Ele chegou manso, calmo, delicado. Um gentil cavalheiro revelado entre lindos olhos verdes que iluminavam uma torre de 1,90m de puro morenos músculos e torneiros. Os seus cabelos eram tão negros quanto à cor que tingia o meu mundo que parava apenas só para ver o seu riso branco esboçado em carnudos e rosados lábios para mim. Quem não apaixonaria? Eu amei!
O homem que amei tinha a calorosidade de tocar o meu corpo frágil e imprimir em seus apertos as marcas de meus pelos que avolumavam erupções vulcânicas em suas digitais. Aqueles toques me tocavam a alma em melodia de qualquer pop sensual. Eu perdia o meu ar. Eu perdia o meu tino. Eu perdia os meus achados de uma vida inteira que se representava insignificante ante si. Foi a primeira vez que eu morri! Morri em mortes pequenas, cada vez que parte de seu corpo penetrou as cavernas de minhas escuridões e medos que ofuscavam o desejo. Morri em morte pequenas, todas as vezes que parte de seu corpo endurecido por sua certeza de vontade revelou o seu inteiro que habitava em mim todos os dias. Morri em pequenas mortes ao som de grandes gemidos de dor e alegria. Morri e sepultei a mulher que nunca fui, mas abrigo encontrava em mim.
O homem que amei me beijava a boca como quem se lambuza de manga madura e doce, manga espada, suculenta, tropical! Foi nele que descobri o prazer do beijo, o encontro que se ansiava entre um oceano e outro e eu salivava ao cheiro de sua pele e suor que me comunicava fogo. Cheiro de homem! Cheiro de macho. E ele dizia me amar. Como renunciar tanto amor? Eu me entreguei!
Ele sabia a maneira simples e colossal de franzir os lados esquerdo e direito das extremidades de meus olhos, sabia corar minhas maças, sabia atropelar as minhas palavras ou mesmo silenciá-las. Ele sabia me saber e quando já me tinha como um livro lido e relido obrigatoriamente, o homem que amei deixou de me amar. Ele amou a sua torre e cerrou as suas portas pra mim. O farol que resplandecia em seus olhos se avermelhavam em mil pavor. Ele não já me possuía como antes, pois já exibia irônico a posse de mim. Ele de desapossou de meu amor, de minha paz, de minhas alegrias. O homem que amei me conjugou no passado. No pretérito perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito. Ele se aperfeiçoou de mim e eu perdi a graça de ser graciosa e desejada. E de graça me lancei aos teus braços a procura do mesmo abraço que outrora me aqueceu e os mesmos congelaram ainda mais o meu peito. Que aperto me gargalhou. Os seus lábios não sorriam pra mim nem pronunciava com mel o meu nome. Os seus lábios não mais me saboreava ou consumia. O rio secou. A sede inundou. E a morte nasceu. Eu me suicidei!
"Não perca amanhã... o terceiro capítulo de nossa série em conto: "O Homem que amei e não amei"
"Não perca amanhã... o terceiro capítulo de nossa série em conto: "O Homem que amei e não amei"
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