Cessaram-se as palavras, instauraram-se os diálogos sonoros da pele, o corpo cantava suas sensações e o vulcão se refez dominante mais uma duas, três, quatro e tantas outras vezes! Houve fogo, houve lava. Houve mais uma vez encontro de pedras, como beijos entre placas tectônicas. Quando se há compatibilidade de gostos e generosidades para o encontro, se faz possível fluir leite de pedra e alimentar uma multidão de eunucos.
O enlace de Carolina e Ernesto fazia pedras chorarem suas dores. Uma catarse das hipócritas punições que o bem-comum suscitava em todos nós. Mas Carolina sabia ser arisca, uma égua indomável!
Entre montanhas e vales, Ernesto pediu um pouco de café. Ela sorriu e direcionou a garrafa de prata maciça que aos alcance de seus olhos depositava um café forte e preto passado em coador de pano na manhã do dia passado. Já eram quase quatro horas da manhã e já era outro dia.
Ernesto já se sentia em casa, já criticava os pratos sujos na pia e o uso de uma esponja só, para copos e panelas engorduradas. Era exatamente a personificação do que mais ela temia num homem: se achar o dono do pedaço. Como um cachorro em cruzo ele marcava o seu território. Em mijos de espermas.
Carol. Sim, Carol, já me considero íntimo dessa nobre que eu converso os esqueletos, eu conheço muito mais que suas carnes, mas seus ossos, nervos, e também o coração que insisto crer não ser de pedra. Ela não era como estas mulheres que pra tudo dizem sim. Não era ela serva do "não", era fiel das eventualidades da vida. Carol cultuava a si e suas tripolaridades femininas mensais e calmamente ela levantou, pegou suas vestimentas, mas não as vestiu, gostava de andar em casa tal como o mundo a concebeu, dizia que roupa suja se lava em casa, assim sendo sempre as mesmas estavam por lavar, se sentia honesta consigo mesmo e questionava o que tinha os homens em seu corpo para esconde-los e sacos de vestimentas. Ela pegou na bolsa que usara um cigarro e pôs-se a fumar e conversar seus sentimentos nas fumaças que dançavam no ar, revelando do que transitava em seu pulmão cheio de lacunas e terríveis vazios. Irritado como já se mostrava ele recriminou. Por que fumar depois de tão profundo momento de prazer? Dizia isto, pois sabia que se a perguntasse se ela fuma por que gosta, ela diria que sentia prazer. Todos dizem isto, o prazer do gosto quente nos lábios e o charme do cigarro entre os dedos. No entanto ela disse: -Fumo um cigarro todas as vezes que transo, assim encontro no gosto deste mato queimando o mesmo do primeiro beijo que dei na vida e a primeira vez que me senti mulher, ainda sendo menina. Procuro no gosto do cigarro o hálito de minha inocência e virgindade. Com você eu transo, mas no cigarro, eu amo.
Ernesto sentiu o café descer mais amargo do que no primeiro gole parecia ser. Sentiu as salivas descerem quadradas, pesadas, mas permaneceu calado e tentou um beijo dá-la, mas esta... Ah, como eu disse, esta é como um animal arisco.
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