quinta-feira, 22 de março de 2012

Um chá de erva cidreira e uma colher de lágrima

Eu sabia que havia um refluxo em fluxo descontínuo em meu diafragma.
Eu sabia que tinha uma solidão acompanhando o meu peito.
Eu sabia que tinha um saber que eu desconhecia pré-maturo.
Eu sabia que tinha um querer que meus órgãos detestavam. Havia desprezo.
Eu sabia que sabia correr, mas me faltavam as pernas. Estas dançavam distraídas pela trilha sonora de minha vida. Minha trilha interna. Aquela que pulsa só pra nós, os egoístas.
Eu sabia que o sabiá cantaria amanhã outra vez, mas queria ouvi-lo naquele exato momento. Que tormento!
Eu sabia sair das coisas que me atravessavam com maestria e sobriedade, mas aquele mundo se apresentava extra-terreno.
Eu sabia preparar meus calmantes, mas a agilidade da hora não contribuía tempo. Sabia me perder.
Eu sabia que naquela noite eu não tinha eu, pois o meu único eu se perdeu na procura de mim. E tomei um copo de chá de erva cidreira gelado e com muitas pedras de gelo que se cristalizavam ainda mais no inverno de minhas mãos sobre o copo. Elas trincavam e musicalizavam o balé clássico da lágrima que imponente dançou sobre o meu rosto, aliviando o meu nobre coração que não sabia saber.

Um comentário:

  1. wooooooww!!
    melhor parte: "Eu sabia que naquela noite eu não tinha eu, pois o meu único eu se perdeu na procura de mim."
    alou né? preciso falar mais alguma coisa?? tirou as palavras (e as sofisticou, claro) da minha boca!!!

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