sexta-feira, 22 de junho de 2012

FIM DE FESTA: Aquele do telefonema

MIGUEL – Oi, eu sou Miguel.
BIA – E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas insistem em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia... tampouco Alice.
MIGUEL – O teu discursso não muda, hein?
BIA – Me desculpe, senhor. Eu não consigo te escutar muito bem. Será que poderia falar pausadamente e mais perto do telefone?
MIGUEL – Não achei nada engraçado. Muito solidário de tua parte ficar...
BIA – Sério!?
MIGUEL – Sim. Como amiga você deveria agora estar me ajudando a pensar numa maneira de contornar a situação... Como que vou encará-la agora depois de tudo que falei?
BIA – É meu querido, a boca fala do que está cheio ao coração. E depois do quarto shot de cachaça... Precisa aprender: se beber, não use o celular.

(...)

Bem, desta vez eu tinha que concordar com a Bia. E desta vez ela estava duplamente certa. Primeiro, realmente falamos o que temos no coração ou mente. Segundo, álcool entra e a verdade sai, e isto nem era novo. Ela só faltou ter me lembrado de uma única coisa: Se beber, não use o celular. Antes. Mas isto era esperar muito da Bia. Na festa de ontem, o beyblede foi por minha conta.
É de lei, tequila com Miguel não combina. Tequila, Miguel e cachaça é suicídio certo. Antes eu tivera me suicidado, pelo menos não teria que lidar com este peso da ressaca moral. Se arrependimento matasse... eu estaria enterrado e chacoalhando no túmulo agora de tanto que o meu nome estaria sendo injuriado pela Carla.
Quem é a Carla? Carla é a minha ex-namorada. A penúltima entre os muitos problemas que eu arrumo com as mulheres de minha vida. Assim como álcool e direção não combinam, Miguel e as mulheres são combinações mortíferas. Uma bomba ambulante. Definitivamente nesta vida só fui feito para Bia... Ela que não saiba disto, ou o ego implodirá todo o quarteirão... Mesmo querendo matá-la em cada mísero segundos que tenho ao seu lado, eu amo esta mulher... Já dizia o meu pai, quem desdenha quer comprar.
A festa de ontem tinha tudo para ter sido a balada mais pica das galáxias do universo. Até que resolvi que tomaria um porrete faraônico, apocalíptico... Porretes faraônicos são os do tipo, todas as mentiras e imaginações tomam forma e conteúdo em tua mente. E então vivemos como se não houvesse amanhã, Imagine aquele lugar onde os sonhos são reais e a realidade não existe: Porrete Apocalíptico.
Eu não tenho a mínima noção de quantas bocas beijei. Lembro-me vagamente de ter feito juras de amor à uma amiga da Bia que havia acabado de conhecer, mas não me lembro o seu nome. Era um amor de cinco anos. E o intervalo que perdurou entre esta paixão efêmera e as lembranças de meu estômago sendo sufocado em estrangulamentos de refluxo... Tradução simultânea: no momento em que começou a vomitar.
Só me lembro de quantas vezes deixei na caixa postal recados que denunciariam hoje o real desejo de meu coração em relação à Carla. Vomitei em palavras todas as emoções de sentimentalidades que tinha escondido, até mesmo de mim, nestes últimos sete meses de separação. Não valendo apenas das mensagens na caixa postal, ainda restavam os registros das sms’s que gritavam as minhas saudades e paixão. Eu precisava me desprender de mim para saber que ainda estava preso à ela?... Não me ame, pois ainda não aprendi a me machucar... No certo ou no errado, me amarrei nos laços das condenações que o meu juízo agora me imperava.
Nem pensem em esboçar no lado direito superior dos lábios este riso mesquinho e sarcástico de julgamento. Atire a primeira pedra quem nunca cometeu o pecado de ministrar o celular ao álcool. Estamos todos no mesmo barco e este afunda no oceano de constrangimentos que esta própria paixão me produz. Eu amei a Carla como a única mulher de minha vida. Este é o meu erro, eu sempre amo como se fosse o maior amor... Não pode haver amor sem ter compromisso... Eu não aprendi. Sempre soube que esquecê-la seria uma tarefa difícil e cruel para mim, mas depois de tudo o que aconteceu isto se tornou sacerdócio real para o meu coração e ele vacilou comigo. Nunca ouçam o teus corações.

(...)

BIA – Talvez tudo o que você tem que fazer é se libertar da obrigação de fazer algo, Jomi. Deixe o teu coração livre pra escolher o que pode viver hoje. Não é nenhum super homem.
MIGUEL – E ele já é maduro o suficiente pra saber escolher?
BIA – Isto você só saberá se permiti-lo errar... Se cobre menos. A situação já foi por demais dura pra você.
MIGUEL – Se cobre menos. Agora a gente fica nessa de errar, de se permitir errar.
BIA – Pelo menos Mertiolate não arde mais...
MIGUEL – O pior de tudo é ela que nem respondeu às minhas mensagens. E foram tantas...
BIA – Bêbado. Ela sabe que era só por isto. Sabe que nada mudou.. Você a ama demais para perdoar o que fez. E ela sabe disto.
MIGUEL – Eu não a perdoo pelo o que ela fez e nem me perdôo pelo o que deixei de fazer. E assim vamos errando... Sem saber se machucar.

... Não precisa se cobrar ser Super-Homem com a gente. Pode errar e aprender. E ainda voltar a errar. Afinal nesta vida não viemos pra sanidades, mas pra vida e se possível com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...

* Próximo capítulo: "Aquela do efeito dominó". Não percam!!!


2 comentários:

  1. Efeito dominó...mt ansiosa!!!!!!!!!!rsrsrs

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  2. Não tem como não amaaaaaar!!!!

    ;)

    Muita saudade!

    Alice Lugão

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