pra mãe das águas
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
PARAÍBA
pra mãe das águas
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
WE'RE BONES
felt infinite
we together used to be life.
now… just bone
bone in the air
bone in the way your name feels in my mouth
silence hits different
it strips the skin, leaves only bone
is love the most beautiful thing?
or just the heaviest loss?
maybe we only see it
for what it was
when all that’s left
is bone.
ERA UMA VEZ
era uma vez
dias que o peito aperta
e tudo que a gente quer é um abraço apertado
era uma vez
dias que a mente pesa
e tudo que a gente quer é que pese mesmo
que não fuja, que não se esconda
que pese bonito, com gritos
feito pensamento que não tem pressa de passar
feito silêncio que sabe o que diz
tem dias que dá uma vontade de sair por aí
sem rumo, sem prumo
pra onde o vento levar
mas tem dias que o vento não leva
porque a gente pesa
porque aprendeu a ficar mesmo quando tudo convida a ir
mesmo quando ali não pertencemos mais
nesses dias eu agradeço pela vida
um ato de louco
mesmo que ela não seja leve
e o rio que corre em meu rosto breve
que ela leve muito tempo para me levar
deu aquela vontade de chorar hoje?
então chore
com gosto
se lave nessas águas que são tuas
super-homem é só mais um era uma vez
terça-feira, 5 de agosto de 2025
O SOL
Parecia criança travessa que uma peça havia pregado
O olhei bem cabreiro, mas translúcido
Como quem quer ter o peito revelado
Mas de tantas voltas que dei em torno dele o disse
Se apruma, menino e me faça um calor
Não me venha com mormaços. Oh sandice
E disse que o filtro eu não colocara
Eu retruquei que é que sempre tenho a esperança
De ter em cada dia o renovada de minha caminhada
Mas tem uma coisa que me ensina
Toda manha, mesmo ao avesso
Agradeça pela vida, antes que ela termina
SINTOMAS
O tempo poderia parar
Quem sabe a terra não mais girar
momentos em que tenho você
Esqueço do que é pertencer
Você que tem esse dom de voar
Me olha inteiro e me faz gostar
Das coisas que tento esconder
Traz paz e as pazes faço porque
Tens esses olhos cor de mel
Palavras que me lembram o céu
Segredos como um corpo nu
Me leste e te levo ao sul
Gostoso é contigo estar
E se me tira pra dançar
Desenha cores novas em mim
Em ti só não gosto do fim
Me deixa leve
Cê nunca é breve
Em mim inscreve
Coisas de amor
Me faz bonito
Desfaz o mito
E eu não minto
Te quero aqui
sábado, 2 de agosto de 2025
FOICE
minhas poesias minha crença
terça-feira, 29 de julho de 2025
TODA PARTIDA PARTE
Cansei-me de falar do mundo e dos egoísmos carentes da humanidade. Cansei de esperar o sorrir da lua ou o nascer do sol, que nunca assumiu por ela sua paixão.
assim como é cíclico o vento, a chuva e as flores sobre o campo verde, é por descanso que meu corpo clama, minha alma sob o calor trêmulo de tua mão, desnuda o silêncio que revelei e pela paz que reside no quarto velado por edredom e cobertas nas janelas.
quando eu for, me mandem flores, beijem minha testa e aos mais próximos amigos, sussurrem um segredo, só nosso, ao pé do ouvido uma fofoca cabeluda que acabara de saber. Eu irei rir de nós e afastar os espectros até Caronte. Mas não chorem, nem gritem. Isso é no mínimo demodê. Além deu ter já feito a vida toda.
Ao fecharem o caixão saiam todos do ressinto e permitam que apenas os funcionários da funerária me cubra a beleza ímpar. Pra vocês ficará o meu olhar ardente, o meu acolhimento quente e a sutileza presente que habitarei em vocês.
