sexta-feira, 29 de junho de 2012

FIM DE FESTA: Aquela do efeito dominó

MIGUEL - Oi, eu sou Miguel.
BIA - E eu sou Bia, mas Bia mesmo. Bia de Bia, não é Bia de Beatriz. Não sei por que as pessoas insistem em me chamar de Beatriz. Caralho, se estou dizendo que me chamo Bia é por que sou Bia e não Beatriz, Maria, Claúdia... 
MIGUEL - Bia era Bia e quando bebe, persegue Paula, que procura Antônia, que nem sabe quem é... 
BIA - E tua mãe, aquele velha gorda, vai bem?
MIGUEL - Oooo, amigos, amigos e família à parte... 
BIA - Afff, Jomi! Vai ver se estou lá na esquina, vai.
MIGUEL - Pra quê? Pra brincar de pique-esconde igual ontem?
BIA - Cara, larga mão de ser insensível. Eu só estava preocupada com os meus amigos. Feliz a nação que me tem Bia como amiga...
MIGUEL - Gostei disto. Amizade leal! Tipo, se um cair, cai todos. Unidos pelo efeito ébrio da vida! 

(...)

Eu tenho um problema. Confesso. Não tenho problema com problema, mas o problema é que não gosto de problema. Então, problema resolvido. De boa, sem problema! Bem, a última noite poderia ter se resumido nesta falta de problema, mas a minha digníssima amiga, Bia, parece ser um chamariz de tumultos e a loucura mais uma vez aconteceu. Claro que depois do terceiro copo de cachaça... Por baixo!
O problema de festas abertas é que todo mundo se sente no direito de achar que a festa é sua. Particular e privada! Não estou dizendo que não gosto de gente, de povo, de calor humano, mas nesta vida vim pra ser vip - a very important person! Qual parte disto que a Bia não compreendeu? Ela se achava íntima de todos. Bebia de todos os copos, de todas as bebidas, numa amizade de cinco anos! Como lidar?... Mas o álcool tem esta capacidade sobrenatural de relacionar as pessoas. Todo mundo fica um pouco... Como posso dizer?... Ahmm? Dadas... E nossa noite estava dada ao fracasso! Eis o problema!
Éramos um grupo de mais ou menos oito pessoas. Tirando as centenas de tietes que paravam-nos para pedir um autógrafo ou uma foto. Inoportuno! Mas este problema não vem ao ponto. Acho que, na verdade, era eu o problema maior. Mau-humor, cansaço e fome. Homens também sofrem de TPM, mulheres. E no meu caso, ela se traduz em, "tensão pré-matar" Bia! Eu que sempre reclamo por ela sair pegando geral, daria uma vida para ela se atracar com alguma boca... Pega, mas não se apega. Mantenha o foco... Mas a louca estava apegada às pegadas de sua última pegação. Bêbada, apaixonada e sozinha, resolveu fazer a mãe cuidadora de todos. E então iniciou-se o caos! 
Bia encontrou com o seu paquera, uma criança de bem menos que duas décadas de primaveras e o que ouviu foi exatamente: Pode ficar tranquila, gatinha. Até antes da noite acabar eu te dou uns beijinhos... Ela surtou! A pior coisa que uma mulher pode fazer para um homem que se acha ou sabe que é, digamos, interessante, é mostrá-lo que você acha isto. Homens que se estruturam na auto-beleza, se escondem do medo e fragilidade que o impera. Então para afirmar sua virilidade, ele cospe no prato que comeu e ainda diz entre os amigos que a comida não era boa, estava fria, ou azeda. Minha mãe os chama  de homens gavolas... Eu sentencio: Síndrome do pau pequeno. Dez centímetros, aproximados, para um ego de imensidão... Louca e desdenhada ela começou a saga de procurar por suas amigas que estavam vivendo. Espalhando o amor, como diz um conhecido nosso. Mas a Bia sentia que tinha que protegê-las das garras destruidoras dos homens. E então começou: Bia procura Cíntia que se pegava com um homem bem mais velho, que era amigo do cara que a Pâmela pegava. Pâmela que também estava pegando o Bernardo que agora pegava a Jéssica, que eu queria pegar e que já pegou a Bia. É, a Bia tem destas coisas quando bebe. Espalhar o amor! Mas agora ela queria juntar as agulhas no celeiro. Seria comédia se não fosse trágico! Logo o desespero se espalhou entre todos, como um incêndio num campo seco. A amargura afetiva de Bia se difundiu entre os casais que ensaiavam romance e todos se espalhavam e confundiam como peças de um dominó. E mais uma vez ela dominou a festa!
Em menos de trinta minutos estava todo mundo correndo atrás de todo mundo, menos a Cíntia que estava vivendo e hidratando a pele. Até que a Bia pára e grita: Meu Deus, eu estou sentindo, a Cíntia está correndo perigo. Temos que salvá-la!... Nunca mande uma pessoa histérica se acalmar, mas entre na loucura dela, Livro das Sabedorias capítulo 7, versículo 9... Ao amanhecer encontramos a Cíntia, linda, loira e feliz!... Eis o segredo dos homens mais velhos, eles sabem te conduzir numa dança e não martelam o teu pé no afoito e atropelar os passos. Step by step. Panela velha não somente faz comida boa, como mantém a temperatura por mais tempo, sem se fundir, mas fudend... Ops, inapropriado... 
E a Bia? Chorava, chorava e gritava! O velho? Ah, coitado, depois de tudo que a Bia o disse, acho que só num asilo ele paquerará novamente... Ou não!

(...)

BIA - Na próxima vez vou prender todo mundo numa corrente em fila indiana.
MIGUEL - Você estava muito histérica. Eu ri muito! O melhor, você dizendo que a Cíntia estava correndo risco... Só por que o cara era velho. Fala sério! Que preconceito! Logo você que é uma mulher tão moderna.
BIA - Você parece não ter coração. Não entende que não é preconceito. Eu estava preocupada com a minha amiga e ela estava bêbada.
MIGUEL - Ninguém ali estava mais bêbado que você, louca! E você gritando: Preciso ajudar a minha amiga, ela precisa de mim!
BIA - Eu gritava?
MIGUEL - Gritar é pouco. Sem contar que de repente começou a chorar. Muito divertido!
BIA - Divertido!? Mas agora me diga, sou ou não sou uma grande amiga?
MIGUEL - Na saúde e na doença. 
BIA - Na riqueza e pobreza.
MIGUEL - Na velhice e juventude.
BIA - Não, na juventude e meia-idade. Até que o álcool nos separe! Beijos no ombro!

... Não precisa se preocupar em levantar todas as peças do dominó. Afinal nesta vida não viemos pra sanidades, mas pra vida e Vip... se possível, com muito álcool, pois se tem álcool, é sinal que a privacidade virou uma festa...

* Próximo capítulo: "Aquela do tal beijo". Não percam!!!

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