terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Quando as borboletas partiram deixei de meus dentes escovar

Quando as borboletas partiram deixei de meus dentes escovar
Cavei dez centímetros no chão do apê e me escondi
Fugi das lembranças que estavam nas areias da praia
Escapei das gotas de mijo no chão
Das cuecas atrás da porta do banheiro
Eu sumi
Em suma
Somei minhas dores e não prestei conta
Já pra nada prestava
E nadei naquele conforto do chão
Ali submersa prestava atenção na respiração que falhava
Não temi morrer
Tomei meus calafrios como ternura
Me acariciei do medo
Deve ter sido a dor
Ela somente saberia me adormecer
Ela me devia a proteção
A libertação do casulo de meu interior abandonado
Só pode ter sido a dor
Ela semeou sua beleza em minha pele
Fez brotar feridas como flor
E atraiu as lagartas sem brilho
Que se alimentaram de meus lábios
Me beijaram feito crianças sedentas
E quando borboletas
Partiram
Em partes, partida estou
E quanto aos dentes não tenho o que falar



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