quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cavalgadas do cavalo do príncipe desencantado (continuação I)

Mas não poderia ser eterno o silêncio de Brigitte e em treze minutos e meio passados as lágrimas começaram a cair. Eram chacoalhadas pelos gemidos que ela incontrolavelmente produzia em compasso ritmado ao seu coração. Era um choro de raiva, arrependimento, de fúria. Um choro de vinte e cinco segundos. Brigitte parou pra ouvir sua razão e esta clamava por um cessar de dor. Mas aquela noite não poderia ser de silêncio e então suas entranhas o grito produziu.
Conrad não fora apenas um grande amor, foi o único amor que tivera. - Na vida só há espaço para um único amor... - Assim sempre gritou Brigitte aos quatros ventos. – e Conrad será o meu eterno. Mesmo que não me ame com o tempo, será à ele que prestarei o meu coração.
Ela sabia que ele não veria perder as suavidade da juventude. Conrad era bom homem, mas não tinha o dom de contemplar a alma e estas coisas não se ensina ou aprendem, são dons dos deuses. E o seu dom era de apenas ser belo.
Brigitte viveu para chorar sua dor. Choro brotou de seus olhos até secarem o sangue. Conta-se no arraiá que são suas lágrimas que dão nascente ao rio da Dor. É por tua causa que ele leva este nome. Mas também mamãe conta que são por conta de muitas pessoas que já morreram ali, causando muita dor e sofrimento para a família e para as noivas, pois geralemente são rapazas belos, fortes e noivos à espera do casamento.
Brigitte morreu descunjurando deus. Culpava-o de sua moléstia. Se gabava de ter sidoentreas virgens a mais nobre mulher. E conta-se realmente que foi uma grande dona-do-lar, mas nunca a mulher que atraíra Conrad, este tinha entre tuas bases o fogo do inferno que consome sem parar a vida. Tinha o orgulho de ser guapo e a arrogância de ser o mais forte entre todos homens no campo. Era o melhor jóquei da região, era cavalo de raça, de procriação, era pra ser de todas e não ser de ninguém. Brigitte sabia disto, mas confiou no que chamava orgulhosa de amor.
Em sua morte foram estas as suas palavras – à ti, deus, eu amaldiçoo o nome. Maldito seja o teu nome entre a terra. Fui dentre as mulheres a mais doce e foi de fel que pincelasse os meus lábios. Maldito seja o teu nome.
As mulheres mais velhas do vale contam que foi neste dia que ela secou até os ossos se dissolverem em pó e então uma turva água começou a fluir de sua casa, dando origem ao que hoje chamamos de rio da Dor.
Brigitte morreu por amor, mas foi de amor que viveu sua vida, e de dor que restaram sua herança.
Brigitte não chorou, mas quando o fez rio de água de morte fluiram de si.

(CONTINUA)

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