BIA
– E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por
que as pessoas insistem em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que
me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia... tampouco Alice.
MIGUEL
– O teu discursso não muda, hein?
BIA
– Me desculpe, senhor. Eu não consigo te escutar muito bem. Será que poderia
falar pausadamente e mais perto do telefone?
MIGUEL
– Não achei nada engraçado. Muito solidário de tua parte ficar...
BIA
– Sério!?
MIGUEL
– Sim. Como amiga você deveria agora estar me ajudando a pensar numa maneira de contornar a situação... Como que vou encará-la agora depois de tudo que falei?
BIA
– É meu querido, a boca fala do que está cheio ao coração. E depois do quarto
shot de cachaça... Precisa aprender: se beber, não use o celular.
(...)
Bem,
desta vez eu tinha que concordar com a Bia. E desta vez ela estava duplamente
certa. Primeiro, realmente falamos o que temos no coração ou mente. Segundo,
álcool entra e a verdade sai, e isto nem era novo. Ela só faltou ter me
lembrado de uma única coisa: Se beber, não use o celular. Antes. Mas isto era
esperar muito da Bia. Na festa de ontem, o beyblede foi por minha conta.
É
de lei, tequila com Miguel não combina. Tequila, Miguel e cachaça é suicídio
certo. Antes eu tivera me suicidado, pelo menos não teria que lidar com este
peso da ressaca moral. Se arrependimento matasse... eu estaria enterrado e
chacoalhando no túmulo agora de tanto que o meu nome estaria sendo injuriado
pela Carla.
Quem
é a Carla? Carla é a minha ex-namorada. A penúltima entre os muitos
problemas que eu arrumo com as mulheres de minha vida. Assim como álcool e
direção não combinam, Miguel e as mulheres são combinações mortíferas. Uma bomba
ambulante. Definitivamente nesta vida só fui feito para Bia... Ela que não
saiba disto, ou o ego implodirá todo o quarteirão... Mesmo querendo matá-la em
cada mísero segundos que tenho ao seu lado, eu amo esta mulher... Já dizia o meu pai, quem desdenha quer comprar.
A
festa de ontem tinha tudo para ter sido a balada mais pica das galáxias do universo.
Até que resolvi que tomaria um porrete faraônico, apocalíptico... Porretes faraônicos são os
do tipo, todas as mentiras e imaginações tomam forma e conteúdo em tua mente. E
então vivemos como se não houvesse amanhã, Imagine aquele lugar onde os sonhos são reais e a realidade não existe: Porrete Apocalíptico.
Eu não tenho a mínima noção de
quantas bocas beijei. Lembro-me vagamente de ter feito juras de amor à uma
amiga da Bia que havia acabado de conhecer, mas não me lembro o seu nome. Era
um amor de cinco anos. E o intervalo que perdurou entre esta paixão
efêmera e as lembranças de meu estômago sendo sufocado em estrangulamentos de
refluxo... Tradução simultânea: no momento em que começou a vomitar.
Só
me lembro de quantas vezes deixei na caixa postal recados que denunciariam hoje
o real desejo de meu coração em relação à Carla. Vomitei em palavras todas
as emoções de sentimentalidades que tinha escondido, até mesmo de mim, nestes
últimos sete meses de separação. Não valendo apenas das mensagens na caixa
postal, ainda restavam os registros das sms’s que gritavam as minhas saudades e
paixão. Eu precisava me desprender de mim para saber que ainda estava preso à
ela?... Não me ame, pois ainda não aprendi a me machucar... No certo ou no errado, me amarrei nos laços das condenações que o meu
juízo agora me imperava.
Nem
pensem em esboçar no lado direito superior dos lábios este riso mesquinho e
sarcástico de julgamento. Atire a primeira pedra quem nunca cometeu o pecado de
ministrar o celular ao álcool. Estamos todos no mesmo barco e este afunda no
oceano de constrangimentos que esta própria paixão me produz. Eu amei a
Carla como a única mulher de minha vida. Este é o meu erro, eu sempre amo como se fosse o maior amor... Não pode haver amor sem ter compromisso... Eu não aprendi. Sempre soube que esquecê-la seria
uma tarefa difícil e cruel para mim, mas depois de tudo o que aconteceu isto se
tornou sacerdócio real para o meu coração e ele vacilou comigo. Nunca ouçam o teus corações.
(...)
BIA
– Talvez tudo o que você tem que fazer é se libertar da obrigação de fazer
algo, Jomi. Deixe o teu coração livre pra escolher o que pode viver hoje. Não é
nenhum super homem.
MIGUEL
– E ele já é maduro o suficiente pra saber escolher?
BIA
– Isto você só saberá se permiti-lo errar... Se cobre menos. A situação já foi
por demais dura pra você.
MIGUEL – Se cobre menos. Agora a gente fica nessa de errar, de se permitir errar.
BIA – Pelo menos Mertiolate não arde mais...
MIGUEL
– O pior de tudo é ela que nem respondeu às minhas mensagens. E foram tantas...
BIA
– Bêbado. Ela sabe que era só por isto. Sabe que nada mudou.. Você a ama demais
para perdoar o que fez. E ela sabe disto.
MIGUEL – Eu não a perdoo pelo o que ela fez e nem me perdôo pelo o que deixei de fazer. E assim vamos errando... Sem saber se machucar.
... Não precisa se cobrar ser Super-Homem com a gente. Pode errar e aprender. E ainda voltar a errar. Afinal nesta vida não viemos pra sanidades, mas pra vida e se possível com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...
* Próximo capítulo: "Aquela do efeito dominó". Não percam!!!
Efeito dominó...mt ansiosa!!!!!!!!!!rsrsrs
ResponderExcluirNão tem como não amaaaaaar!!!!
ResponderExcluir;)
Muita saudade!
Alice Lugão