sexta-feira, 25 de julho de 2025

TAPEÇARIA DE SAUDADES

quatro travesseiros ocupam teu lugar na cama
e ainda sobra espaço na alma
aquele riso que acalma
tua presença boba

tuas palavras: erosão do peito 
nos meus olhos mora um Paraíba inteiro
sem a beleza ímpar 
que distrai a natureza 

conversas tolas, vida boa
você navega no rio de minha lágrima 
atravessa a rua, me ignora 
você é a ausência presente na varanda 
e a samambaia amarela já está 

tantos silêncios folheado de saudades 
tantos Djavans calados em frias noites 
encontros em confrontos de culpabilidade 
hoje te vi e no coração o sorriso foi açoite 
na perna uma orquestra afinou os sopros
eu perdi o ar, o tom, o tempo
no olhar o disfarce se desfez
uma solidão em calçada cheia
um perdão para cada negar

não sei, mas talvez amor não seja pra amar
uma tapeçaria de saudades
fiada por fios de inverdades

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