quarta-feira, 30 de abril de 2014

Dancei pelado na chuva

A chuva caiu 
Indecente do orifício liso de minhas janelas
A minha alma silenciou
Os seus rios impetuosos
Eu ouvia Adele que cantava
Músicas de euforia
Enquanto meus poros se dilatavam
O suor
Delatava a frieza 
Do coração de lata em que conservei
Minhas emoções
As mesmas das quais alimentou o seu 
Gozo
Gozado imaginar o gozo que só imaginei
Construção de relação entre punhetas
De carícias
Do peito
Teus olhares confundidos por
Mim
Masturbaram o músculo frágil que bombeia 
Minhas explosões
Senti minha pele queimar
Queimei todos ossos de auto-proteção
Me joguei entre lamaçais de projetos
De novos homens
Nem as mãos delicadas de deus
Me paralisou
Para liso aperto de mão lancei-me
Por amor
De deus
Faz esta chuva acalmar
Dez dedos entrelaçados não fiz
Guarda-chuva
E me encharquei de dor
Do peito fugiu a dor
E consumiu a proteção que finjo
Dancei
Pé lado a lado com 
O medo
Do meu jeito
E sem jeito
Na minha chuva
Pelado

 

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