sexta-feira, 22 de agosto de 2025

E AGORA, DRUMMOND?

o peito escancarado
ro­teiro em punhaladas de silêncio
— eco reco-chama teus versos —
abraçavam-te minhas preces não ditas,
lágrimas que brotam de cinzas e ruídos

e agora, Drummond? responda-me:
há um roçar no ar, tênue, urgente—
um José sussurrado em sílabas partidas,
em cada penumbra de “re-be-ro”,
há um mapa de pulsos e acordes trêmulos
fazendo-se carne, lembrança, disfarce
entre o “abrir” do peito e o “fechar” da voz,
mora esse nome
— fragmentado, dissimulado —
como fumaça que toma forma e se desfaz,
como a presença que insiste
— mas que,
de certo modo, se ausenta

e agora, Drummond?
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora,
 Drummond?
e agora, você?


Nenhum comentário:

Postar um comentário