quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Senti Mentos na boca

Nos vultos de seu olhar
Eu via as lembranças de minha vó esculpida
Entre íris e pupilas salientava pra mim
Que
Todo amor estava fadado a mentir
Por isso me beijou com gosto de Mentos
E eu acreditei
As erupções que salientaram em minha língua
Tatearam o céu
De minha boca
E ela me traiu revelando 
O que eu mesma
Velando o corpo do falecido negava
Eu caí em amor
Vi estrelas em outro céu
Essas estrelinhas não me pontuavam o saber
Eu ainda não sabia jogar o amar
E amamos na primeira pessoa do singular
Pluralidades era o que produzia
Minhas canções
Minhas intenções e tensões cor-de-rosa
As deles
Cor-de-burro quando foge
Todos os homens me lembrariam o falecido
Todo amor estava fadado a mentir
E eu estava remodulando contos de fadas
Sem um conto de réis para pagar pelo meu coração
Penhorei minhas palhaçadas
E fiz de palhaça minha feição
Perdi minha própria casa
A casa própria ao acasalar com paixão de inquilino
Meu ventre
Livre
Eu ventríloquo, falaram por mim
Talvez o próprio coração 
Em desapropriação de si
Aprendi quebrar o nariz do Pinóquio
Administrei a academia de negar
Inventar
Em ventar os sentimentos
Senti Mentos na boca
Soprei e o vento não 
Soprou de volta
Dei a volta
Meia volta
Ventilei antigos medos
E gostos
Desgostos
Esgotos
E no goto prendi e aprendi amar

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