Eu poderia dar a luz à um filho com toda esta força que faço para chorar. Sinto-me tão seco e solitário que nem as lágrimas me acompanham a presença hoje. Eu também não estou triste, a tristeza também já foi embora.
A gente se faz de tão forte e capaz, não é? Todavia somos frágeis, pequenos, pobres corpos cheios de seus eus. E o apego nunca vai embora.
Aparentemente somos apenas paixões pela beleza que contemplamos no espelho. Mas espelho mente. Se quebrar corta os pés e espalha o meu sangue. No fundo somos todos líquido vermelho. Uns A, outros B, O, negativados ou positivados por natureza. Eu queria ser apenas ar. E flutuar pelo ar. Atrair o meu semelhante.
Parem tudo. Silêncio. Um momento para esta penugem de lágrima que ameaça deslizar sobre minha pele negra e espessa. Os meus olhos esticam os seus braços para tocar o meu peito, pois no meu interior há tantas sentimentalidades não vividas que por entre suas pupilas e íris não conseguiu atravessar o sol.
Traga pra cá tudo, olhos. Derrame um rio sobre mim. Deixe-me chorar de mim e por mim. Desentupa o meu rancor e prepotência. Deixe-me fluir e fruir. Deixe-me ir, sem ter que voltar pra mim.
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