sexta-feira, 27 de junho de 2025

RUPTURA

quem me dera ao menos uma vez
entre a legião urbana sentir o ar
penetrar humanamente meu revés

deitar acolhido no bisturi suave do teu abraço
escuto a queda lenta de um prego enferrujado
tentar chorar de tristeza ou alegria
desmantelar os erros que faço

a solidão interrompida por tuas lembranças
eu perfuro as paredes do quarto
na procura de tua voz
no travesseiro não mora mais o teu peso
onde o quase choro é poesia

sou tantos quases que me faço nunca

espelho em frangalhos
máscaras distorcem no calor do fondue
e tuas lembranças me colonizam
numa opressão que ainda se reinventa

somos disfarces
faces desalinhadas com o sentir
o teu mantra hipnótico de me possuir
sem ao menos querer saciar
esse maldito vício da saudade
uma essência perdida, um adeus sem partir
pois é canção que nunca se compôs

quem me dera ao menos outra vez
diluir o adeus que em looping me incompleta



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