Quando eu morrer, não lamentam minha partida.. perdoe-me cada vez que os parti o peito na procura de uma brecha desbravar para ali morar. Pois em parte, minha vida foi sobre procura por habitar. Se despeçam de mim num aceno em slow motion e muitos beijos em estamos construindo nos lábios os fagos de artifícios de um réveillon, sem espantam as aves que também virem em cortejo cantarolar Vanessa da Mata, pois quando eu for se instaurará um tempo novo, uma ciranda ingênua com os meus dois pais no céu! Deus lamentando os homens e meu pai se orgulhando que pra eternidade sobrevivi.
segunda-feira, 28 de julho de 2025
PARCIAL
como se minhas palavras
não sei mais onde termina a dor e começa o silêncio
eu escrevia para salvar aquele amor
fui me cortar em versos que não voltaram
agora permaneço inteira, mas mutilada
pensei que amar fosse colar
e então deixei partir com as páginas de papel
se não consigo escrever, só posso gritar com os olhos
e se silêncio me tornou invisível, hoje descubro: visibilidade = ato de sobreviver
recorto meus galhos
mesmo sem som
mesmo em pedaços
me salto de dentro dessa cadeira
sem promessas, mas inteira de novo
domingo, 27 de julho de 2025
PRIMEIRA PESSOA DO PLURAL
os teus lábios ressoam meu nome
os teus lábios tem sede de outros rios
tuas mãos me tocam
tuas mãos me dedilham Bach
tuas mãos em mim não faz canção
nos sobra fidelidade
ou traição inocente
nos falta lealdade
somos nós
nunca a gente
sexta-feira, 25 de julho de 2025
TAPEÇARIA DE SAUDADES
um perdão para cada negar
quinta-feira, 24 de julho de 2025
LEITO
teu riso ecoa — molda a sombra
da minha casa vazia
Queria tua presença, sem o peso
da ausência, sem o lampejo fugaz
das permanências que mentem
Queria te contar ao mundo, encontrar
desvelar os segredos da pele e da peleja,
e em meu mundo, correr de mãos dadas contigo —
como rio que se entrega ao mar,
fluindo sem condena
Cruzar o Paraíba
em ponte invisível,
só por um sorriso teu.
Tuas palavras calaram silêncios —
constelações ocultas,
teus olhos: fósforos acesos
nas paredes do peito
Tu eras mentira permitida por Deus,
doce fantasia sustentada em fé,
minha paz na tempestade
No leito do choro —
rio lento de esperanças murchas —
ergue-se, em sombras longas,
a casa velha da esperança
Mas teus braços imaginados —
campo aberto, prado eterno —
alimentam em mim
a esperança que acalma
é trem que parte
e volta só nos meus devaneios.
E sigo...
cruzando o Paraíba de saudade,
correndo no vento
que sussurra teu nome
sexta-feira, 18 de julho de 2025
QUARTA, QUINTA, SEXTA E SÁBADO
QUASE
quarta-feira, 16 de julho de 2025
SAFELY
oblíquos
assim como costuma ser a noite
foi entrega
mesmo nas palavras duras
que pediam rega
e ironizavam avidamente a regra
ele se apresentava num sorriso Da Vinci
mas sua solitude era uma Tarsila
plagiada por Dali
e de lá,
porque era tudo excitantemente interessante
as coisas simples são imensas
terça-feira, 15 de julho de 2025
ACOLHER
e sempre nos perfuma a alma
outros têm o sol no olhar
e no inverno acolhem a calma
há vozes que chegam como véu
cobrindo o cansaço que o mundo despe
mãos que se deitam na nossa dor
sem que a dor sequer perceba
tem presença que nem precisa entrar
pra mudar a mobília da ausência
e olhos que dizem: fica
mesmo quando o corpo não fala
um café dividido em silêncio
uma prece esquecida na mesa
e aquele gesto simples, quase nada
que veste a alma com leveza
segunda-feira, 14 de julho de 2025
MISERICÓRDIA DE SENHOR
quinta-feira, 10 de julho de 2025
PROMESSAS
é permanecer de pé
quando tudo em volta diz que não vai dar
é estar
cansado, mas ainda crendo,
ferido, mas ainda firme…
caminhar por dentro
ver com os olhos fechados
florescer no escuro
porque ouviu Deus prometer
e isso… foi suficiente
só isso —
uma promessa
dita no silêncio,
cravada na alma,
forte o bastante pra sustentar
os dias que doem mais que mostram
fé não é fuga da dor,
é aliança com o propósito
é dizer “amém”
mesmo com as mãos vazias
e os olhos molhados
Mas ainda assim —
com o coração rendido
quarta-feira, 9 de julho de 2025
UM GRÃO DE MOSTARDA
Uns, já tão frustrados de tanto recomeçar
Outros, se vendo a força se maquiar
Estamos todos com medo
Uns, reféns dos segredos que trazem solidão
Quantas vidas eu vejo sem a vida, em vão
Mas vim só pra dizer
Que toda noite é parte do dia
Que todo mal que te parte
Até faz ferida
onde o peito se quebrantou
E onde a fé
A mais pequena
FREI VITÓRIO X SACRAMENTO
pra me salvar da monotonia.
