quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Eu não beijo os beijos que beijo

Eu sinto teu paladar e descubro o que comeu ontem no almoço
Eu almoço teu corpo como carne sapecada no rolete
Ingiro os teus calafrios como se fossem água potável
Eu sugo teus fluxos e livramentos
Sou daquelas pessoas baixas que expelem palavras torpes
Te chamo pelos nomes mais hostis
Te nomeio puta, vadia e ordinária
Na verdade, eu minto em cada um dos espasmos que subscrevem teu riso
Com o tempo a gente aprende deixar de ser agente de nós
E então agimos contra o nosso favor
Suturas de amadurecimentos
Cicatrizes transferidas das fronhas e lençóis que trocamos 
Entre pequenas mortes e minúsculas camisas o que vamos descobrindo?
Cobrimos e descobrimos minha torre, nem sempre impetuosa
Mas nada descobrimos de nós
Gozamos solitários e o restante do nosso corpo goza de nós
Ainda sinto o calor de tua gengiva bonita
Eu gosto de gengivas
E também dos alimentos que restam entre um dente e outro
Me alimento de teus restos
O que mais poderia esperar de mim?

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