terça-feira, 7 de setembro de 2010

Às vezes no Brasil é sempre noite

Uma criança que dorme embriagada de sonho
Um sonho que dorme embriagado pela desesperança de um amanhecer
Às vezes no Brasil é sempre noite
Noite fria e escura, de silêncio cortado pelo ruivo dos lobos
Lobos ferozes que sentinelam as florestas
Mas florestas sem flores, sem caules, sem verdes
Florestas de concreto que arranham o céu cinzento.
Cinza, a cor da estação
Estação de inverno rigoroso num país tropical.
Cinza, a cor do coração
Coração de um povo nobre de um país tropical
Hoje o verde não é a mata
O verde mata, como erva daninha
Hoje o verde não é a mata
A mata são cinzas oriundas das queimadas
Hoje queimada está minha pele
Castigada pelo sol inflamado a ódio, dor e rancor
Como resposta fria da natureza
Ao homem nobre e tropical, mas sem calor
Hoje o amarelo não é o ouro, as riquezas , o penhor
Hoje mais amarela está a raça que o branco explorou
Entre uma nação que não se fundiu, mas miscigenou
Hoje o azul não são as águas, os rios, ribeiros, riachos
Os rios estão negros, pretos
Preto, ausência de cor, ausência de água
Preto presença de odor, lixo, “cácas”
Hoje o branco não é a paz
De uma nação de desordem e desprogresso
Pois preso nas quatro paredes de meu quarto
Vejo um mundo quadrado de minha janela
Regado à chuva de bala
Ah! Não é a bala tipo doce, açucares
Pois a criança despertou do sonho e cresceu
Embriagada de um pesadelo
Mas o sonho ainda dorme embriagado pela esperança de um amanhecer
Às vezes no Brasil é sempre noite...
Ei, por favor, que horas são?

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