quarta-feira, 18 de junho de 2025
REFLECTION IN A FOGGED MIRROR
terça-feira, 17 de junho de 2025
FELIZ OUTONO
POROS
o mundo é curto pra se distrair.
segunda-feira, 16 de junho de 2025
EU REMO
O açoite me fez carne
E minha carne virou memória.
Nos porões fétidos, úmidos
— onde se abafam nomes —
meu grito apodreceu junto aos teus galardões
Cicatriz que canta em silêncio
nos porões da tua história.
Meu corpo é como a noite
— denso, inteiro, sem clemência.
Esconde as dores que gritam,
e teme o dia com prudência
No leme rompido da minha existência,
sou navio sem rota, mas sigo em resistência
Mercadoria sem nota e de valor vilipendiado,
mas meu passo é tambor — jamais silenciado
Navego os mares que jorram os olhos,
sal feito do sal que me fizeram engolir
Cada lágrima é um remo
cada afogamento, um porvir
Velo corpos ao mar, mães que amamentam secas,
pelos reis que perdem rainha,
guerreiros que desconhecem a luta,
cultura e idiomas que não mais transam
pelos santos quebrados pelos murros,
terreiros queimados, orixás em desterro —
mas o tambor ainda pulsa no escuro.
Esperança a esverdear — quem me dera ser preta
De suas raias mães rasgam a doçura,
Abayomi para as crianças
sementes entre as tranças nos cabelos
Nosso Dom na tortura: é manter-se duras
e na malemolência requebrar os quadril
Oh, Colombo, por que de tanta infâmia?
Remo em vielas, em ruas, esquinas,
navego em lágrimas, gritos e sinas.
Eu remo, me tremo na coragem de sobreviver —
Oxalá, meu Deus, saborear o viver.
Renego a graça de me chamar de "ti",
pois não me vês, não me sabes.
Tua língua nunca soube meu nome
Tua boca nunca caberia meus abismos.
Nem teus sonhos as estrelas de lá
Invoco meus deuses no ar que choro,
Oxum, Iansã, Nzinga e Dandara.
Meu peito é quilombo,
minha alma: espada rara.
Toda dor tem um peito.
Todo preto não tem um sentir.
Mercadorias lançadas ao relento —
som lento ressoa no corpo: tambor a ruir.
Ainda 'stamos em pleno mar,
em nau errante que cravam as favelas.
Senhor dos desgraçados, em tua ira rasga as velas!
E esqueça o mar — essa festa impura que tribupia.
Que reste a terra — onde a dor se costura
com a fibra da luta, e a alma não esfria.
Eu remo.
Contra a corrente do esquecimento,
pelos filhos sem parentesco,
e cultuar sem terras.
Remo contra o naufrágio da cor,
contra os olhos que me negam,
ou as câmeras que me cercam.
Remo pelo espelho que me deixou sem flor
e pelo odor de morte
Temo esse mundo de horror.
Já cansada estou de ser forte.
Temo por esse submundo de pavor
Já não sei se o inferno é aqui
Ou certo estão os que celebram a sorte
domingo, 15 de junho de 2025
SUSAN SONTAG
APROVEITAR A FESTA JUNINA E QUEIMAR UNS GRAVETOS
quarta-feira, 11 de junho de 2025
GRAVETO
CONVEXO
AFIXO
terça-feira, 3 de junho de 2025
RANHURAS
com o desligar das sinapses
que reconstroem sua voz
nas ranhuras dos muros
violentados pelas raízes dos coqueiros
que não me trouxeram sombra
mas assombram meu jardim
com folhas secas
de um amor estéril
o amar é a imprópria desproteção
terça-feira, 20 de maio de 2025
DISTINTO
sexta-feira, 9 de maio de 2025
HUMANIDADES
quinta-feira, 8 de maio de 2025
VENTO
ARREBOL
quarta-feira, 30 de abril de 2025
UM AMÉM
sábado, 26 de abril de 2025
I CAN'T STOP LOVIN' YOU
exalei meus risos na primavera
me deixei ser verão nos espasmos
despi a alma das vestes imaculadas no outono
recolhi-me aos recôncavos no inverno
me respondi como bipolar
ignorando as normas das murmurações
eu inventei pra mim um mundo
e no meu mundo a frequência é o desestabilizar
feliz o homem
que habita o mundo
do poder ser
e ignorar ser poder
sexta-feira, 25 de abril de 2025
COMO MORRE UM HERÓI
quarta-feira, 23 de abril de 2025
PÓS FESTA
domingo, 20 de abril de 2025
PÁSCOA
foi amor que Ele veio instaurar
foi amor que Ele veio ensinar
e foi na dor que Ele demonstrou esse amor
simplesmente para mostrar
foi paz
foi paz que Ele veio ministrar
foi por paz que Ele não guerreou
a outra face disponibilizou
e todo entendimento suplantou, ultrapassou
Ele é quem vem depois que a esperança morre
Ele vem quando o melhor amigo corre
Ele tem tudo aquilo que ao homem socorre
não o ignore
deixa nesse domingo
O Jesus renascer
deixa nesse domingo
na cruz o teu pesar
deixa nesse domingo
O Jesus em ti viver
deixa de ser sozinho
de braços abertos ele morreu
só para te abraçar
dê hoje a você a oportunidade da ressurreição
RECOMECE
pois essa é a razão da cruz vazia estar
terça-feira, 15 de abril de 2025
ÚLTIMO DIA EM SÃO FIDÉLIS
LEVE
segunda-feira, 14 de abril de 2025
RECOMEÇAR
sexta-feira, 11 de abril de 2025
RESPOSTAS
terça-feira, 8 de abril de 2025
EXISTIU
quinta-feira, 3 de abril de 2025
OLHOS
terça-feira, 1 de abril de 2025
COR
sexta-feira, 28 de março de 2025
MOMENTS
quarta-feira, 26 de março de 2025
VERDE
feito chuva repentina que acaricia as folhas
me lavando das mentiras
dos falsos amores
reatando as partidas
revelando o céu
o amor me pegou
me desatou os nós
me coloriu de vida
me afinou a voz
e cantei pra mim
aquecendo o sol
o amar deve ser verde
e de esperança corar a paz
terça-feira, 25 de março de 2025
LA PETITE MORT
DIAS CINZAS
terça-feira, 18 de março de 2025
PARTIDO ALTO
domingo, 16 de março de 2025
RIO QUE NUNCA RI
sábado, 15 de março de 2025
COM FUSÕES
quinta-feira, 13 de março de 2025
PALADAR
QUARTO GRANDE
quarta-feira, 12 de março de 2025
CICATRIZES
sexta-feira, 7 de março de 2025
QUASE
Conta-gotas
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
FEVEREIRO
me fantasiei de mar
roubei do vento as ondas
bailei no alto das montanhas
sambei desejos do descompassar
compus enredos infantis
mestre em sala vazia
velha em guarda agonia
lavando-me de amores gentis
carnificina de liberdades
oficina de calosidades
por sina de reciprocidades
todo carnaval tem meu fim
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
FRIO HOTEL
existe (eu) amor em SP
terça-feira, 21 de janeiro de 2025
De bem
e me despe a alma
sem me temperar com despedida
pelo contrário
me propõe vida
Senhor do Tempo
paralise teus ponteiros
para que se prolongue em mim
essa suspensão
segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Respiração
se o extraordinário vive no ordinário
o sobrenatural naturalmente se constrói
todo século é um diário
mesmo quando o construir me destrói
é sempre um respirar
entre um fôlego e outro
domingo, 12 de janeiro de 2025
Inteiro
às vezes
o que você sente
mente pra você
te criando um mundo
que não te cabe
e sabe,
pode ser melhor
a solidão
que a companhia que te faz só
que te faz pó
e sem dó
parte em você
às vezes
é necessário se ser inteiro
e o às vezes pode ser sempre
quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
Desbalança
conta para mim uma canção de amor
fala-me de teus erros e do teu pavor
diga que não vai ter fim todo esse calor
cala-me os segredos
e nus, pintamos de cor
me chama pra uma dança
meus passos te alcançam
te chamo pra minha vida
sem saída, sem despida, sem um logo mais
só um pouco mais
só pouquinho mais
um pouco sem mas
tudo contigo é tudo, é mundo
mesmo no nada
quero nadar no rio do teu beijo
colher no céu de tua boca estrelas
realizar desejos
me desbalança
terça-feira, 7 de janeiro de 2025
Conduza
quero nadar com você
eu te quero no tudo
sem a roupa se intrometer
te revelar meu mundo
que tal parar o relógio
e brincar de não esconder?
desfaço-me do lógico
das contas, mania de entender
quero nadar em ti
meu rio se deságua no teu paladar
o verão mora em ti
pecado é não dançar no teu arrastar
tudo em ti é música
desde a forma de falar
gosto que minha paz conduza
eu me esqueço até de respirar