como quem rasga o tecido da tarde
na rua frei vitório, o vento sussurra
teus risos presos no calçamento,
e cada pedra da calçada murmura
o segredo antigo do nosso momento
ah, se a frei vitório nos denunciasse
ou se a sacramento quebrasse o pacto
de nos manter nas entrelinhas,
feito oração contida num ato
mas seguimos, sombra e desejo,
por essas esquinas de fidelidade,
onde o amor é silêncio e lampejo,
e o tempo se curva à nossa saudade
INVENTOS
FÉ PRA RECOMEÇAR
descrente, impotente
me sinto sozinho
refém de minha mente
És Tu que preciso
de Tua proteção
da paz, Teu abrigo
me leva pra perto do Teu coração
Jesus, eu rendo
não posso mais
só Tua graça traz-me a paz
eu te oferto minha vida faz
o que queres, Senhor
Jesus, entrego em Tuas mãos
meu quebrantado coração
o meu tudo no nada está
nas notas deste clamor
na graça do Teu favor
na espera de Ti, Senhor
pois quando eu sou fraco, eu forte sou
quando nada tenho, chega o Senhor
quando era o fim
domingo, 6 de julho de 2025
O CÃO DA MINHA PAZ
sexta-feira, 4 de julho de 2025
ME ENTREGO
quinta-feira, 3 de julho de 2025
QUE DOR
Nunca pede licença, diz “obrigado”, “muito prazer” ou “por favor”.
A dor invade, rompe, transborda.
A dor se sente e se faz perceber e sentir.
Não a pode esconder, sufocar, blasfemar. A dor é santa, é casta, é vasta. Última pureza.
A dor é virgem que se deita com todos e não goza ninguém.
A dor é partido. Eu sou resto em vão.
A dor é CEP, endereço, sem retorno ou devolução.
A dor é ser que sangra em silêncio e pão.
BREU
terça-feira, 1 de julho de 2025
GIZ
que o silêncio
o riso
esse risco falso no rosto
desenha esperança com mão trêmula
como se a alegria
fosse só dever de casa mal feito
o giz,
esfarelado de tanto tentar ser palavra
vira poeira nos poros
coceira na alma
sede
olhar
um só
que varre a superfície
um abismo pequeno
do tamanho exato
do que ainda nos falta
sábado, 28 de junho de 2025
QUANDO SOBRA LUZ
inteiro, parto-me em silêncio
onde a noite lambe o osso da alma
se alimentando de minhas gargalhadas
regradas no vinho barato de fim de mês
você fala por olhares mornos,
me mata num gesto de indiferente carícia
sem ao menos me ver
dói: um afundar de mim
onde só ecoam vozes já mortas,
palavras não ditas —
cada sílaba um corte invisível
cada querer um saber
finjo o pulso acelerado,
o pulsar que deseja acontecer
— mas sou intrínseco vácuo,
somente vulto que teme
ultrapassar o próprio corpo
saio, passo por ruas líquidas de neon,
tremendo — exausto de existir onde me rejeita
e nessa fria volta pra casa,
sou um coral ecumênico de medos,
uma promessa que não sustenta
aumenta nos câmbios de gosto de menta
você, intacto segue inteiro
Mesmo assim, eu sei:
há um pedaço seu em cada amargor meu —
quebra-luz que me rasga e me cura
caio, renasço no mesmo instante,
me sobras tu
em ti falta um lapso de mim arquejante
e o que resta das nascentes que nos trombam
quando o silêncio é mais real
que qualquer beijo?
