domingo, 25 de março de 2012

Negativo

Ele tinha os cabelos pretos. Os olhos escuros e a pele clara. Clara, nova, vívida. Tinha a pela que eu queria ser e então poder envolve-lo com toda ternura e calor que teriam os meus braços sobre o seu corpo, como fios que tecem nós e trama a costura os contos, e sacramentar, uni-lo à mim.
Ele tinha o dom de ser belo. Ele tinha o dom de ser a única pessoa que me roubava o dom de descrever belezas e produzir sonoridades que revelam segredos de predicativos e mistérios. Ele tinha o dom de ter os mais nobres dons. Ele sim, era filho de Deus! Ele tinha em medidas recalcadas, sacudidas e transbordante a dádiva de ter e ser o que eu queria, almejava e não tinha. Ele tinha a mim e a si próprio, mas eu era apenas um ópio que o entorpecia a vaidade. Ele tinha a beleza idade. Era jovem e criança. Era flor que se abre para luz ao amanhecer, era a aurora.
Quando olho para ele, não diretamente, mas através da fotografia que tenho na estante de minha casa ou na que carrego como ¾ em minha carteira denunciando minha identidade, o sentimento que tenho é que ele simplesmemte nasceu para ser belo. Se o homem é, de fato, feito a imagem e semelhança de deus. Deus é um deus grego. E eu? Seria filho de quem? Não, deus também criou o satanás. E dizem que ele era um dos anjos mais lindos e sublimos do céu. Ele é o próprio demônio em minha vida e paz. Meu tormento e desespero. Vício e adrenalinas. Era paixão. Sem estar apaixonado!
E a sua boca quando fala. E sua voz quando respira. E seu hálito seco quando me convidas. Ele é tentação. É a ação de tudo o que sempre quis e se escondeu insanamente em mim. E é ele e eu quem sou seu o ele em mim?
Ele é belo preto e branco. Ele é belo barba e bigode. Ele é superman. E eu? O que sou em suas fragilidades? O que sou em seus negativos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário