quinta-feira, 24 de maio de 2012

A primeira vez que dormi de conchinha

E então dormi com você e você agarrada em meu esqueleto dormiu comigo. Umbigo em umbigo trançados em nós e afinidades, colados, grudados, transados mais embaixo, unidos.
Sentíamos o calor e umidade proveniente do nosso respirar que se fundia num mesmo percurso de respiração ofegante e outra tão calma como brisas que desnudam pétalas das flores que pela manhã se abriram pro sol.
Eu dormi com você e você aquecida por todo o meu corpo que te transou, dormiu comigo, mas foi acordados e vívidos que nosso sonho aconteceu. Você dormiu e acordou comigo. Nós dormimos e acordamos pra nós.
Encontrei nos recôncavos de tuas silhuetas o abrigo que procurava o meu gozo internalizado em tímidos e corados constrangimentos de negar não ansiar em seu íntimo se sucumbir. Eu encontrava em tuas palavras, nas poucas palavras que ensaiamos, o discurso perfeito para refutar o meu planejamento de oratória prolixas. Depois de tantos desenganos, tantos anos escapados por entre o castelo que inutilmente construí para receber alguém que nem era você foi em conchinhas espalhadas pelo mar que nos abateu que encontrei o eco em sussurros e grunhidos de espasmos que sempre ressoaram silenciosos ao mundo, mas em mim gritaram inundação. Construí um castelo pra nós e nele vivi à sós. Construí a partitura da música que os arranjadores executariam pra nós, mas foi apenas o nosso som de humano refletido em carne e carne que rompeu o silenciar da solidão e em conchinhas me encontrei em proteção de entrega. Enfim, dormimos, acordamos, sonhamos, vivemos e aconchegamos outra vez e outras conchas mais.

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