terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sofia e a religião

-Não, a religião não é uma mentira!- disse Sofia, mas logo calou-se, tomando delicadamente uma porção generosa de ar- É uma verdade que corrói, destrói, aprisiona, sufoca, rouba, fere, paralisa, desumaniza... A religião é uma verdade que mata!
Declaro-me hoje publicamente como a pessoa mais anti-religiosa, cética, que pessoa existir na face desta terra que repudio andar.
Terra. Ser humano. Relacionamento. Pra quê? Por quê! Dê-me apenas um motivo!
Fui ferida por esta praga de religião, foi tornada câncer, câncer que me corrói as vias respiratórias, que me aniquila, que me mata.

Era doloroso ouvi as declarações de Sofia, mas não havia ter um outro sentimento sobre a vida diante de tudo o que sofrera.

-Tive meus sonhos destruídos, perdidos, assassinados por esta Morte da Religião. Foi destruída minha vida em nome de Deus!
Aprisionou-me a religião em suas garras peçonhentas, em seu líquido viçoso da morte que sufoca a alma, a mente, o raciocínio, o coração, os dedos, as mãos, os pés... A religião é uma estátua de sal que ao ser tocado pelo vento das doutrinas, dogma, liturgias, conceitos (leia-se pré-conceitos) me seca, cega, soca.
A maldita religião me roubou o que mais puro e belo eu tinha... o meu coração que cria!
A maldita da religião me feriu onde eu era mais nobre e apaixonada, tornou-me monstro, bicho, se bem que nem os bichos, os animais são tão animais irracionais, como a religião me propôs. A religião me “morfoseou”, me deixou desumana!- Nesta hora ela chorou, um único fio de lágrima avermelhada, mas nem o seu rosto manchou.
- Sofia, você desistiu de Deus?
Cautelosamente perguntou Joseph, sendo rispidamente atendido por Sofia.
-Não! Eu desisti da raça humana!

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