Principalmente, o que nunca beijei
sorrindo pra minha jovem estupidez
sexta-feira, 27 de junho de 2025
SIMPLESMENTE
PASSO
na esperança
renasço menino
vejo no riso o elo divino
no velho, a tentação de ficar
mas escolho partir
o tempo em que voar era verdade
no rosto
e reencontrar a velha infância
RUPTURA
entre a legião urbana sentir o ar
penetrar humanamente meu revés
deitar acolhido no bisturi suave do teu abraço
escuto a queda lenta de um prego enferrujado
tentar chorar de tristeza ou alegria
desmantelar os erros que faço
a solidão interrompida por tuas lembranças
eu perfuro as paredes do quarto
na procura de tua voz
no travesseiro não mora mais o teu peso
sou tantos quases que me faço nunca
espelho em frangalhos
numa opressão que ainda se reinventa
somos disfarces
o teu mantra hipnótico de me possuir
sem ao menos querer saciar
esse maldito vício da saudade
uma essência perdida, um adeus sem partir
pois é canção que nunca se compôs
quem me dera ao menos outra vez
diluir o adeus que em looping me incompleta
quinta-feira, 26 de junho de 2025
NEGO DA USINA
E morro de orgulho
De minha trajetória
Sou do morro
Não corro da luta
Eu faço história
Sou do morro
Não torro meu tempo
Provando verdades
Sou do morro
Eu dobro a vida
Dosando-a em bondade
Subo o morro
Converso com Deus
Não perco a esperança
Subo o morro
Conheço o céu
Basta olhar uma criança
Subo o morro
Divido o feijão
Presencio milagres
Subo o morro
Digo “oi, meu irmão”
Da família sou parte
Desço o morro
Nem sempre o bom dia
Contem alegria
Desço o morro
Procuro no olhar um conforto
Desço o morro
Descubro que a graça
Está no plural
Desço o morro
Convido a praça
Pra conhecer meu quintal
Sou nego da Usina
Não nego
Sou vida em cena
Essa é minha sina
Ser Cidade em Poema
terça-feira, 24 de junho de 2025
LINHAS
pois tua sensibilidade inspira perfeição
mesmo quando tropeço e fecho portas,
Teu amor me abre outra direção
Deus de imensidão,
mas em meu peito faz morada
Senhor da criação,
que dos meus tropeços dá risada
Deus não escreve por linhas tortas,
mas entende os desvios do coração
mesmo onde deixei trancadas as portas,
Ele entra com chave de compaixão
Deus que sussurra nos ventos
e acalma as tempestades,
me guarda nos desalentos
e me livra de toda maldade
Deus de beleza que se curva às minhas falhas,
onde habita realeza e faz da dor lição,
me chama por nome entre as batalhas
e me coroa em meio à contradição
Deus não escreve por linhas tortas,
mas sabe ler minhas tentativas tortas,
traduz silêncio, cruza as minhas portas
e dança comigo em minhas derrotas
Deus de maravilhas,
que me conduz a ilhas — internas, solitárias
que ama, partilha,
e não desiste das minhas partidas diárias
Deus não escreve por linhas tortas,
mas faz poesia do que rejeitei
E quando penso ter perdido as rotas,
descubro que foi ali que mais me encontrei
sexta-feira, 20 de junho de 2025
PRETÉRITOS
num pretérito mais-que-passado
te amei
numa conjugação coloquial
de quem teme o passado
e goza os predicativos chulos
de um presente do indicativo
que nada indica além
do que resiste a milímetros
do umbigo mal curado
tão raso que ao menos
a sincronicidade compartilha
tola, tolima, tolida
há pretérito mais-que-perfeito
onde moram línguas
em riachos doces
ou pastilhas de hortelã
dissolvidas em goles
desenfreados da cevada
que tampouco Bukowski desconhece
mas antes de qualquer sonoridade falar
hidrate-se do que escorre da boca
antes mesmo de ter nome —
pois o céu da boca não mente,
e as línguas silenciam segredos
que só o suor ousa revelar
entre a constância de um vale e um pico
A poesia, essa vadia sagrada,
mora onde a fala falha:
nas entrelinhas.
