Encontrar no desconforto — no incômodo que cutuca — a centelha que move o mundo dentro de nós. Não se trata da romantização do sofrimento, mas da generosidade da resiliência, que se oferece em silêncio quando a vida pede fôlego. Amadurecer é se deparar com o espinho que insiste em beliscar o calcanhar calejado, lembrando que o caminho, apesar das feridas, ainda nos conduz aos deleites sonhados.
Viver é bom — e exige coragem. Coragem sem armadura, força sem rigidez. É a arte de dançar conforme o vento, sabendo que há dias em que o vendaval nos leva, e outros em que é preciso abrir os braços e deixar-se ser levado.
Chorar também é coragem: abrir um berreiro de criança e permitir que as águas lavem os canais que ligam alma e mundo, esse mundo que ora corre caótico, ora estaciona no caos. Todos nós temos um Rio Paraíba do Sul a jorrar — e, muitas vezes, alguém precisará navegar nessas águas para se encontrar também.
Se permita compaixão, cumplicidade. Antes de tudo, consigo mesmo. Porque a vida é cíclica, a vida é passageira, e o bilhete dessa viagem é único. Quero seguir rumo ao destino que eu mesmo traçar, num ato de rebeldia contra o paladar imposto. Quero degustar o sabor da minha vida — ainda que seja exótico, estranho, amargo ou agridoce.
Porque, no fim, viver é isso: tomar um ar, erguer os olhos, reinventar o passo… e prosseguir... mesmo descalço, cansado e com bem pouca fé! Mas já é o suficiente, teus dilemas não são uma Serra do Sapateiro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário