Na primeira defesa, ninguém me assistiu.
É Paulo quem diz. Mas poderia ser eu. Poderia ser você.
Mas ninguém veio.
E como dói quando a ausência vem justo de quem prometeu permanecer.
E é aqui que tudo muda.
A solidão não teve a última palavra, porque a fidelidade de Deus falou mais alto.
E a mim, essa passagem diz tanto.
Porque somos frágeis.
Somos carne tentando não morrer em si mesma.
Somos pequenos esperando amor em forma de cuidado, um olhar, empatia.
Paulo não romantiza o abandono.
Ele nomeia: "todos me deixaram".
Mas também testemunha o livramento:
"fiquei livre da boca do leão."
E não precisa ser literal.
A boca do leão pode ser o medo que mastiga por dentro, a dúvida que rosna nas madrugadas, ou a vaidade dos que se dizem "irmãos" e viram o rosto.
O leão pode ser o sistema. Pode ser o ego. Pode ser o grito engolido, atravessadamente sufocado na garganta.
Mas o livramento vem. Sempre vem.
E não é sobre escapar ileso.
É sobre sair de pé — mesmo com cicatrizes.
E nessa travessia, me recordo do Salmista que dizia:
"O Senhor cuida de nós."
Não como quem promete uma vida sem tropeços,
mas como quem se senta ao nosso lado no escuro
e diz baixinho: “Não temas. Eu estou aqui.”
E talvez você precise ouvir isso hoje.
No meio dessa semana possivelmente turva que se inicia, fdessa geração aflita, desse corre que sufoca.
Talvez você esteja sentindo o abandono de quem deveria te defender. Mas Deus — esse Deus que não se retrai diante da nossa fragilidade — ainda assiste. Ainda fortalece. Ainda livra.
Ele não está buscando supercrentes, mas corações disponíveis e quebrantados pra serem refeitos todos os dias.
E que milagre é esse: estarmos vivos. Ainda com perguntas. Ainda com saudade. Mas com fé suficiente pra recomeçar. Todo dia há uma porção nossa da misericórdia, zelo, compaixão, renovada para cada um de nós. Isso prova que a cada manhã se inicia uma jornada nova e Deus é contigo.Essa crônica não é sobre religiosidade. É sobre o milagre que é continuar. Sobre a graça que nos encontra quando ninguém mais aparece.
Sobre o Pai que não se atrasa, mesmo quando parece calado.
Que essa semana seja um suspiro de paz.
E que, como Paulo, a gente descubra — mesmo que sozinho — que nunca esteve só.
A vida para. Tampouco Deus te desampara?
Nenhum comentário:
Postar um comentário