sábado, 2 de junho de 2012

O teu jeito de ser irônica me machuca

Eu caminhava pela praia avulso de todos os amigos que riam, gargalhavam e num esforço inútil treinava depositar nas marcas que meus tênis dourado, tão brilhante como o sol que já ameaçara rasgar a noite com os seus primeiros raios, produzia nas areias o peso de descontentamentos que se aconchegava em meu peito. Me despi, corri e me lancei no mar de águas frias e me embriaguei de teu sal, na tentativa de temperar e conservar os sentimentos que supria por você. Reconheci teu gosto no frio das águas e a abracei.
Tão coerente ao teu carinho por mim o mar me cuspia de volta a areia em suas ondas furiosas. Rejeição. Ilusão. Fogo e um cigarro acesso. Traguei a minha dor para dentro de minhas cordas vocais sem vibrá-las e calei de todos a trilha sonora que musicalizava meu fim de festa. Dor incolor. Dor inodora. Dor insípida com gosto de vazio, o vazio que a fumaça do cigarro não preencheu. Meus pensamentos preenchidos de tua presença se contrastava com os meu pulmões que se enchiam de nicotinas e visões dele que compartilhava o respirar de teu ar inundado do gosto da cevada em tua saliva.
Irônico o jeito o qual ministramos cumplicidade um ao outro. O teu jeito delicado e dedicado de ser irônica me machuca. Os risos que nossas vidas produzem de nós me produz células cancerígenas em meu miocárdio e elas se revelam nas lágrimas que não choro. Sangro. 

Um comentário:

  1. é o efeito que causa o final de festa (com eles). é a inspiração da noite perto de risos que abafam de leve a preocupação alheia. é fácil senti-la, não é?
    estou mais que acostumada.
    bem vindo a nostalgia de uma coisa que te faz mal e ao mesmo tempo te deixa mais vivo.

    parabéns pelo texto.

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