quarta-feira, 21 de março de 2012

Sanidades de Valdemy dos Santos Braga, meu Pai

Por mais que clamasse o meu raciocínio para não expor em minhas INsanidades o calor de sentimento que povoa o meu peito neste dia vinte e um de março, eu não poderia sucumbir e fraquejar em minha transparência e honestidade. Sim, hoje o meu peito dói e esta dor é bem diferente de todas as outras que eu já senti. Esta é a única dor em toda minha vida que em mim produz força e alegria. Eu sei que este meu discurso parece por demais paradoxal, mas esta dor me lembra a falta de meu amado pai e profunda raiz que em meu peito o seu amor sustenta sua pessoa in memorian.


Mas então, paro e penso: se sobrevivo com constante dor e companhia da ausência de meu Neguinho de Gás, o que mais não suportaria na vida? Tudo! Até a morte!
Ele é a única pessoa que os anos não me permitiriam esquecer, o levo literalmente em meu nome em poesia, me chamo Valdemy, aquele que por seus amigos a vida daria. E o mais cômico foi que assim que ele se foi. Roubado a força e vitalidade por aqueles que ele muito amou. Meu pai não foi mártir, tampouco santo, foi homem e construiu sua trajetória calçado no amor!
Ele é o único homem que eu tatuaria na pele. Eu assinaria a sua rubrica em meu pulso esquerdo, e aqueceria o seu nome no calor de meu sangue que pulsa ao caminho do coração. Eu declararia o meu amor em arte, de corpo, alma e espírito!
Me recordo sorrindo a última vez que o vi. Deitado naquele leito frio do hospital, parecia criança que esperava ansioso pela chegada do pai, mas cheguei como filho e o prometi amor eterno. Prometi a minha vida. Eu morreria ali por ele. Mas ele preferiu viver em mim e repercutiu a sua escandalosa gargalhada nos risos tímidos que eu almejava traçar e colorir as minhas feições comas lembranças de seus gostos, carinhos e atitudes. Ele passou a viver em mim de forma natural e permitida. Vivo não como se fosse o meu pai, mas como se o meu pai não morresse em mim.
Morte, que palavra fria e inóspita para falar de um homem de tanto vigor e jovialidade! O que é a morte se não a vida em mim? Meu Deus, o que digo! Deus? Desculpe-me o riso irônico, mas foi a tua paternidade que esperei cego e sedento naquele mesmo dia vinte e um. Não sei se você não veio, ou me recuso a acreditar que não. Apenas sei que me levou o que mais me fazia ver você em sutilezas de verdades! Perdoe-me a arrogância de ser menino, mas que o meu pai me segure ou olhe com aquele olhar repressor quando estivermos cara a cara. Não sei se teria estômago o suficiente para travar o refluxo de desorientações que ainda povoam em mim, mas de qualquer forma, assim como o meu pai me ensinou, a ti mesmo rebelde darei toda glória. Ele te amou muito, Deus. Foi por isto que o levou pra si? Tudo bem, não precisa falar nada. O silêncio fala muitas coisas e eu terei toda uma eternidade para te ouvir.
É pai, não sei se ainda reconhece minha voz. Ela mudou, né? Os anos já tem passado pra mim e eu estou com barba, rugas, barriguinha e precisando de óculos, mas aproveite o silêncio que provocou Deus por sua falta de palavras e ouça o meu coração pulsar, ele chama o teu nome: Valdemy. E é ele que me permite em ti viver! Te amo!

2 comentários:

  1. Muito lindo esse carinho!!!
    É, amigo, seu pai está na glória com Deus. Devemos nos preparar para o encontro!!!
    Deus nos permita!!!

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  2. Rachel POntes Fernandes23 de março de 2012 às 11:58

    Chorei...

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