fomos condenados por nossas próprias leis e ele foi embora. O tempo deu um tempo de nós. Nós demos um tempo para nós mesmos e nem tempo tínhamos. Nos lançamos nas construções humanos que pairavam no ar e se estabeleceu um vendaval.
A chuva caía feroz, veloz, como se São Pedro tivesse uma mangueira de bombeiro para o incêndio amortizar na terra de nossos olhares. Nas cinzas de nossas recordações choramos amarguras de nostalgia. Cheiro de terra seca, castigada, inóspida. Falta de cheiro de gente.
Duas crianças vestidas, cobertas do pudor, do horror, do temor do mundo sujo caminhavam em sobriedades de sentimentos, limpavam-se das inocências.
Alimentávamos de ironias interrompidos pelos sisos. Ríamos do silêncio que alimentava as interrupções de gargalhadas infantis. Ríamos do ridículo. Ridicularizávamos o infantil. Fitávamos os vermelhos, roxos, verdes, fitávamos os coloridos, fitávamos o arco-íris, como que condenássemos as juras de eternidade prometidas nos feixes de luz que ultrapassavam salientes nossos olhos e assim tonalizando o cinza do dia nos refletores das gotas de chuva que revelavam-nos o envelhecimento, cansaço e medo, nos sentimos maiores, superiores, intangíveis.
Brigamos e lançamos o pé um no outro o dia todo e quando a tarde-anoitecida se foi, chamamos o tempo pra de novo brincar com a gente e ele veio contar o nosso prazer de o tempo perder. Prazer em simplesmente deixar de viver!

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