Hoje descobri a singela diferença de não mais apaixonado estar. Não vi nos poros de minha pele o transbordar quente do suor que desenhava em meu corpo a tensão que se estabelecia em meus orgãos mais íntimos ao te ver chegar.
Senti o teu perfume, o mesmo, o de sempre me permeiar as narinas, mas ainda sim, em quase três horas de empolgante espetáculo ele não se tornou comum, não se compactuou à mim, não se tornou íntimo de meu corpo, não se fez cheiro meu. O meu corpo físico te desconhecia, você que outrora desestruturou os meus sentimentos, não mais teve a graça de constrangir o meu físico. Entre químicas e físicas reprovamos na matemática de um português claro e objetivo.
Desencantar de uma paixão é ver os olhos cegarem o seu brilho à luz de tua companhia.
Desencantar de uma paixão é sentir a boca secar o som dos pronunciar as sílabas de antes doce nome.
Desencantar de uma paixão é, por costume, querer querer você, mas sentir o coração em pulsos sincronizados e delicados rejeitar o teu sangue.
Tenho uma ópera engarrafada nas musculaturas de minhas cordas vocais e elas só queriam cantar o seu nome seguindo a melodia de meu coração à procura do teu. Não sei se cantaria amor, paixão ou fúria, em samba, rock ou tumultos de baladas, mas te cantariam, na ausência do prazer de te atraiar, cantar e encantar. Em cantos de intelectualidades e revoltas críticas os meus pulmões se inflariam de ar frio para não te aquecer o sentido da defraudação.
Nas dietas vegetarianas, no saber do água e sal, e na doçura artificial de uma gelada Pepsi light encontrei a profundidade do beijo que procurei encontrar em você e encontrei em milhas de distantes entrosamentos. Em milhas de distantes sentimentos me encontrei estacionado solitário e à espera de mim e inevitávelmente me apaixonei, nas simplicidades de minha companhia encontrei o que me perdi em você. Re-apaixonei, ou pela primeira vez apaixonei por mim, isto não foi bom nem ruim, foi simplesmente recíproco e então coube aos pássaros o cantar de minha emoção.
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