terça-feira, 3 de janeiro de 2012

2 minutos e 11 segundos

Demorou-se uma toda eternidade para que o Divino generosamente estabelecesse o seu projeto de amor e graça entre nós na pessoa de Jesus, porém foi num sorriso que dispensa todas as acusações que o profeta em dois minutos e onze segundos se desfez da parte de sua carne e corpo. Num boa tarde singelo e um caloroso riso maroto vi suas genialidades reveladas nas copas grisalhas assinar em minha rubrica a anulação do único projeto que sinceramente suspirei sequencialidades. Embora não fora minha rubrica que assinou por mim, mas o extenso de minhas emoções trêmulas e frustadas.
Eu lia a sua carta como um exame que acusava minhas células dos maiores demônios impuros. Como se eu fosse parte de um corpo o qual putrificava, maculava a honra. Logo eu que só quis amar e viver verdades! Eu era como um câncer, mas eu sou taurino. Não podiam me tatuar a culpa que o Cristo já levara por mim. Sim, no fundo eu sabia que já era livre!
Eu lia naquele papel branco, tão frio como minha face pálida e embranquecida: "Não deixemos de reunir-nos como corpo, como é costume de alguns..." E então estupidamente imaginava ao ver minha mão caminhando léguas sem os meu tronco, que Deus deveria ter muitos corações para habitar aqui e desconhecidamente ali. Não riem, sei que fui idiota: o coração de Deus não está em parte aqui ou ali, mas misteriosamente, pela fé, esperança e muito amor, nos uni aqui, ali ou mesmo acolá.
Em dois minutos e onze segundos de conversa silenciosa e muda gravada eu me via fora da Central. E não era da Central do Brasil. Era fora da estação que não me libertava em mim. Me paralisava numa órbita sem frequência audível. Eu não ouvia a minha voz. Não sentia o meu tato, nem as lágrimas que orgulhosamente se recusaram a descer e então escrever em meu rosto, não mais ingênuo, a minha dor. Sim, sinto até agora um rio de gritos represados em meus olhos e choros silenciados em meu peito.
Meu Deus, se é que ainda tenho o direito de assim te chamar, será que cometi o pecado de deixar de amar e crer? Mas honestamente ainda sinto o teu calor em mim. Vejo tua graça nos meus dias e são os teus estatutos que me sustentam. Oh, meu Deus, como eu queria ter visto amor, simplesmente para que eu pudesse me arrepender de simplesmente ser.
Em dois minutos e onze segundos me vi cadastrado em um outro grupo, gueto, ou como queiram chamar, corpo. Livre? Justo? Ah, não me façam perguntas difíceis agora. Vá saber o que sentiu Jesus na cruz, não é? Livre? Justo? Enfim, creio que de amor se alimentava e exalava. E estas coisas de amor não se explica, se ama e ponto. E foi assim, uma assinatura e um ponto final. De corpo orgânico e espiritual, me consagrei uma assinatura sócio-comercial, em nome do pai, do filho e do dízimo "santo".

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