domingo, 25 de agosto de 2013

Eu transei domingo de manhã

Uma xícara grande de café. Sem açúcar, por favor.
Não. Apenas isto mesmo, obrigado!
Por acaso vocês teriam mel?
Sim mel. Mel de abelha. Para adoçar o café. Não gosto de café amargo e também não consumo açúcar. 
Não? Como não tem mel? E sal? Vocês teriam sal?
Poderia ter um pouco de sal?
Não é para o café, mas para aumentar a minha pressão arterial. Apenas uma pitada debaixo da língua e já me sentirei como se tivesse os meus polos dilatados, transpirarei frio, congelado, mas o meu corpo suspirará o calor que responde ao tráfego do sangue em minhas veias. As minhas pupilas mudarão de cor e delataram o cão que ladra entre minhas pernas. Por que me olhas tão espantada? Por acaso nunca sentiu sensações como estas? Tão humanas e corriqueiras! 
Experimente! Mas tome com cuidado. Sem euforia para que não engasgue. Isto! Toque os teus lábios com delicadeza na borda da xícara. Permite-a também tocar os teus lábios e levemente penetrar tua boca com o negro deste café quente. Isto! Sente os teus lábios encharcados? Com calma. Com prazer em degustar. Isto! Calma, não é pra engolir tudo numa única golada. Aprecie. Sem pressa. Coloque um pouco mais de sal sob a língua e a deixa dormecer, deixe-a ser moldada ao corpo do café que a envolve, sinta os arrepios que se revelam em pequenos vulcões sobre tua língua e engasgue. Isto! Engasgue ao encontrar o negro com o negro. Profundo. Fundo. Funda o teu gosto entre o sal, o amargo e o doce que em breve cuspirá sinalizando as revelações da plenitude de teu gosto ao corpo desta xícara grande de café preto passado no saco. Gostou?
Agora respira. Inspira as decomposições de tuas descobertas. Relaxa. Não estás enfartando, apenas se fartando do delicioso gosto do negro café.
Bom dia!

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