quinta-feira, 14 de junho de 2012

Monossílabo atônico

Eu respiro manso, respiro travado, tímido. Eu respiro como se nunca houvesse entrado oxigênios em meu pulmão. 
Eu recebia a tua notícia como quem recebia a morte de um ente querido. E, de fato, o era. Você me comunicava a perda de todas as minhas expectativas. Não em ti, mas em minhas próprias afetividades. E eu celebrei com flores! E flores celebram a morte!
A Leila constrói paródias de um funk qualquer, falando da fome que a apetece o estômago e que em breve será saciado por um empadão congelado que agora ela esquenta e cheira bem. A única coisa que cheira mau nesta sala é o meu humor que tento disfarçar entre tentativas de risos finos e respostas à mil perguntas que faz. Estou monossílabo. Estou para "não's" e "tudo bem".
Eu respiro atravessado pelo choro que queria expor em meu silêncio posturado à delicadezas e polidez. Queria tecer em minhas cordas vocais todas as espécies de dizeres torpes pra você e assim sufocar as palavras doces que outrora disse, mas não eu me dispunha à ser ponderado e...
Eu me sufoco em minha respiração. Me engasgo com o ar que invade o peito. Me entristeço com a notícia que você me deu.

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