Talvez eu nunca tivera conhecido a dor da partida se não tivesse hoje te namorado na Lagoa.
Meus olhos te viram com o mesmo sabor dos beijos que nunca demos. Minhas mãos transpiraram os mesmos prazeres que nunca demos. Os Demos retornaram a ser os mesmos demos. As mesmas aflições de nunca ter sido e sempre nunca tido. Sempre no nunca.
Talvez continuaria a contar pra mim as mesmas carochinhas que fantasiavam o teto de meu quarto. Se eu não tivera visto teu corpo penetrar a paisagem de graça e paz da Lagoa eu até não choraria como chove agora.
Um amor mal velado é como vela que apaga e reacende com o vento. E é preciso molhar os dedos que indicam o ponto e pontua o tudo, bem na saliva ácida da boca e tocar as chamas que muitas vezes queimam e deixam marcas. Marque um amor comigo.
Amor mal velado e defunto que cultuamos vivo no arcaico aramaico das preces. Como todos os cemitérios sempre fora do convívio da cidade, mas dela sempre é parte. Parte que fica e parte.
Talvez se eu não tivera te visto hoje correndo na Lagoa eu correria pra te encontrar no anti-horário de teus passos. Um amor que não passou e passou de repente por mim.