quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Ventos, tempos e marés

Dentre todos as ventanias que violentaram minhas vias
Foi no teu perfume me reconheci o meu ensejo
E ele soprava em mim um aroma de liberdade
E me dei
E me lancei forasteiro sobre o mar traiçoeiro
As nuances dos azuis que tingiam a maré povoaram meus desejos
E cri que amanhã seria brisa e sol
E sol surgiu com manha e tamanha frigidez
Me recolhi ao esperar e silenciar dos ais
Tais que nunca cessaram sua sinfonia de engano
Em teus abraços desconheci o meu corpo
Nos teus braços não depositei meu suor em espasmos
Em tua ausência de beleza produzi meu pão rústico
E me satisfiz do alimento pobre
Na tua brandura encontrei-me com a sabedoria que procurara
E ela executava partituras de rispidez e virilidade
Tão fria como o tom da fumaça de teu cigarro artesanal
O único ser que conhecia a temperatura de teu toque
Ou mesmo a textura de teus lábios que mentiam pra si
Os meus olhos a traduziam como reflexo de luz
Mas luz não havia
Em quem descansa em paz
Na proteção de se perder no alívio que só o amor constrói
Você se destrói em mim arquitetamente
Não por receio de mim
Mas pelo medo se render à única luz
Que no teu peito tocou
Vá com os deuses
De teu culto devocional à si
E me deixes na paz do reencontro de mim

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