e entre nós existe o querer
entre
quarta-feira, 18 de junho de 2025
REFLECTION IN A FOGGED MIRROR
terça-feira, 17 de junho de 2025
FELIZ OUTONO
POROS
o mundo é curto pra se distrair.
segunda-feira, 16 de junho de 2025
EU REMO
O açoite me fez carne
E minha carne virou memória.
Nos porões fétidos, úmidos
— onde se abafam nomes —
meu grito apodreceu junto aos teus galardões
Cicatriz que canta em silêncio
nos porões da tua história.
Meu corpo é como a noite
— denso, inteiro, sem clemência.
Esconde as dores que gritam,
e teme o dia com prudência
No leme rompido da minha existência,
sou navio sem rota, mas sigo em resistência
Mercadoria sem nota e de valor vilipendiado,
mas meu passo é tambor — jamais silenciado
Navego os mares que jorram os olhos,
sal feito do sal que me fizeram engolir
Cada lágrima é um remo
cada afogamento, um porvir
Velo corpos ao mar, mães que amamentam secas,
pelos reis que perdem rainha,
guerreiros que desconhecem a luta,
cultura e idiomas que não mais transam
pelos santos quebrados pelos murros,
terreiros queimados, orixás em desterro —
mas o tambor ainda pulsa no escuro.
Esperança a esverdear — quem me dera ser preta
De suas raias mães rasgam a doçura,
Abayomi para as crianças
sementes entre as tranças nos cabelos
Nosso Dom na tortura: é manter-se duras
e na malemolência requebrar os quadril
Oh, Colombo, por que de tanta infâmia?
Remo em vielas, em ruas, esquinas,
navego em lágrimas, gritos e sinas.
Eu remo, me tremo na coragem de sobreviver —
Oxalá, meu Deus, saborear o viver.
Renego a graça de me chamar de "ti",
pois não me vês, não me sabes.
Tua língua nunca soube meu nome
Tua boca nunca caberia meus abismos.
Nem teus sonhos as estrelas de lá
Invoco meus deuses no ar que choro,
Oxum, Iansã, Nzinga e Dandara.
Meu peito é quilombo,
minha alma: espada rara.
Toda dor tem um peito.
Todo preto não tem um sentir.
Mercadorias lançadas ao relento —
som lento ressoa no corpo: tambor a ruir.
Ainda 'stamos em pleno mar,
em nau errante que cravam as favelas.
Senhor dos desgraçados, em tua ira rasga as velas!
E esqueça o mar — essa festa impura que tribupia.
Que reste a terra — onde a dor se costura
com a fibra da luta, e a alma não esfria.
Eu remo.
Contra a corrente do esquecimento,
pelos filhos sem parentesco,
e cultuar sem terras.
Remo contra o naufrágio da cor,
contra os olhos que me negam,
ou as câmeras que me cercam.
Remo pelo espelho que me deixou sem flor
e pelo odor de morte
Temo esse mundo de horror.
Já cansada estou de ser forte.
Temo por esse submundo de pavor
Já não sei se o inferno é aqui
Ou certo estão os que celebram a sorte
domingo, 15 de junho de 2025
SUSAN SONTAG
APROVEITAR A FESTA JUNINA E QUEIMAR UNS GRAVETOS
quarta-feira, 11 de junho de 2025
GRAVETO
CONVEXO
AFIXO
terça-feira, 3 de junho de 2025
RANHURAS
com o desligar das sinapses
que reconstroem sua voz
nas ranhuras dos muros
violentados pelas raízes dos coqueiros
que não me trouxeram sombra
mas assombram meu jardim
com folhas secas
de um amor estéril
o amar é a imprópria desproteção